Agtech: como as startups estão modernizando o agronegócio
Descubra como as agtechs estão revolucionando o agronegócio com tecnologia, inovação e sustentabilidade no campo.

Você já ouviu falar em Agtech? A agricultura está vivendo um momento de transformação como nunca antes. Com o desafio de alimentar uma população crescente, usando menos recursos e de forma mais sustentável, a tecnologia passou a ser uma grande aliada no campo. É nesse contexto que surgem as agtechs, startups que estão mudando a cara do agronegócio, trazendo inovação, automação e soluções inteligentes para todas as etapas da produção.
A seguir, você vai descobrir o que são as agtechs, como elas têm ganhado espaço no Brasil, conhecer algumas das startups que mais se destacam e entender de que forma estão ajudando a construir o futuro do agro. Vamos juntos?
O que é uma Agtech?
O termo “Agtech” vem da união de “agriculture” (agricultura) e “technology” (tecnologia). Ele designa startups que desenvolvem soluções tecnológicas voltadas para o agronegócio. Essas soluções podem abranger diversos pontos da cadeia de produção agrícola.
As agtechs atuam com tecnologias como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), big data, drones, nanotecnologia, blockchain, biotecnologia e machine learning. O objetivo é tornar o setor mais eficiente, rentável e sustentável.
Elas desenvolvem desde sensores para monitorar solo e clima, até plataformas de gestão agrícola, marketplaces de insumos e ferramentas para rastreabilidade e comercialização de produtos.
O cenário das Agtechs no Brasil
O Brasil é uma das maiores potências agrícolas do mundo e, naturalmente, tornou-se um terreno fértil para o crescimento das agtechs. Segundo o Radar AgTech Brasil 2025, levantamento realizado pela Embrapa em parceria com a SP Ventures e a Homo Ludens, o país já conta com 1.972 agtechs ativas, um crescimento de mais de 75% desde 2019.
Essas startups estão distribuídas ao longo de toda a cadeia produtiva:
- Antes da porteira (18,6%): soluções ligadas ao acesso a crédito, aquisição de insumos, máquinas e implementos.
- Dentro da porteira (41,5%): foco em gestão da produção, automação, sensoriamento remoto e uso eficiente de recursos.
- Depois da porteira (39,9%): comercialização, rastreabilidade, logística, processamento e fintechs agrícolas.
Essa divisão mostra como a inovação no agro vai muito além da produção em si, alcançando também os processos de financiamento, distribuição e consumo dos alimentos.
Outro dado importante: cerca de 50% das agtechs brasileiras estão concentradas em cinco segmentos estratégicos:
- Alimentos inovadores
- Sistemas de gestão de propriedades rurais (157 startups)
- Marketplaces
- Plataformas integradoras de dados (144 startups)
- Máquinas, equipamentos e drones
O levantamento também apontou 451 ambientes de inovação voltados ao agro no Brasil, incluindo incubadoras, aceleradoras, hubs e parques tecnológicos, sendo um sinal claro da maturidade e da expansão do ecossistema de inovação no campo.
Por que as Agtechs são tão importantes para o agro brasileiro?
A agricultura brasileira enfrenta desafios únicos: solos variados, clima imprevisível, alta pressão de pragas, exigências ambientais e um sistema tributário complexo. Para vencer essas barreiras, o produtor precisa de ferramentas cada vez mais precisas, acessíveis e conectadas.
As agtechs vêm suprir essas necessidades com soluções que ajudam os produtores a:
- Aumentar a produtividade;
- Melhorar a rentabilidade;
- Reduzir riscos climáticos e operacionais;
- Otimizar a gestão da fazenda;
- Acessar mercados com mais facilidade;
- Comercializar de forma mais eficiente;
- Atuar de forma mais sustentável.
Além disso, o setor agrícola caminha para a chamada Agricultura 4.0, que envolve digitalização, sensoriamento remoto e decisões baseadas em dados. As agtechs são a espinha dorsal dessa transformação.
Principais Agtechs brasileiras de destaque
Por trás da revolução tecnológica no campo, existem startups brasileiras que estão fazendo a diferença de verdade. De soluções para facilitar a vida do produtor até ferramentas que conectam o agro ao mundo digital, essas agtechs têm se destacado não só pela inovação, mas também pelo impacto positivo que geram no dia a dia do agronegócio. Vamos conhecer algumas delas?
1. Agrorobótica
Spin-off da Embrapa Instrumentação, a Agrorobótica utiliza tecnologia de espectroscopia a laser (LIBS) para análise de solo, a mesma usada pela NASA em Marte. A startup realiza análises químicas e físicas de alta precisão, gerando relatórios digitais e recomendações agronômicas. Já analisou mais de 80 mil amostras de solo e contribui com soluções voltadas também para o mercado de carbono.
