Fernando Haddad lança green bonds em Nova York
Nesta segunda-feira (18), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em Nova York uma iniciativa marcante: os “Títulos Soberanos Sustentáveis”, também conhecidos como green bonds ou “títulos verdes”. Esses títulos destinam-se a financiar projetos de sustentabilidade no Brasil, com o objetivo de promover ganhos tanto em produtividade quanto em aspectos ambientais. A expectativa é que, […]

Nesta segunda-feira (18), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em Nova York uma iniciativa marcante: os “Títulos Soberanos Sustentáveis”, também conhecidos como green bonds ou “títulos verdes”. Esses títulos destinam-se a financiar projetos de sustentabilidade no Brasil, com o objetivo de promover ganhos tanto em produtividade quanto em aspectos ambientais.
A expectativa é que, até meados de novembro, a emissão soberana desses títulos arrecade aproximadamente US$ 2 bilhões. A operação conta com a assessoria dos bancos JPMorgan, Santander e Itaú Unibanco e foi apresentada a mais de 60 fundos internacionais em um roadshow.
Equilíbrio entre sustentabilidade e retorno financeiro
Os green bonds representam uma abordagem inovadora que busca harmonizar preocupações com a sustentabilidade e retorno financeiro. Ana Laura Magalhães, especialista em investimentos, destaca que grandes investidores atualmente exigem que seus investimentos estejam alinhados com os princípios ESG (Governança Socioambiental, na sigla em inglês) e evitam projetos que prejudiquem qualquer um desses aspectos.
Dados do Bank of America (BofA) revelam que os fundos globais ESG captaram US$ 21 bilhões nos primeiros sete meses de 2023, aproximadamente o mesmo valor arrecadado durante todo o ano anterior, que totalizou US$ 22 bilhões. No mercado emergente, os fundos de títulos ESG receberam entradas significativamente menores, com apenas US$ 817 milhões de janeiro a julho deste ano. Os fundos não ESG, por outro lado, registraram uma saída de US$ 438 milhões. Segundo o BofA, até o final de junho, 6,4% dos fundos de mercados emergentes investiam em obrigações ESG.
O papel dos Green Bonds no panorama brasileiro
Apesar de o Brasil já contar com uma ampla gama de títulos públicos soberanos, como os vinculados à inflação (NTN-B) ou à taxa Selic (LFT), a oferta de investimentos verdes era uma das principais lacunas a serem preenchidas. Isso ocorre em meio à crescente popularidade de títulos temáticos em todo o mundo.
Denny Thame, pesquisadora do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), enfatiza a importância da racionalidade por trás desses investimentos sustentáveis. Ela argumenta que, no longo prazo, investimentos que não são sustentáveis se tornam ativos degradados.
O Ministério da Fazenda observa que a emissão de títulos soberanos verdes, sustentáveis e sociais é atraente porque permite que os investidores apoiem projetos produtivos, como os relacionados ao hidrogênio verde. O Ministro Haddad destaca a importância de o Brasil indicar onde deseja investir para obter o melhor retorno.
Com a emissão de green bonds, o governo brasileiro estabelece a responsabilidade de usar esses investimentos de maneira responsável. Esses títulos têm obrigações sociais e ambientais vinculadas a eles, o que proporciona maior segurança aos investidores de que os recursos captados serão direcionados para projetos sustentáveis.
Demanda crescente
A questão ESG tem ganhado destaque no mercado financeiro, especialmente após a disseminação da COVID-19. Ana Laura Magalhães enfatiza que a pandemia aumentou o foco nos investimentos que consideram não apenas o retorno financeiro, mas também os impactos positivos no meio ambiente e na sociedade.