Em um cenário histórico dominado por homens, a participação das mulheres na bolsa de valores é um movimento transformador, redefinindo os perfis dos investidores e impulsionando a democratização do acesso ao mercado financeiro. 

Nos últimos cinco anos, a B3 presenciou um crescimento notável de mais de 1 milhão de mulheres investindo em renda variável. Essa expansão significativa é acompanhada por um perfil de investimento singular por parte das mulheres.

Mais do que números e estatísticas, essa crescente presença feminina representa a conquista de um espaço antes inimaginável, abrindo portas para novas oportunidades e perspectivas promissoras para o futuro.

O Melhor Investimento reuniu tudo o que você precisa saber sobre a atuação das mulheres na bolsa de valores, explorando a importância, as conquistas alcançadas pelas mulheres nesse campo, os desafios que ainda persistem e um olhar para o futuro promissor. Boa leitura!

Histórico da participação feminina no mercado financeiro

No século 20, as mulheres começaram a quebrar o teto de vidro no setor financeiro, mas enfrentaram resistência e ceticismo significativos. Elas tiveram que provar repetidamente suas capacidades para ganhar um lugar à mesa. Com o tempo, as mulheres começaram a ocupar posições de liderança e a influenciar as decisões financeiras dentro das instituições.

Atualmente, as mulheres não só estão moldando o setor financeiro como investidoras, mas também estão influenciando mudanças significativas dentro das instituições financeiras. Estima-se que as instituições financeiras poderiam desbloquear cerca de $700 bilhões ao atender melhor às mulheres como investidoras.

Apesar desses avanços, ainda existem disparidades. Globalmente, apenas 47% das mulheres têm acesso a uma conta em uma instituição financeira formal, em comparação com 55% dos homens. O acesso ao crédito formal também é significativamente menor para mulheres em economias de alta renda e em desenvolvimento.

Essa transformação no setor financeiro é um reflexo da crescente conscientização sobre a importância da inclusão financeira das mulheres e do reconhecimento de seu papel vital na economia.

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Desafios enfrentados pelas mulheres no mercado financeiro

As mulheres no mercado financeiro têm percorrido um caminho desafiador em busca de igualdade e inclusão. Apesar dos avanços significativos, elas continuam a enfrentar barreiras que limitam seu potencial e participação.

Literacia financeira

A literacia financeira é uma das principais barreiras. Muitas mulheres não têm acesso a educação financeira adequada, o que as impede de tomar decisões informadas e de participar ativamente do mercado financeiro. Isso é exacerbado pela falta de confiança, muitas vezes alimentada por estereótipos de gênero que questionam a capacidade das mulheres de gerenciar finanças.

Ambiente do mercado financeiro

O ambiente do mercado financeiro ainda é predominantemente masculino, o que pode ser intimidante e desencorajador para as mulheres. Elas frequentemente têm que provar seu valor repetidamente para serem levadas a sério e avançar em suas carreiras.

Acesso desigual a serviços financeiros

O acesso desigual a serviços financeiros também é um problema significativo. Mulheres, especialmente aquelas em situação de pobreza, têm menos probabilidade de ter contas bancárias ou acesso a crédito, o que as coloca em desvantagem e perpetua a desigualdade econômica.

Impacto da pandemia

A pandemia global exacerbou esses desafios, afetando desproporcionalmente as mulheres na força de trabalho e criando obstáculos adicionais para sua participação no setor financeiro. Apesar desses obstáculos, há um crescente reconhecimento da necessidade de abordar essas questões.

Perfil da mulher investidora

As mulheres mostram uma tendência maior para se preparar cuidadosamente antes de começar a investir, frequentemente buscando informações e conhecimento para embasar suas decisões.

Além disso, mais da metade das investidoras, representando um total de 694,8 mil, optam por diversificar seus investimentos, mantendo portfólios com mais de um produto de renda variável.

Notavelmente, os fundos imobiliários têm ganhado popularidade entre o público feminino, registrando um aumento de 19% no último ano, conforme apontado por um estudo da B3.

Conquistas e avanços das mulheres na bolsa de valores

Nos últimos cinco anos, a B3 registrou um aumento expressivo de mais de 1 milhão de mulheres investindo em renda variável. Essa expansão significativa vem acompanhada por um perfil de investimento distinto pelas mulheres.

As mulheres iniciam com um valor mediano de R$ 167, enquanto os homens iniciam com R$ 62. Em 2018, essa diferença era ainda maior: R$ 3,5 mil para elas contra R$ 2 mil para eles. 

