A Bolsa de Valores do Brasil está considerando a possibilidade de prolongar o período de negociações ainda este ano. A B3 iniciou conversas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) devido a uma demanda identificada pelas corretoras, especialmente por parte dos investidores de varejo.

Atualmente, o mercado abre com a pré-abertura às 9h45 e o mercado à vista começa às 10h, encerrando oficialmente às 17h. As operações com ações, BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e Fundos Imobiliários (FIIs) ocorrem das 10h às 16h55. O chamado “after market,” quando os investidores podem enviar ordens de compra e venda, acontece entre 17h25 e 18h.

Fábio Perdiz, superintendente de Acompanhamento da Negociação da B3, observou que o aumento no número de investidores na bolsa durante a pandemia fortaleceu a ideia de que pode haver interesse em negociar no período noturno. Ele explicou: “Muitos investidores chegam em casa após o trabalho e desejam negociar seus ativos à noite, já que não conseguem fazê-lo durante o horário normal de funcionamento da bolsa.”

Marcos Skistymas, diretor de Produtos Listados da B3, indicou que a implementação da extensão do horário será gradual, com fases de testes. Ele afirmou: “Estamos considerando estender o horário de negociação de alguns produtos e já começamos a dialogar com nossos clientes e reguladores sobre essa possibilidade.”

Atualmente, a B3, corretoras e a CVM estão discutindo quais produtos devem ser os primeiros a terem o horário estendido, qual será a duração inicial desse período ampliado e quando os testes começarão. Essa decisão envolve várias questões, como a necessidade de desenvolvimento interno de sistemas, mudanças na rotina de trabalho das corretoras e na própria B3, entre outros aspectos.

Perdiz destacou a importância da cautela: “Se estendermos o horário de negociação e o volume de operações não for suficiente para cobrir os custos do mercado como um todo, não será vantajoso. Portanto, é essencial avaliar como essa liquidez noturna funcionaria. Se for satisfatória, poderemos ampliar ainda mais o horário para atender a essa demanda.”

Skistymas comparou a Bolsa de Valores brasileira com bolsas globais, onde uma parte significativa das negociações ocorre fora do horário regular do pregão, e enfatizou que a expansão do horário traria maior flexibilidade para os investidores.