Ex-CEO das Lojas Americanas, Miguel Gutierrez, é preso em Madri
O ex-CEO das Lojas Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri pela Polícia Federal, como parte da Operação Disclosure, que investiga supostas fraudes contábeis de até R$ 25,3 bilhões. A informação foi divulgada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. Mandados de prisão foram expedidos contra Miguel Gutierrez e Anna […]

O ex-CEO das Lojas Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri pela Polícia Federal, como parte da Operação Disclosure, que investiga supostas fraudes contábeis de até R$ 25,3 bilhões. A informação foi divulgada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Mandados de prisão foram expedidos contra Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, uma das diretoras da empresa, que está foragida. Gutierrez, que tem cidadania espanhola, vive na Espanha desde o escândalo das Americanas, em janeiro de 2023.
Após não ser encontrado pela Polícia Federal na última quinta-feira (27) durante uma operação em sua casa no Leblon, seu nome foi incluído na lista de Difusão Vermelha da Interpol. Ele foi preso pela polícia local em Madri, onde vivia há cerca de um ano.
O Ministério Público Federal (MPF) apurou que Gutierrez acompanhava e participava das fraudes nos balanços da empresa, “desde o seu planejamento até a publicação dos resultados”. E-mails, mensagens e delações dos ex-executivos Marcelo Nunes e Flávia Carneiro explicaram o funcionamento do esquema, levando ao pedido de prisão.
Ainda não há detalhes sobre a extradição de Gutierrez para o Brasil ou se ele permanecerá preso na Espanha, uma vez que o país não extradita seus próprios cidadãos.
Operação Disclosure
A Polícia Federal deflagrou a Operação Disclosure, no dia de ontem (27), visando esclarecer a suposta participação de ex-executivos da Americanas em fraudes contábeis que totalizam R$ 25,3 bilhões.
Logo, os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Além dos pedidos de prisão e 15 mandados de busca e apreensão, a Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores desses ex-diretores, somando mais de meio bilhão de reais. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as prisões não foram cumpridas porque os suspeitos estão fora do país.
O MPF informou que a operação é fruto de uma investigação iniciada em janeiro de 2023, após a empresa comunicar ao mercado a existência de inúmeras inconsistências contábeis e um rombo patrimonial estimado inicialmente em R$ 20 bilhões. Pouco tempo depois, a atual diretoria da empresa procurou o MPF e colaborou com as investigações.
Sobre a apuração das autoridades
Vale ressaltar que a apuração das autoridades revelou que a varejista praticava operações de risco sacado, nas quais antecipava o pagamento a fornecedores por meio de empréstimos junto aos bancos.
Além disso, a Polícia Federal identificou fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), incentivos comerciais frequentemente usados no setor. No entanto, nesse caso, foram contabilizadas VPCs que nunca existiram.
Sobre Miguel Gutierrez
Nascido em 1961, o ex-executivo Miguel Gutierrez possui dupla cidadania brasileira e espanhola. Ele formou-se em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Além disso, completou um programa de formação de líderes nos Estados Unidos.
Gutierrez começou sua carreira na Americanas em 1993, sob a presidência de Carlos Alberto Sicupira, um dos acionistas de referência e integrante do famoso trio de bilionários ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles.
Dez após seu ingresso na empresa, Gutierrez assumiu a presidência da Americanas, permanecendo no cargo até dezembro de 2022, quando renunciou. Durante seus 20 anos no comando, Gutierrez fez poucas aparições públicas.
Sergio Rial, com uma carreira consolidada no banco Santander, sucedeu Gutierrez. No entanto, Rial permaneceu no cargo por apenas nove dias, pedindo demissão após descobrir fraudes contábeis nos balanços corporativos do grupo.