2. Digifarmz
A Digifarmz atua com modelagem climática e inteligência preditiva para combater doenças em lavouras, especialmente na cultura da soja. Sua plataforma permite decisões mais assertivas na escolha e aplicação de fungicidas, reduzindo custos e perdas.
3. Auravant
Apesar de ter origem na Argentina, a Auravant é considerada uma das principais plataformas utilizadas no Brasil. Ela oferece uma solução para monitoramento de cultivos via satélite ou drones, integrando dados de maquinários, solos e aplicações em um só lugar. A startup é usada por empresas como Syngenta e Adama, e já está presente em mais de 100 países.
4. Agromatic
Focada na digitalização de contratos e operações financeiras no agro, a Agromatic atua como agente registradora na B3, promovendo segurança jurídica ao agronegócio. Sua plataforma já movimentou mais de R$ 8 bilhões em operações com CPRs, insumos e custeios.
5. Solinftec
A Solinftec é uma das agtechs mais reconhecidas no Brasil. Com sua plataforma baseada em IoT e IA, oferece monitoramento em tempo real de máquinas agrícolas, insumos e operações no campo. Atua fortemente no controle da eficiência operacional e na redução de desperdícios.
6. Aegro
A Aegro oferece um software de gestão agrícola completo. Ele integra dados de estoque, financeiro, maquinário e mapas de produtividade em uma interface acessível. É muito utilizado por pequenos e médios produtores.
7. Krilltech
A Krilltech, originada de pesquisas da Universidade de Brasília e da Embrapa, desenvolveu o produto biológico Arbolin Biogenesis, à base de nanotecnologia. A solução atua no aumento da produtividade, fixação biológica de nitrogênio e melhoria da qualidade nutricional dos cultivos, tudo isso com foco na sustentabilidade.
As Agtechs e a sustentabilidade no campo
Um dos grandes diferenciais das agtechs é sua contribuição direta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Muitas delas atuam promovendo:
- Redução do uso de defensivos;
- Eficiência no uso da água;
- Rastreamento da produção;
- Fixação biológica de nutrientes;
- Gestão de resíduos agrícolas;
- Estimativa e captura de carbono.
Com isso, além de otimizar os processos, elas ajudam o produtor a atender exigências ambientais cada vez mais rigorosas e abrir portas para financiamentos verdes e créditos de carbono.
Tendências e tecnologias que moldam as Agtechs
As principais tecnologias que têm impulsionado as agtechs incluem:
- IoT (Internet das Coisas): sensores conectados monitoram solo, umidade, temperatura e maquinário.
- IA e Machine Learning: algoritmos ajudam a prever pragas, doenças e climas extremos.
- Big Data: coleta e análise de dados de diversas fontes para tomar decisões baseadas em evidências.
- Blockchain: garante rastreabilidade e segurança nas transações e contratos agrícolas.
- Biotecnologia: desenvolvimento de insumos biológicos, sementes resistentes e fertilizantes mais eficientes.
- Drones e imagens de satélite: permitem o mapeamento detalhado de lavouras, identificação de falhas e aplicação localizada de insumos.
O que ainda falta para as Agtechs crescerem mais?
Apesar do crescimento acelerado, as agtechs ainda enfrentam desafios:
- Conectividade no campo: muitas regiões rurais ainda não têm internet estável.
- Educação digital do produtor: a adesão a novas tecnologias depende de capacitação.
- Burocracia regulatória: produtos biológicos e novas tecnologias enfrentam lentidão na aprovação.
- Acesso a financiamento: muitas startups precisam de capital para escalar suas soluções.
Iniciativas públicas e privadas têm fomentado o setor, como hubs de inovação (ex: AgTech Garage, em Piracicaba-SP), fundos de investimento especializados e programas de aceleração.
O futuro do agronegócio passa pelas Agtechs
Não há mais dúvidas: o futuro da agricultura está diretamente ligado à tecnologia. O Brasil, com seu potencial agrícola imenso e um ecossistema de startups cada vez mais robusto, tem tudo para se tornar um dos líderes mundiais da agricultura digital.
As agtechs estão não só modernizando o agronegócio, mas também o tornando mais sustentável, competitivo e globalizado. A sua capacidade de adaptação, rapidez de inovação e foco na resolução de problemas reais do campo fazem delas o elo mais dinâmico da cadeia produtiva agrícola.
As agtechs representam uma mudança de mentalidade no agronegócio. Elas não substituem o produtor rural, mas o fortalecem com ferramentas que aumentam sua autonomia e eficiência. O Brasil, como celeiro do mundo, precisa da inovação para continuar competitivo e sustentável, e as agtechs são o caminho mais promissor para isso.
Para quem quer empreender, investir ou simplesmente acompanhar de perto o futuro do agro, vale ficar de olho nessas startups que estão, literalmente, plantando as sementes da próxima revolução no campo.
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