Uma mudança estrutural vem redesenhando o financiamento imobiliário no Brasil. Antes baseado principalmente nos recursos da poupança, o crédito imobiliário agora enfrenta um cenário de retração nos depósitos e maior seletividade dos bancos. Diante desse quadro, o mercado de capitais tem ganhado protagonismo como alternativa de fonte de financiamento para incorporadoras.

De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o volume financeiro do mercado de capitais cresceu 8,1% nos últimos seis meses, avançando de R$ 15,3 trilhões para R$ 16,6 trilhões. No mesmo período, o setor imobiliário registrou alta de 5%, enquanto os Fundos Imobiliários (FIIs) avançaram 4,3%.

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Gestoras e fundos imobiliários se movimentam para atender essa demanda, especialmente em projetos residenciais de médio e alto padrão nas regiões mais valorizadas de São Paulo.

A tendência foi destacada em reportagem de Vinicius Alves, publicada no InfoMoney.

“A sangria da poupança deve continuar”, avalia especialista

Para Rafael Bellas, diretor de alocação na InvestSmart, a fuga de recursos da poupança representa um movimento defensivo dos investidores em busca de rentabilidade real positiva.

“Enquanto a Selic permanecer em dois dígitos, a sangria da poupança deve continuar, pressionando ainda mais o funding imobiliário tradicional. A dependência histórica do setor em relação à poupança expôs uma vulnerabilidade que o mercado de capitais agora busca solucionar”, explica.

Financiamento imobiliário: novas exigências para incorporadoras

Segundo Bellas, a transição para o mercado de capitais implica em uma reprecificação do risco no setor imobiliário.

“As incorporadoras agora precisam convencer gestores e investidores qualificados da viabilidade de seus projetos, o que exige maior transparência, governança e garantias robustas. O custo desse funding, embora mais caro, traz consigo uma disciplina de mercado que pode resultar em projetos mais resilientes e bem estruturados a longo prazo”, avalia.

A “Faria Limização” do mercado imobiliário

O especialista destaca que o setor vive um processo de sofisticação semelhante ao que ocorreu em outros segmentos da economia.

“Estamos testemunhando a ‘Faria Limização’ do mercado imobiliário. A sofisticação financeira que já era comum em outros setores agora se torna indispensável para a construção civil. A tendência é de um mercado mais eficiente, com melhor alocação de capital, mas também mais competitivo e com uma ‘barra de entrada’ mais alta para as incorporadoras.

Para o consumidor e o investidor, a chave será entender essa nova dinâmica para tomar decisões mais informadas”, conclui Bellas.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.