“Qualquer um pode ser um estruturador autônomo de ativos tokentizados”, afirma CEO da BlockBR
A tokenização e a blockchain revolucionam o mercado financeiro no Brasil, reduzindo custos e ampliando o acesso a ativos. Leia em detalhes

Antes da Resolução CVM 88, o crowdfunding era a principal opção para realizar ofertas públicas de ativos no Brasil. Com a evolução do mercado, a tecnologia blockchain e a tokentização de ativos surgiram como uma alternativa para reduzir custos e ampliar o acesso a esses processos.
“Tudo pode ser tokentizado. CRI, CRAs, LCI, LCas, debêntures. Para isso, é necessário entender todas as estruturas e os intermediários. O grande benefício da tokentização é a diminuição dos intermediários, os reguladores.”, afirmou Cássio Krupinski, CEO e fundador da BlockBR.
Relembrando: O que é a tokentização?
A tokenização é o processo de transformar direitos sobre um ativo físico ou financeiro em um token digital registrado em uma blockchain. Esse token funciona como uma representação digital do ativo original, permitindo que ele seja negociado, fracionado e transferido de forma mais rápida, segura e acessível.
Crescimento dos ativos tokenizados
Os ativos tokenizados atingiram a marca de R$ 1,4 bilhão em 2024, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse valor representa um crescimento expressivo em comparação aos R$ 300 milhões registrados em 2023.
Esses temas foram debatidos durante o painel “Destravando Valor: Ativos do Mundo Real”, uma das atrações do Smart Summit 2025. Além de Cássio, o evento contou com a participação dos especialistas:
- Thiago Rudiger, CEO da Tanssi Foundation
- Jeff Beltrão, Community Manager Latam da Chainlink Labs
- Leonardo Lima, Vice-Reitor da PUC
- Rodrigo Caggiano, Cofundador da Mobiup Digital
Por que “tokenizar”?
Durante o debate, os palestrantes destacaram que a tokenização vai além da tecnologia. Ela oferece oportunidades para empreender e criar soluções financeiras inovadoras. No entanto, exige atenção a processos e regulamentação. Foram apontados alguns aspectos cruciais:
- A tecnologia é apenas uma ferramenta. O processo de estruturação e processamento do ativo continua sendo essencial. Instituições financeiras, como os bancos, têm papel fundamental na concessão de crédito e na gestão dos trâmites necessários.
- É fundamental entender quem está por trás da estruturação do ativo, identificar o tomador de crédito e conhecer detalhadamente os ativos subjacentes.
Segundo Cássio Kruspinski, a tokenização permite a criação de ativos que podem oferecer rendimentos de 2% ao mês e liquidação em seis meses. Contudo, os especialistas alertaram sobre os desafios regulatórios enfrentados por todos os participantes do mercado.
Inovação, tokenização e regulamentação
O consenso entre os especialistas é que a tecnologia já não representa o principal obstáculo à tokenização. Hoje, as maiores dificuldades estão relacionadas ao aspecto regulatório e à segurança jurídica dos ativos.
Stablecoins
Outro ponto discutido foi a importância das stablecoins, consideradas pelos especialistas como “killer assets”. Elas representam, na blockchain, ativos estáveis como moedas fiduciárias, ouro ou outros bens com valor preservado ao longo do tempo. Por exemplo, uma stablecoin lastreada em dólar não se valoriza em relação à própria moeda americana, mas oferece estabilidade e segurança ao investidor.