Após três meses de queda a confiança do consumidor tem pequena recuperação
Após três quedas consecutivas, a confiança do consumidor brasileiro subiu em março, com o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrando uma leve alta de 0,7 ponto.

Após três meses consecutivos de retração, a confiança do consumidor brasileiro teve uma leve recuperação em março, interrompendo a sequência negativa dos meses anteriores. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 0,7 ponto, atingindo 84,3 pontos. A leve alta foi influenciada por uma melhora na percepção da situação econômica atual, especialmente entre os consumidores de maior renda.
Aumento da confiança do consumidor em março
Os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 1,6 ponto, alcançando 81,0 pontos em março. Esse crescimento é um reflexo de uma leve melhora nas avaliações sobre a situação econômica local e as finanças das famílias. No entanto, apesar da recuperação, o índice ainda se mantém na zona pessimista, o que indica que os consumidores não esperam uma recuperação robusta a curto prazo.
A economista Anna Carolina Gouveia, do FGV IBRE, destacou que “a alta moderada da confiança do consumidor, em março, reflete uma calibragem do indicador, que permanece na região pessimista”. Gouveia ressaltou que a recuperação foi mais notável entre os consumidores da maior faixa de renda, enquanto os demais segmentos continuaram a apresentar um quadro de confiança deteriorada. Esse cenário está diretamente relacionado à alta inflação de alimentos e à elevação dos juros, fatores que continuam a afetar negativamente a saúde financeira das famílias brasileiras.
Os fatores por trás da recuperação parcial da confiança
A confiança do consumidor brasileiro voltou a subir de forma modesta, mas ainda reflete um cenário econômico desafiador. Entre os fatores que impulsionaram a recuperação está a melhoria nas percepções sobre a situação econômica atual e a situação financeira das famílias. O aumento de 2,4 pontos no índice que mede a percepção das finanças pessoais foi um dos principais responsáveis pela leve recuperação da confiança. Esse indicador subiu para 71,2 pontos, embora ainda permaneça distante dos níveis que indicam otimismo.
Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE), que mede a confiança do consumidor em relação ao futuro, teve um aumento mais tímido de 0,1 ponto, indo para 87,4 pontos. Entre as expectativas futuras, destacaram-se os indicadores sobre a situação econômica futura e as compras previstas de bens duráveis, que registraram altas de 0,7 ponto e 4,5 pontos, respectivamente. Esses indicadores sugerem que, apesar da melhora pontual, os consumidores não estão completamente confiantes quanto à estabilidade da economia nos próximos meses.
Como a taxa de juros afeta a confiança

O Banco Central do Brasil tem exercido um papel importante nesse cenário, com decisões de política monetária que influenciam diretamente a confiança do consumidor. No mês de março, a autoridade monetária decidiu manter sua trajetória de aumento da taxa de juros, elevando a Selic em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano. Essa foi a terceira alta consecutiva, após os aumentos registrados em dezembro e janeiro. A expectativa é de que uma nova alta, porém de menor magnitude, ocorra na reunião de maio.
O aumento da Selic tem como objetivo controlar a inflação, especialmente a inflação de alimentos, que continua a pressionar o poder de compra das famílias. No entanto, o impacto dessa política é duplo: ao mesmo tempo que ajuda a combater a inflação, também torna o crédito mais caro e a situação financeira das famílias mais difícil, o que contribui para a diminuição da confiança, especialmente entre as faixas de renda mais baixas.
Expectativas para os próximos meses
Apesar da leve recuperação da confiança do consumidor em março, a tendência para os próximos meses ainda depende de uma série de fatores, incluindo a evolução da inflação e a política monetária do Banco Central. Com a alta contínua dos juros, o cenário de incerteza permanece, e muitos consumidores ainda estão cautelosos em relação a compras de bens duráveis e à percepção da saúde econômica no futuro.
A confiança do consumidor, portanto, segue em um terreno instável, com pequenas melhorias sendo observadas entre os segmentos de maior renda, mas com uma deterioração contínua entre as faixas mais vulneráveis. A expectativa é que os próximos meses tragam mais sinais sobre a recuperação econômica do Brasil, especialmente após as próximas reuniões do Banco Central e a possível redução da taxa de juros.