A confiança do consumidor brasileiro, particularmente no setor de serviços, registrou uma queda expressiva no mês de janeiro, atingindo o nível mais baixo desde maio de 2021. O Índice de Confiança de Serviços (ICS) sofreu uma redução de 2,5 pontos, indo para 91,8 pontos. Este é o terceiro mês consecutivo de declínio do indicador, o que sugere um cenário de pessimismo entre os empresários do setor. Este resultado traz preocupações sobre o desempenho do setor de serviços nos próximos meses.

Queda na confiança: o que isso significa para o setor de serviços?

Em janeiro, o setor de serviços brasileiro passou a enfrentar um cenário mais desafiador. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu para 91,8 pontos, o mais baixo desde maio de 2021. A diminuição de 2,5 pontos reflete um enfraquecimento generalizado na confiança do setor, marcando a terceira queda consecutiva do índice.

Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE, comentou que o declínio nos índices de confiança indica uma perspectiva de retração para o setor de serviços. “A piora da confiança está refletida pela queda tanto na situação presente quanto nas expectativas futuras, com uma percepção negativa sobre a demanda nos próximos meses”, afirmou Pacini. Esse cenário de pessimismo pode impactar o crescimento do setor em 2025, principalmente em um contexto econômico ainda instável.

Queda dos indicadores de situação atual e expectativas

O Índice de Situação Atual (ISA-S), que mede a percepção sobre o momento presente, caiu 2,6 pontos em janeiro, alcançando 94,7 pontos. Isso indica que os empresários estão avaliando negativamente a realidade atual do setor de serviços. Da mesma forma, o Índice de Expectativas (IE-S), que reflete as perspectivas para os próximos meses, também teve uma redução significativa de 2,6 pontos, caindo para 89,0 pontos. Este recuo nos dois índices revela uma postura mais cautelosa dos empresários, com expectativas pessimistas sobre o futuro próximo.

Setores que mostram resistência

Apesar da queda geral nos índices de confiança, alguns setores apresentaram resultados positivos. Um exemplo é o segmento de serviços prestados às famílias, que registrou um aumento de confiança. Este setor tem mostrado resiliência, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, e pode ser um dos pilares para a recuperação da confiança no futuro próximo.

O desempenho positivo deste segmento pode estar relacionado ao aumento da renda e do emprego, que têm proporcionado uma maior demanda por determinados serviços, como cuidados pessoais, educação e lazer. A presença de fatores como a melhoria nos resultados de emprego pode impulsionar a recuperação da confiança em áreas específicas do setor de serviços.

A influência das taxas de juros e a incerta perspectiva econômica

Entretanto, os desafios permanecem. A taxa de juros alta, combinada com a incerteza no cenário macroeconômico, pode limitar o crescimento do setor. Recentemente, o Banco Central do Brasil aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, elevando-a para 13,25% ao ano. A decisão foi tomada na reunião de janeiro, e o BC já indicou que a expectativa é de mais um aumento da mesma magnitude na próxima reunião, em março.

Essa alta nas taxas de juros tem um impacto direto sobre a demanda por serviços, uma vez que os custos de financiamento se tornam mais altos para os consumidores e empresários. Isso pode restringir a capacidade de expansão de serviços, além de tornar o crédito mais caro, prejudicando a recuperação econômica do setor.

O impacto das taxas de juros elevadas na demanda por serviços

As taxas de juros elevadas afetam diretamente a capacidade de consumo das famílias e a disposição das empresas em investir. Quando o custo do crédito aumenta, tanto consumidores quanto empresários tendem a adiar suas compras e investimentos, o que resulta em uma queda na demanda por serviços. A falta de previsibilidade sobre a continuidade dessa alta de juros também contribui para a instabilidade no mercado, dificultando o planejamento de longo prazo para o setor de serviços.

Além disso, o cenário político e econômico ainda apresenta incertezas que influenciam diretamente as expectativas dos empresários. O elevado nível de confiança nas famílias, impulsionado pelos resultados positivos de emprego e renda, pode ser diluído caso o cenário macroeconômico permaneça adverso ao longo do ano.