Nesta sexta-feira (02), a Bolsa de Tóquio sofreu um impacto devastador, fechando a sessão com uma queda de 5,8%, atingindo 35.909,70 pontos. Este foi o pior desempenho diário da bolsa japonesa desde março de 2020, quando a eclosão da pandemia de covid-19 provocou uma série de quedas acentuadas nos mercados financeiros globais. Esta queda expressiva destaca a fragilidade atual dos mercados diante de diversos fatores econômicos e geopolíticos.

O principal motor por trás da drástica queda na Bolsa de Tóquio foram os sinais recentes de enfraquecimento da economia dos Estados Unidos. Na véspera, os principais índices acionários americanos já haviam registrado perdas significativas devido a preocupações com a desaceleração econômica nos EUA. Este enfraquecimento econômico gerou um clima de incerteza que se espalhou para os mercados internacionais, incluindo o japonês.

Além disso, as tensões crescentes no Oriente Médio também desempenharam um papel crucial no aumento da aversão ao risco nos mercados financeiros. A escalada de conflitos e incertezas na região contribuiu para um ambiente global de investimentos mais volátil, exacerbando a situação no Japão.

A situação foi agravada por um evento específico que impactou os mercados globalmente: a queda de quase 19% nas ações da Intel durante o aftermarket. A fabricante norte-americana de processadores anunciou recentemente planos para demitir 15 mil funcionários, o que representa cerca de 15% da sua força de trabalho. A notícia gerou um pânico adicional nos mercados financeiros, contribuindo para uma reação negativa que se refletiu nas bolsas ao redor do mundo, incluindo Tóquio.

A Bolsa de Tóquio também foi afetada por fatores locais. O recente corte na taxa de juros de referência no Japão resultou na valorização do iene, o que teve um impacto negativo sobre as empresas japonesas com operações internacionais. Com um iene mais forte, as exportações japonesas se tornam menos competitivas, e os lucros obtidos no exterior diminuem.

Entre as empresas mais afetadas, o Mitsubishi UFJ Financial Group viu suas ações despencarem 11,2%, enquanto as ações do SoftBank Group recuaram 7,7% e as da Sony cederam 6,6%. A queda acentuada nos papéis dessas grandes corporações reflete a combinação de pressões econômicas internas e externas que estão impactando o mercado japonês de forma abrangente.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.