Mercado espera que a meta de inflação seja descumprida até julho de 2026; projeções ajustadas para cima após IPCA de janeiro
O mercado financeiro revisou suas previsões e agora projeta que o IPCA ficará acima do teto da meta de inflação até julho de 2026.

O mercado financeiro revisou suas expectativas sobre a meta de inflação e agora prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique acima do teto da meta até julho de 2026. A mudança nas projeções ocorre após o IPCA-15 de janeiro, que surpreendeu com um aumento de 0,11%, elevando as expectativas para a inflação acumulada em 12 meses. A nova meta contínua de inflação, que considera o IPCA acumulado nos últimos 12 meses, tem gerado incertezas no cenário econômico, uma vez que o Banco Central não conseguirá cumprir o objetivo de manter a inflação dentro da faixa estabelecida.
Expectativas do mercado para a inflação: o que esperar nos próximos anos?
As recentes revisões nas previsões econômicas indicam que o mercado financeiro não acredita mais que a meta de inflação será cumprida nos primeiros seis meses de sua validade. De acordo com o Sistema Expectativas de Mercado, que serve como base para o relatório Focus, o IPCA acumulado em 12 meses deverá ultrapassar o teto da meta (4,5%) até julho de 2026.
Essa previsão foi influenciada diretamente pelo IPCA-15 de janeiro, que surpreendeu o mercado ao registrar uma alta de 0,11%, contrariando a expectativa de leve queda de 0,01% prevista na pesquisa Projeções Broadcast. Como resultado, a projeção de inflação para janeiro passou de 4,39% para 4,52%, superando o teto da meta.
Os economistas ajustaram suas previsões para os próximos meses, esperando que a inflação acumulada em 12 meses continue acima do limite superior da meta. O mercado espera que o IPCA aumente para 5,09% em fevereiro, 5,40% em março e 5,54% em abril. Mesmo com uma desaceleração projetada para maio (5,41%), as previsões indicam uma nova aceleração para 5,52% em junho. Esses números reforçam a expectativa de que o Banco Central não conseguirá cumprir a meta de inflação de 3% para 2024 e 2025.
A revisão das expectativas do mercado deve-se, em parte, à mudança no sistema de cálculo da meta de inflação. A nova meta contínua, que leva em consideração o IPCA acumulado em 12 meses, exige que o índice se mantenha dentro da faixa de tolerância de 1,5% a 4,5% por pelo menos seis meses consecutivos. Caso o IPCA ultrapasse esse intervalo, considera-se que o Banco Central descumpriu a meta. A revisão para cima das projeções reflete essa nova realidade, onde a inflação permaneceria acima do teto até pelo menos julho de 2026.
O mercado financeiro prevê que o IPCA continue acima de 5% ao longo de 2024 e 2025, mantendo-se em níveis elevados. A expectativa é de que a inflação só retorne ao teto da meta (4,50%) em julho de 2026, quando a projeção de inflação se alinhará ao limite superior da meta. Mesmo com essa desaceleração, o mercado não espera que o Banco Central consiga atingir a meta de 3% para o ano.
Além disso, a expectativa é que a inflação ceda ligeiramente após 2026, caindo para 4,46% em agosto, ainda acima da meta, mas dentro da faixa de tolerância.
A principal consequência dessa revisão nas projeções é o aumento da pressão sobre o Banco Central. Caso o IPCA ultrapasse a faixa de tolerância por mais de seis meses, o Banco Central será considerado responsável por não cumprir a meta de inflação. Com a inflação ainda elevada, o Comitê de Política Monetária (Copom) enfrentará um cenário difícil para manter a estabilidade econômica.