• Por Maria Eugênia, sócia e responsável por Sales de Renda Fixa no MB.

Tradicionalmente, investidores em busca de segurança e rentabilidade em renda fixa recorriam a produtos como CDBs, LCIs e títulos públicos. No entanto, um mercado gigantesco e que movimenta trilhões de reais anualmente no Brasil começa a se tornar uma alternativa relevante também para o investidor pessoa física: o de antecipação de recebíveis de cartão de crédito.

Um mercado que faz parte da rotina dos brasileiros

Em 2024 o volume transacionado apenas com cartões no Brasil atingiu impressionantes R$ 4,1 trilhões, consolidando o meio de pagamento como parte essencial da economia. Apesar da magnitude, até pouco tempo, apenas bancos e grandes instituições financeiras participavam ativamente desse segmento, lucrando com a antecipação de vendas realizadas via cartão.

Essa dinâmica, porém, está mudando, com este mercado se abrindo para o investidor comum — e oferece uma oportunidade única de investir com baixo risco e retorno superior aos tradicionais produtos de renda fixa.

Mais segurança com o registro de recebíveis de cartão de crédito

Até 2019, o controle dos recebíveis era concentrado nas operadoras de maquininhas, tecnicamente chamadas de adquirentes (Stone, Cielo, Rede, Getnet, etc), muitas delas ligadas aos próprios bancos, o que restringia a competição e mantinha as taxas de antecipação elevadas para lojistas.

A obrigatoriedade do registro de recebíveis, regulamentada pelo Banco Central, mudou esse cenário. Agora, todas as transações são registradas em entidades autorizadas — as registradoras independentes, conhecidas como “cartórios digitais” —, trazendo mais transparência e segurança ao mercado.

Cada transação possui uma chave única, todos os fluxos são rastreáveis e as informações circulam em ambientes seguros, supervisionados diretamente pelo Banco Central. O resultado: um mercado antes fechado tornou-se aberto, transparente e muito mais competitivo.

Essa evolução também impulsionou o surgimento de novas alternativas de crédito e investimento, ampliando as oportunidades para empresas e investidores.

Entendendo o Arranjo de Pagamentos

Para compreender a dinâmica do investimento em recebíveis, é essencial conhecer os principais agentes envolvidos no arranjo de pagamentos:

  • Bandeira do Cartão: empresas como Visa, Mastercard e American Express estabelecem as regras e padrões que regem as transações de pagamento.
  • Emissor do Cartão: o banco em que o cliente possui conta e relacionamento, responsável por emitir o cartão de crédito e aprovar ou rejeitar as transações com base no limite disponível, no histórico de crédito e em validações antifraude.
  • Adquirente (maquininha): a maquininha é responsável por habilitar os estabelecimentos comerciais no aceite de pagamentos com cartão. Quem conecta os vendedores ao sistema de pagamentos.
  • Loja: o estabelecimento comercial que aceita pagamentos com cartão.

Quando uma compra é realizada, a sequência de eventos ocorre de forma quase instantânea:

  1. Início da Transação: o consumidor insere o cartão na maquininha.
  2. Atuação da Adquirente: a adquirente processa a comunicação com a bandeira do cartão, que registra a transação.
  3. Verificação do Emissor: o banco emissor verifica se o cliente possui saldo disponível ou limite de crédito suficiente, além de realizar uma série de validações antifraude, buscando a autenticidade da operação.
  4. Autorização e Liberação: após a autorização do emissor, a bandeira repassa a aprovação à maquininha, liberando a venda e gerando uma Unidade de Recebível (UR), registrada em entidades autorizadas pelo Banco Central.

Todo esse processo, altamente automatizado, é concluído em poucos segundos — o tempo entre a inserção do cartão e a confirmação da compra.

Entendendo a Operação

Após a aprovação da venda, o lojista, em condições normais, esperaria cerca de 30 dias para receber o valor. No entanto, para otimizar o fluxo de caixa e pagar suas contas do dia a dia, muitos optam pela antecipação dos recebíveis.

O fluxo da operação funciona da seguinte forma:

  • Emissor do Cartão: transfere o valor ao adquirente (maquininha) aproximadamente 28 dias após a venda.
  • Adquirente: repassa o valor ao lojista em até 2 dias após o recebimento do emissor.

Quando um lojista decide antecipar o valor, ele cede suas Unidades de Recebíveis (URs) a uma operação estruturada — como as disponibilizadas pelo MB. Essa cessão é formalizada e registrada nas chamadas “registradoras” (os “cartórios digitais” do sistema financeiro).

A partir desse momento, a UR é definitivamente cedida e passa a integrar a carteira da operação, garantindo que os valores provenientes das vendas sejam direcionados diretamente aos investidores. 

Risco reduzido e retorno competitivo

O investimento em recebíveis de cartão de crédito apresenta uma dinâmica de risco com bom retorno e baixo risco. Após a aprovação da compra no cartão, a obrigação de pagamento recai sobre o banco emissor, e não sobre o consumidor final. Dessa forma, ainda que o cliente não pague a fatura do cartão, o lojista (e, consequentemente, o investidor) tem o recebimento garantido pelo banco emissor que aprovou a compra, afinal o banco que lhe concedeu crédito.

Essa estrutura aproxima o investimento em recebíveis de cartão de crédito da solidez de ativos lastreados em grandes bancos — historicamente, um dos motivos que levou investidores institucionais a explorar essa modalidade.

5 motivos para investir em recebíveis de cartão em 2025

  1. Segurança e solidez de bancos: o pagamento dos recebíveis é garantido pelos bancos emissores dos cartões, não pelo consumidor final.
  2. Diversificação: carteiras formadas por recebíveis de diversos lojistas, diferentes bandeiras de cartão e múltiplos bancos emissores, aumentando a robustez da operação.
  3. Rentabilidade: retornos superiores aos de produtos tradicionais de renda fixa.
  4. Flexibilidade de prazos: adequação a diferentes perfis e objetivos financeiros.
  5. Possibilidade de isenção de imposto de renda: nos produtos tokenizados oferecidos pelo MB, para pessoas físicas é isento de IR o ganho de capital auferido no Brasil nas alienações abaixo de R$ 35 mil/mês. Deve-se considerar toda a carteira cripto mantida no Brasil.

O MB conecta o investidor a operações estruturadas com alta qualidade, diferentes prazos e excelente relação risco-retorno. Trata-se de uma oportunidade para diversificar o portfólio com um produto de perfil conservador, mas que ainda é pouco explorado pelo investidor de varejo.

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.