No primeiro ano de investimento, as mulheres apresentam um saldo médio sob custódia de R$ 26 mil, superior aos R$ 9,8 mil dos homens. Apesar da queda no valor inicial médio, a acessibilidade à bolsa se amplia, demonstrando a participação crescente das mulheres nesse mercado.

Liderança feminina

A presença feminina no mercado financeiro e no mercado de ações vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, derrubando barreiras e conquistando espaços de destaque em um ambiente que, por muito tempo, foi predominantemente masculino.

De acordo com um levantamento feito pela FESA Group, 34% de cargos de liderança em bancos e fintechs são ocupados por mulheres. Por muito tempo, o mercado financeiro foi dominado por homens, limitando as oportunidades de mulheres desenvolverem suas carreiras e ocuparem cargos de liderança. 

Essa realidade histórica resultou em um cenário onde a busca por profissionais experientes, com 10 a 15 anos de experiência, encontra um obstáculo: a falta de mulheres com essa vivência no setor.

Apesar dos desafios, o panorama vem se modificando gradativamente. Cada vez mais mulheres estão conquistando espaço no mercado financeiro, demonstrando competência e expertise em diversas áreas. No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a tão desejada equidade de gênero.

Importância da diversidade de gênero no mercado financeiro

A diversidade de gênero no mercado financeiro vai além de uma questão de justiça social. Alguns dos benefícios da diversidade de gênero no mercado financeiro incluem:

  • Melhoria na tomada de decisões: diferentes perspectivas e experiências contribuem para uma análise mais completa e abrangente das informações, levando a decisões mais assertivas e com menor risco.
  • Aumento da criatividade e inovação: a diversidade de ideias e pensamentos estimula a criatividade e a geração de soluções inovadoras para os desafios do mercado.
  • Maior representatividade do público consumidor: as empresas com equipes mais diversas são mais propensas a entender e atender às necessidades de um público mais amplo, incluindo mulheres e outros grupos minoritários.
  • Ambiente de trabalho mais justo e inclusivo: a diversidade promove um ambiente de trabalho mais positivo e acolhedor para todos os colaboradores, o que aumenta a satisfação e a retenção de talentos.
  • Melhora da reputação da empresa: as empresas que demonstram compromisso com a diversidade de gênero são vistas com mais favorabilidade por investidores, clientes e parceiros.

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Quem são as mulheres investidoras mais conhecidas?

As mulheres investidoras mais conhecidas são:

  • Cristina Junqueira: cofundadora do Nubank, um dos maiores bancos digitais do mundo. Ela é reconhecida por sua liderança inovadora e por promover a inclusão financeira no Brasil.
  • Lara Lemann: fundadora da Maya Capital, uma empresa de investimentos que foca em startups na América Latina. Lara é conhecida por seu trabalho em impulsionar o empreendedorismo e a inovação na região.
  • Louise Barsi: filha de Luiz Barsi, um dos maiores investidores da bolsa brasileira, Louise segue os ensinamentos do pai e investe com foco em dividendos e valorização a longo prazo.
  • Abigail Johnson: CEO da Fidelity Investments, uma das maiores empresas de gestão de ativos do mundo. Abigail é uma das mulheres mais ricas e poderosas no mundo dos negócios.
  • Oprah Winfrey: além de ser uma famosa apresentadora e produtora, Oprah fez investimentos significativos em diversas áreas, incluindo mídia, bem-estar e educação.

Iniciativas e programas de incentivo à participação feminina no mercado financeiro

No Brasil, diversas iniciativas promovem a participação das mulheres no mercado financeiro. 

A XP Investimentos, por exemplo, tem o Programa “Mulheres na Liderança”, que busca aumentar a presença feminina em posições de liderança através de mentoria e desenvolvimento profissional. 

A B3 oferece o treinamento “Liderança Feminina”, preparando mulheres para cargos de liderança no setor. 

O BTG possui o programa Inside, que proporciona mentoria e estágio para estudantes universitárias interessadas na área financeira. 

Além disso, o Governo Federal lançou a Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino – Brasil pra Elas, visando fortalecer a autonomia financeira das mulheres. Essas iniciativas são cruciais para criar um mercado financeiro mais inclusivo e diversificado.

Perspectivas futuras para a atuação das mulheres na bolsa de valores

O estudo da B3 revela um cenário promissor para as mulheres na bolsa de valores. Com investimentos iniciais mais altos, maior saldo médio e perfil cauteloso e diversificado, as mulheres demonstram grande potencial nesse mercado. A democratização do acesso e a maior preparação antes de investir também são aspectos positivos que contribuem para o crescimento expressivo do número de investidoras nos últimos anos.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.