A Intel, gigante dos semicondutores, está enfrentando uma crise financeira sem precedentes. No dia 2 de agosto, as ações da empresa sofreram uma queda dramática de 26%, e, desde então, a situação só piorou. Atualmente, o preço das ações da Intel caiu quase 40% em relação aos seus níveis de uma década atrás. Este impacto negativo reflete não apenas uma mudança no mercado, mas também uma série de desafios internos e externos enfrentados pela companhia. 

A recente queda das ações da Intel representa a maior perda desde que a empresa estava no auge da recuperação do mercado de notebooks, em agosto de 2014, quando as ações atingiram US$ 32,82. A partir de então, a trajetória da Intel tem sido marcada por altos e baixos. No entanto, a atual crise é particularmente aguda. Em agosto de 2024, após um tombo de 26% no valor das ações e uma queda contínua na semana passada, a Intel enfrenta um cenário financeiro desolador, com uma perda de quase 40% em comparação com a década passada.

Em resposta à crise financeira, a Intel implementou uma série de medidas drásticas. A empresa anunciou o corte de 15 mil empregos, o que representa 15% de sua força de trabalho, e suspendeu o pagamento de dividendos. Essas ações são parte de um esforço maior para cortar custos, com a empresa prevendo uma redução total de US$ 10 bilhões em gastos até 2025. Essa reestruturação é uma tentativa de mitigar o impacto financeiro do enfraquecimento dos resultados, com margens brutas ajustadas caindo 38,7% no segundo trimestre de 2024, em comparação com o ano anterior.

Um dos maiores desafios para a Intel é manter-se competitiva na era dos PCs com inteligência artificial (IA). A Qualcomm emergiu como uma forte concorrente nesse novo segmento. A Intel conseguiu enviar mais de 15 milhões de chipsets Meteor Lake, mas a produção foi realizada na Irlanda, onde os custos são mais altos. Para a geração Lunar Lake, a empresa optou por terceirizar a fabricação para a TSMC, o que também eleva os custos. A Intel planeja trazer a fabricação de volta para suas próprias instalações com a geração Panther Lake, prevista para o próximo ano, na esperança de melhorar suas margens de lucro.

A situação da Intel é refletida em seu desempenho nas listas de maiores corporações. A empresa caiu da 53.ª para a 79.ª posição na Fortune 500 nos últimos dez anos. Na lista Fortune Global 500, a Intel ocupava o 195.º lugar em 2014, mas caiu para a 261.º posição na edição mais recente, divulgada na semana passada.

Os problemas financeiros da Intel são evidentes em seus resultados recentes. No segundo trimestre de 2024, a receita do setor de data center da Intel caiu 3%. Em contraste, a rival AMD registrou um crescimento impressionante de 115% em seus negócios de data center. A Intel também reportou um prejuízo de US$ 1,6 bilhão no segundo trimestre, com uma receita total de US$ 12,8 bilhões, representando uma queda de 1% em relação ao ano anterior.

Desde sua nomeação em 2021, o CEO Patrick Gelsinger tem buscado reverter a situação da Intel por meio de uma série de estratégias. Gelsinger tem se empenhado em garantir subsídios federais, resultando na Intel se tornando a maior beneficiária do CHIPS Act, com um valor provisório de US$ 8,5 bilhões. Além disso, ele está promovendo a construção de novas fábricas e transformando a Intel em uma importante fundição de chips para terceiros, como parte de um esforço para restaurar a competitividade e a rentabilidade da empresa.