A próxima semana será decisiva para os mercados financeiros, com as tão aguardadas decisões de juros nos Estados Unidos, no Brasil e na Zona do Euro. Esses eventos marcarão o rumo da política monetária global e terão um impacto direto nas economias dos três blocos. O destaque, porém, será a chamada “Super Quarta”, com a simultaneidade das reuniões do Federal Reserve (Fed), do Banco Central do Brasil e do Banco Central Europeu.

Decisões de juros nos EUA

Nos Estados Unidos, a expectativa é de que o Federal Reserve mantenha as taxas de juros inalteradas até junho deste ano. O mercado, no entanto, está atento à pressão política de Donald Trump, que declarou que exigirá cortes nas taxas após a esperada redução nos preços dos combustíveis. O presidente dos EUA tem se envolvido em negociações com a Arábia Saudita e a OPEP para aumentar a produção de petróleo, além de buscar alternativas para a redução de preços internos. A política de Trump visa, ainda, combater a inflação através da queda nos preços do petróleo e derivados.

Apesar da pressão de Trump, as projeções indicam que as taxas de juros nos EUA permanecerão em 5,25%, pelo menos até junho de 2025, conforme a ferramenta FedWatch do CME Group. Nesse contexto, o mercado espera uma maior estabilidade nas decisões do Fed, o que reflete uma postura cautelosa do banco central americano diante da recuperação econômica gradual e das tensões geopolíticas.

Brasil: expectativas de manutenção da taxa de juros e agenda de indicadores econômicos

No Brasil, a agenda econômica também promete ser intensa. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá na quarta-feira, 29 de janeiro, para decidir sobre a taxa Selic. A expectativa de analistas é de que a taxa permaneça em 13,75% ao ano, mantendo o ritmo de política monetária rígida adotado desde o ano passado.

Para os investidores, a manutenção da Selic em níveis elevados visa o controle da inflação, que tem mostrado sinais de desaceleração, mas ainda se mantém acima da meta do Banco Central. O resultado das decisões de juros terá impacto direto na confiança do consumidor, no crescimento do crédito e, claro, na atratividade do mercado de investimentos no Brasil.

Além da decisão de juros, a semana também será marcada pela divulgação de importantes indicadores econômicos. Na quinta-feira, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) trará os números sobre a geração de empregos no Brasil, um reflexo do desempenho do mercado de trabalho. A pesquisa da PNAD e os dados sobre a taxa de desemprego também deverão fornecer subsídios importantes para avaliar o impacto das políticas econômicas sobre o emprego formal no país.

Zona do Euro: novo corte nas taxas de juros antecipado

Em um cenário de desaceleração econômica, a Zona do Euro está projetando uma redução nas suas taxas de juros. O Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar a redução da taxa de juros para 2,75%, uma medida para tentar estimular a atividade econômica, que tem mostrado crescimento modesto. As projeções indicam uma queda do PIB trimestral de 0,4% para 0,1%, refletindo o ambiente desafiador para a recuperação econômica da região.

Além disso, os dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro, que serão divulgados na quinta-feira, deverão mostrar uma leve alta anual, mas uma queda na comparação trimestral. A decisão de política monetária será tomada em um contexto de inflação ainda em níveis elevados e uma recuperação econômica instável.

O que esperar da super quarta

A “Super Quarta” de 29 de janeiro será o ponto culminante desta semana de decisões de juros. O mercado estará atento às declarações do Fed, do Banco Central do Brasil e do BCE, que podem sinalizar os próximos passos na política monetária global. A interação entre as políticas econômicas dos EUA, Brasil e Zona do Euro pode ter repercussões no fluxo de capital entre os países, afetando as moedas e os investimentos internacionais.

Análise do impacto para os investidores

Para os investidores, o cenário de “Super Quarta” traz desafios e oportunidades. A decisão de juros nos EUA pode refletir a postura do Fed diante das pressões inflacionárias e das tensões globais. No Brasil, a manutenção da taxa de juros pode continuar a atrair investidores estrangeiros em busca de rendimentos elevados, embora a economia interna ainda enfrente desafios no mercado de trabalho e na recuperação do crescimento.

Por fim, a decisão do BCE também terá implicações para o mercado de câmbio, com o euro sendo um dos principais ativos a ser monitorado durante a semana. Os investidores devem estar preparados para possíveis flutuações nos mercados financeiros, dependendo das decisões tomadas pelos bancos centrais.

Agenda econômica da semana

A semana trará também uma série de indicadores econômicos importantes, que ajudarão a desenhar um panorama mais claro sobre o futuro das economias dos três blocos:

Domingo – 26 de janeiro
22h30ChinaLucros industriais
22h30ChinaPMI Composto
22h30ChinaPMI Industrial
22h30ChinaPMI Não-industrial
2ª – 27 de janeiro
5hBrasilFIPE: IPC
8h25BrasilRelatório Focus
8h
Brasil
Confiança do consumidor
8h30
Brasil
Taxa de inadimplência
8h30
Brasil
Saldo de crédito
15hBrasilBalança comercial
3ª – 28 de janeiro
10h30EUAEncomenda de bens duráveis
12hEUAConfiança do consumidor
4ª – 29 de janeiro
10h30EUABalança comercial
10h30EUAEstoques no atacado
16hEUADecisão de política monetária
18h30Brasil
Decisão de política monetária
5ª – 30 de janeiro
7hZona do EuroPIB
8hBrasilIGP-M
10h30EUAAuxílio desemprego
10h15
Zona do Euro
Decisão de política monetária
10h30EUAPIB
10h30EUAPCE
14hBrasilCaged
6ª – 31 de janeiro
9hBrasilPNAD
9hBrasilIPCA-15
10h30EUADeflator do PCE
Sem data definida
BrasilReceita Federal: Arrecadação de impostos e contribuições (dez)