Contas públicas registram déficit de bilhões em maio e dívida sobe a 76,1% do PIB
Em maio de 2025, as contas públicas brasileiras registraram um déficit primário de R$ 33,7 bilhões, mesmo com alta na arrecadação e queda nas despesas.
Contas públicas registram déficit de bilhões em maio e dívida sobe a 76,1% do PIB
As contas públicas brasileiras encerraram o mês de maio com um déficit primário de R$ 33,7 bilhões, conforme divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (30). O resultado representa a diferença entre receitas e despesas do setor público consolidado — que inclui governo federal, estados, municípios e estatais —, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida.
O número mostra uma melhora expressiva em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo foi de R$ 63,9 bilhões. Ainda assim, o déficit de maio de 2025 indica que os esforços do governo para equilibrar as contas enfrentam obstáculos importantes, mesmo com um cenário favorável de arrecadação.
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Arrecadação federal avança, mas resultado fiscal ainda é negativo
Apesar do desempenho negativo das contas públicas em maio, houve fatores que amenizaram o impacto do déficit. A receita líquida do governo federal, descontadas as transferências a estados e municípios, alcançou R$ 178,8 bilhões, um crescimento real de 2,8% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esse avanço foi impulsionado por recordes na arrecadação tributária, refletindo uma recuperação moderada da atividade econômica.
Paralelamente, as despesas totais somaram R$ 219,4 bilhões, com uma redução real de 7,6%. Essa combinação — maior arrecadação e contenção de gastos — contribuiu para evitar um rombo ainda maior nas contas públicas.
No entanto, o resultado foi influenciado por fatores sazonais e estruturais. De acordo com o Tesouro Nacional, o cronograma de pagamentos de precatórios (dívidas judiciais da União) foi mais concentrado no início de 2024. Já em 2025, esses desembolsos vêm ocorrendo de forma mais diluída, o que ajuda a melhorar temporariamente o desempenho fiscal acumulado.
Dívida pública sobe para 76,1% do PIB e preocupa analistas
Enquanto o déficit primário mede apenas a diferença entre receitas e despesas correntes, o resultado nominal incorpora o custo com os juros da dívida. Em maio, esse resultado foi ainda mais preocupante: R$ 125,9 bilhões negativos.
Nos 12 meses encerrados em maio, o déficit nominal somou impressionantes R$ 922 bilhões, o equivalente a 7,58% do Produto Interno Bruto (PIB). Somente os juros nominais pagos nesse período totalizaram R$ 946 bilhões, ou 7,8% do PIB, segundo o Banco Central.
Como consequência, a dívida pública brasileira continuou em trajetória ascendente. Em maio, o endividamento chegou a R$ 9,26 trilhões, equivalente a 76,1% do PIB pelo critério utilizado pelo governo brasileiro. Já na métrica do Fundo Monetário Internacional (FMI), que inclui os títulos na carteira do Banco Central, o índice salta para 88,4% do PIB — patamar próximo ao de países desenvolvidos e distante da média de nações emergentes.
Especialistas consultados alertam que, sem um ajuste fiscal estrutural e mais duradouro, o país pode enfrentar elevações na taxa de juros de mercado e piora nas avaliações de agências de risco, comprometendo o crescimento sustentável da economia.
Resultado no acumulado do ano é positivo, mas depende de fatores temporários
Apesar do déficit de maio, o acumulado dos cinco primeiros meses de 2025 ainda mostra um superávit primário de R$ 69,12 bilhões, ou 1,35% do PIB. Esse desempenho representa uma melhora significativa em comparação ao mesmo período de 2024, quando houve um déficit de R$ 2,6 bilhões.
O governo federal, isoladamente, teve um saldo positivo de R$ 31,2 bilhões até maio, revertendo o déficit de R$ 30,4 bilhões registrado no ano anterior. A principal explicação para essa recuperação está na mudança no calendário de pagamento dos precatórios.
No entanto, a sustentabilidade desse resultado positivo é questionável, já que parte do desempenho depende da adiamento ou diluição de despesas obrigatórias, o que pode não se repetir nos próximos meses.
Meta fiscal e regras do arcabouço desafiam equilíbrio das contas públicas
Para 2025, a meta do governo é zerar o déficit primário, conforme estabelecido no novo arcabouço fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos. Contudo, a própria regra permite uma margem de tolerância de até 0,25% do PIB de déficit — cerca de R$ 31 bilhões — sem que a meta seja considerada descumprida.
Além disso, o governo pode excluir da meta fiscal R$ 44,1 bilhões em precatórios, o que ajuda a “aliviar” o resultado primário de forma contábil.
As regras do novo arcabouço impõem que a despesa pública cresça no máximo 70% da variação real da receita, com um limite de 2,5% ao ano de aumento real. No entanto, diversos economistas apontam que, sem cortes mais profundos em gastos obrigatórios, será difícil manter esse compromisso no médio prazo.