CVM lança novas regras para Fiagros e introduz modalidade multimercado em meio a crise no setor agroindustrial
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou os fundos de investimento nas cadeias agroindustriais (Fiagros), criando uma nova modalidade multimercado que permitirá maior diversificação de ativos. Com essa mudança, os Fiagros poderão investir em Cédulas de Produto Rural, imóveis rurais e créditos de carbono, entre outros.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a regulamentação dos fundos de investimento nas cadeias agroindustriais, conhecidos como Fiagros, que agora poderão operar em uma nova modalidade multimercado. Essa mudança representa uma evolução significativa no setor, permitindo que os fundos ampliem suas estratégias de investimento em um momento crítico para a agroindústria brasileira. As novas regras entram em vigor em 3 de março de 2025, com um prazo de adaptação para os fundos existentes até 30 de setembro de 2025.
brasileiro, que desempenha um papel crucial na economia do país. Até então, os Fiagros estavam restritos a três tipos de ativos: fundos de investimento imobiliários (FIIs), fundos de investimento em participações (FIPs) e fundos de investimento em direito creditório (FIDCs). Com a nova regulamentação, os fundos terão maior liberdade para diversificar suas carteiras, permitindo operações com Cédulas de Produto Rural (CPRs) e exploração de imóveis rurais. Essa flexibilidade é crucial em um contexto onde a inovação e a adaptação são fundamentais para o sucesso no setor.
A introdução da modalidade multimercado permite que os Fiagros busquem uma maior exposição a diferentes fatores de risco. De acordo com Bruno Gomes, Superintendente de Securitização e Agronegócio da CVM, essa nova abordagem permitirá que os fundos desenvolvam estratégias mais abrangentes, alinhadas às necessidades do agronegócio. Além disso, os Fiagros poderão investir em créditos de carbono e em créditos de descarbonização (CBIO), produtos que vêm ganhando destaque no mercado. Isso não só diversifica as oportunidades de investimento, mas também alinha os fundos a práticas sustentáveis, que são cada vez mais valorizadas por investidores e consumidores.
A nova norma da CVM chega em um momento delicado para o setor agroindustrial. A crise que se instalou devido a pedidos de recuperação judicial de empresas como AgroGalaxy e Portal Agro resultou em uma queda significativa nas cotas de diversos fundos. Essa aversão ao risco tem afetado a confiança dos investidores, tornando as inovações na regulamentação ainda mais necessárias. As novas regras visam não apenas revitalizar o interesse pelos Fiagros, mas também oferecer uma estrutura que favoreça a recuperação e o crescimento sustentável do setor.
Embora a regulamentação traga novas oportunidades, a CVM destaca que os investidores devem estar cientes dos riscos associados, especialmente no que diz respeito aos créditos de carbono. O mercado de créditos de carbono ainda apresenta incertezas extramercado, exigindo que a CVM implemente requisitos adicionais de governança para proteger os cotistas. Essas medidas visam garantir uma maior transparência e segurança nas operações, fundamentais para atrair investidores e fomentar um ambiente de negócios mais saudável.
Com a nova regulamentação, o patrimônio líquido dos Fiagros, que já alcançou aproximadamente R$ 37 bilhões, distribuídos entre 115 fundos, tem potencial para crescer ainda mais. A participação de 12 fundos que já contam com mais de 15 mil cotistas demonstra um interesse crescente no setor. À medida que mais investidores reconhecem o potencial do agronegócio e as oportunidades proporcionadas pelos Fiagros, espera-se que a regulamentação da CVM impulsione ainda mais a captação de recursos para o setor.