Visa libera uso de stablecoins para liquidar transações bancárias nos EUA
A Visa anunciou que passará a permitir que bancos nos Estados Unidos liquidem transações utilizando stablecoins, começando pelo USDC, da Circle, por meio da blockchain Solana.
Foto: lluiscarot / shutterstock.com
A Visa libera uso de stablecoins no sistema bancário dos Estados Unidos ao autorizar que instituições financeiras façam a liquidação de transações utilizando o USDC, stablecoin emitida pela Circle, por meio da blockchain Solana. A iniciativa, anunciada nesta terça-feira (16), marca a primeira adoção integral desse modelo no mercado bancário americano e representa um avanço relevante na integração entre o sistema financeiro tradicional e os criptoativos.
A decisão ocorre em um momento de maior abertura regulatória nos Estados Unidos, impulsionada pelo segundo governo de Donald Trump, que sancionou neste ano um marco federal para stablecoins. Com isso, a Visa busca ampliar sua atuação em pagamentos digitais, oferecendo alternativas mais rápidas, eficientes e com menor custo operacional para bancos e fintechs.
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Com a nova estrutura, bancos parceiros poderão liquidar transações diretamente com stablecoins, sem depender exclusivamente dos trilhos tradicionais de pagamento. O USDC, por ser lastreado em dólar na proporção de 1 para 1 e apoiado por ativos como títulos do Tesouro dos EUA, é considerado uma das stablecoins mais utilizadas e regulamentadas do mercado.
Entre os primeiros bancos a aderir ao serviço estão o Cross River Bank e o Lead Bank, que já iniciaram testes e operações dentro da nova plataforma. A Visa também informou que dará suporte à blockchain Arc, desenvolvida pela Circle, quando ela for oficialmente lançada.
Quando e onde a mudança passa a valer
A implementação ocorre inicialmente nos Estados Unidos, tornando-se a primeira aplicação completa da liquidação com stablecoins dentro do sistema bancário americano. A Visa já havia realizado testes semelhantes em outros países, mas sem integração total com bancos locais.
A expectativa é que, após essa fase inicial, o modelo seja expandido para outras regiões, especialmente mercados com maior volatilidade cambial, como a América Latina — onde a empresa já desenvolve projetos semelhantes em parceria com fintechs.
Por que a Visa aposta em stablecoins
A principal vantagem das stablecoins está na velocidade da liquidação. Em sistemas tradicionais da Visa, o processo pode levar até três dias úteis. Já nas blockchains, a liquidação ocorre quase instantaneamente, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana.
Além disso, o crescimento de fintechs e empresas cripto aumentou a demanda por soluções que conectem ativos digitais ao sistema de pagamentos convencional. Segundo Luca Cosentino, vice-presidente sênior de produtos do Cross River Bank, essa infraestrutura pode ajudar bancos a conquistar novos clientes e atender modelos de negócio emergentes.
Ambiente regulatório favorece adoção
O avanço da Visa acontece após a sanção, em julho, de um marco regulatório federal para stablecoins nos Estados Unidos. A nova legislação trouxe maior clareza jurídica para o uso doméstico de dólares digitais totalmente lastreados, abrindo espaço para que bancos utilizem esses ativos de forma regulada.
Esse cenário contrasta com anos anteriores, quando a incerteza regulatória limitava a adoção de criptoativos por instituições financeiras tradicionais.
Concorrência e impacto no mercado de pagamentos
Ao liberar o uso de stablecoins, a Visa passa a disputar espaço diretamente com concorrentes como a Mastercard, que anunciou em abril a possibilidade de comerciantes receberem pagamentos em stablecoins. Além disso, a Mastercard negocia a aquisição da empresa de infraestrutura cripto Zero Hash, segundo informações divulgadas pela imprensa internacional.
Analistas avaliam que as stablecoins têm potencial para transformar o setor. Esses ativos podem ser utilizados em mais de US$ 50 trilhões em fluxos anuais de pagamentos até 2030, o que reforça o caráter estratégico da movimentação da Visa.
Volume ainda é pequeno, mas cresce rapidamente
Até 30 de novembro, o volume anualizado de liquidações com stablecoins processadas pela Visa superava US$ 3,5 bilhões. Embora esse número ainda seja reduzido frente aos US$ 17 trilhões movimentados pela rede da empresa no ano passado, o crescimento é considerado acelerado.
Para fortalecer sua posição, a Visa lançou recentemente uma prática global de consultoria em stablecoins, voltada a bancos, fintechs e comerciantes. A empresa também vem promovendo sua plataforma de ativos tokenizados, que permite a emissão de tokens lastreados em moedas fiduciárias.
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