BACEN anuncia novas medidas para controle da inflação em 2025
O Banco Central do Brasil anunciou novas medidas econômicas para combater a inflação, incluindo o aumento da taxa de juros para 13,75% e ações voltadas ao controle dos preços de combustíveis e alimentos.

O Banco Central do Brasil anunciou, nesta segunda-feira (03), novas medidas para combater a inflação crescente no país. A partir de março de 2025, o governo implementará ajustes significativos nas taxas de juros e ações direcionadas ao controle de preços dos alimentos e combustíveis. A decisão é uma resposta direta aos recentes aumentos no custo de vida, que têm impactado a economia e o bolso do consumidor brasileiro.
O que está sendo implementado?
A principal medida anunciada será o aumento da taxa de juros básica (Selic), que deve atingir 13,75% ao ano, elevando o custo do crédito e buscando reduzir a demanda interna. Segundo o Banco Central, o objetivo é conter a pressão inflacionária sobre os preços dos bens de consumo, especialmente os alimentos e combustíveis, cujos preços têm se mostrado voláteis nas últimas semanas.
Além disso, a nova política econômica buscará uma revisão nas intervenções do governo no mercado de combustíveis. O governo federal pretende abrir mais espaço para a concorrência no setor, com o intuito de reduzir o impacto dos preços internacionais sobre os combustíveis consumidos no Brasil. O impacto dessa medida, segundo especialistas, pode ser sentido já no próximo semestre, com uma possível redução no valor dos combustíveis nas bombas.
“Essas medidas são fundamentais para que possamos retornar a níveis de inflação mais controlados. Com o aumento da taxa de juros, esperamos desacelerar a demanda por consumo, o que ajudará a segurar a pressão sobre os preços”, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva de imprensa.
Impacto da medida na economia brasileira
A decisão tem repercussões diretas no cenário econômico brasileiro. A primeira consequência esperada será a desaceleração no crescimento do consumo. Com o aumento da taxa de juros, as prestações de empréstimos e financiamentos devem ficar mais caras, o que pode reduzir o poder de compra das famílias. Além disso, a medida pode impactar o setor produtivo, que dependerá de crédito mais caro para financiar suas operações.
Contudo, especialistas ainda defendem que o aumento nas taxas de juros pode ser uma forma eficaz de reduzir a inflação a curto e médio prazo. “O impacto do aumento de juros pode ser sentido principalmente no mercado imobiliário e no consumo de bens duráveis, mas o controle da inflação justifica essas medidas, especialmente diante do cenário atual”, explica João Silva, economista da XP Investimentos.
Por outro lado, a medida pode representar um obstáculo para os planos de crescimento econômico em 2025. O governo espera que o mercado de trabalho e a produção econômica se recuperem ao longo do ano, mas é possível que esses setores se vejam afetados pela restrição do crédito.
Reações políticas e empresariais
A decisão do Banco Central gerou reações divididas no meio político e empresarial. Enquanto membros do governo federal apoiam as medidas como necessárias para o controle da inflação, a oposição critica o impacto que o aumento das taxas de juros pode causar no crescimento econômico.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), por exemplo, questionou os efeitos das novas taxas sobre o setor privado. “Aumentar as taxas de juros vai afetar principalmente as pequenas e médias empresas, que são as grandes responsáveis pela geração de empregos no país. O governo precisa equilibrar as ações para que não haja um impacto excessivo no crescimento”, afirmou.
Do outro lado, o setor de combustíveis também se mostrou cético quanto às mudanças. Apesar de defenderem a maior concorrência, especialistas do setor alertam para a complexidade de controlar os preços dos combustíveis em um mercado globalizado, com oscilações nos preços do petróleo e no câmbio.
Expectativas para o futuro
O Banco Central reafirmou seu compromisso de monitorar a evolução da inflação e ajustar as medidas conforme necessário. Segundo Roberto Campos Neto, a eficácia das ações será reavaliada periodicamente, com base em indicadores econômicos, e ajustes poderão ser feitos conforme a dinâmica do mercado. A instituição também promete continuar com as intervenções pontuais no mercado de câmbio, sempre que necessário.
A expectativa é de que as mudanças comecem a refletir nos preços já nos próximos meses, com uma desaceleração da alta nos custos dos alimentos e combustíveis. No entanto, o impacto no crescimento econômico ainda é uma incógnita. Economistas sugerem que o governo deve estar preparado para ajustar a política econômica caso o impacto da alta nas taxas de juros se mostre mais profundo do que o esperado.