Empresas de carros elétricos no Brasil: conheça as investidoras
O mercado de veículos elétricos no Brasil está em ebulição, com grandes players globais e startups inovadoras disputando uma fatia desse promissor mercado.

O mercado de carros elétricos no Brasil está em plena expansão, na esteira de uma transformação significativa no setor automotivo. Somente entre janeiro e março de 2024, um levantamento da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) registrou a venda de 36.090 unidades de veículos elétricos, o que representou um expressivo aumento de 145% em comparação ao período homólogo do ano anterior.
Projeções da Bright Consulting indicam que, até 2030, os veículos eletrificados (incluindo híbridos e totalmente elétricos) deverão corresponder a 58% do mercado automotivo brasileiro. Esse contexto, inclusive, traz à tona discussões relacionadas à produção de energia renovável no país, considerando a crescente necessidade de um abastecimento sustentável para essa nova frota.
A demanda aquecida impulsionou investimentos das montadoras, o que se amplificou com a criação do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Com R$ 19 bilhões em incentivos até 2028, a nova política visa atrair novas plantas industriais e acelerar a transição para a mobilidade elétrica no país.
Principais fabricantes de carros elétricos no Brasil
O mercado automotivo brasileiro já conta com diversas marcas de carros elétricos, que têm ampliado sua oferta no país. Confira alguns dos exemplos notáveis:
BYD (Build Your Dreams)
A montadora chinesa é líder no mercado de carros elétricos no Brasil. Com 76.713 veículos, a empresa consolidou o país como seu maior mercado externo. Esse desempenho marcou um crescimento recorde em território nacional de 327,68% em comparação a 2023.
Dando continuidade à sua estratégia de expansão, a empresa pretende iniciar as operações de sua fábrica em Camaçari, na Bahia, em 2025. O empreendimento está projetado para atingir uma capacidade de produção anual de 300.000 veículos quando operar em pleno ritmo.
GMV (Great Wall Motors)
A Great Wall Motors, maior empresa entre as montadoras chinesas privadas, tem ampliado sua participação no mercado brasileiro de carros elétricos. Entre os modelos já disponíveis no país, destacam-se o GWM Ora 03 e o Haval H6 HEV, que representam a aposta da marca em tecnologia e sustentabilidade para atender à crescente demanda por veículos eletrificados no Brasil.
Para este ano, GWM confirmou o início das operações de sua fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo. A empresa adquiriu a antiga planta da Mercedes-Benz em 2021, na esteira do anúncio de um ambicioso investimento de R$ 10 bilhões no Brasil, com previsão de ser implementado até o final desta década. A inauguração da fábrica está programada para maio de 2025.
JAC Motors
No cenário automotivo brasileiro, a JAC Motors destacou-se como uma das pioneiras entre as fabricantes chinesas a se estabelecer no país. Apesar de não ter alcançado o mesmo sucesso que concorrentes diretas como BYD e GMV e de ter ajustado sua estratégia para incluir veículos a combustão no mercado local, a empresa mantém sua aposta em investimentos voltados para o segmento de veículos eletrificados.
Em um passo rumo à sustentabilidade, a empresa inaugurou no último ano o seu primeiro laboratório brasileiro dedicado à recuperação de baterias de veículos elétricos. Ao permitir a substituição de células defeituosas, essa iniciativa prolonga a vida útil das baterias e reduz a geração de resíduos eletrônicos.
Volkswagen
Com um investimento total de R$ 16 bilhões na América Latina até 2028, a Volkswagen reafirmou sua liderança no setor automotivo regional. No ano passado, a Volkswagen anunciou, em fevereiro, um investimento de R$ 9 bilhões na América Latina, a ser aplicado entre 2026 e 2028. Esse novo aporte soma-se ao plano já em execução, que destina R$ 7 bilhões para a região no período de 2022 a 2026.
O CEO da empresa, Ciro Possobom, confirmou os planos da Volkswagen para o mercado brasileiro, com a inclusão de 16 carros no pacote. “Então haverá carro flex, carro híbrido e carro elétrico”, declarou.
Chevrolet
A gigante estadunidense Chevrolet celebrará em 2025 um século de presença no Brasil, consolidada por fábricas localizadas em diferentes regiões do estado de São Paulo. Em 2023, o presidente do grupo para a América do Sul, Santiago Chamorro, anunciou que a empresa planeja iniciar a produção de carros elétricos no Brasil até 2030.
Atualmente, a Chevrolet oferece no Brasil diferentes veículos eletrificados, com destaque para o Blazer EV e o Equinox EV. Para aprimorar a experiência dos usuários desses modelos, a empresa anunciou o lançamento do aplicativo “MyChevrolet Charging”. A montadora informou que a ferramenta permite localizar pontos de recarga em todo o país e ainda possibilita o agendamento de carregadores da rede EZ Volt.
Stellantis
Com um investimento de R$ 30 bilhões anunciado em março do ano passado, a Stellantis reforça seu compromisso com a América do Sul. O plano, que inclui o desenvolvimento da tecnologia Bio-Hybrid, que combina a eletrificação com motores flexíveis movidos a biocombustíveis, demonstra a aposta da empresa em soluções sustentáveis para a mobilidade.
A gigante automotiva é responsável por marcas com notável presença no mercado brasilero Fiat, Chrysler, Jeep e Peugeot. O Polo Automotivo Stellanis, localizado em Betim, Minas Gerais, atua como um centro global de desenvolvimento de diferentes tecnologias, incluindo aquelas voltadas ao desenvolvimento de veículos totalmente elétricos – BEV (Battery Electric Vehicle) -, que são alimentados exclusivamente por bateria.
Nissan
Muito embora a Nissan tenha modelos comercializados no Brasil desde a década de 50, a Nissan chegou oficialmente ao Brasil em 2000. Desde então, diversos empreendimentos marcaram sua trajetória no mercado nacional, com destaque para o Complexo Industrial de Resende, no Rio de Janeiro, polo produtivo, dedicado exclusivamente à fabricação de veículos da marca.
Quanto aos veículos eletrificados, a Nissan foi pioneira com o Nissan LEAF. Em 2019, o modelo foi o carro 100% elétrico mais vendido do mundo. Para 2025, a empresa pretende aproveitar sua parceria com a Ampere, a divisão elétrica da Renault, para lançar seu próprio carro elétrico, inspirado no Twingo. A novidade promete um preço acessível, com valores em torno de R$ 100.000.
Tesla
E quanto à Tesla? Embora a empresa ainda não tenha presença oficial no Brasil, alguns de seus modelos já podem ser vistos nas ruas, trazidos por importadores independentes e entusiastas da marca. A entrada da empresa de Elon Musk no mercado brasileiro permanece incerta, principalmente devido ao tamanho reduzido desse segmento no país em comparação aos padrões globais da companhia.
É o que analisa Milad Kalume Neto, consultor independente do Mercado Automotivo e Mobilidade, em entrevista concedida ao Motor1 Brasil. Apesar das incertezas, o especialista sugere potencial de expansão da Tesla no Brasil, que, embora seja difícil, não é impossível.
Principais Startups e investidores de carros elétricos no Brasil

Atualmente, o Brasil se destaca como um dos principais destinos globais para investimentos em energias renováveis. De acordo com um estudo da consultoria EY, o país lidera na América Latina e ocupa a 13ª posição no ranking mundial de atratividade para o setor.
Esse cenário promissor, junto a novas tendências, também reflete no mercado brasileiro de carros elétricos, que, como visto, está em franca expansão. À medida que cresce a demanda por soluções sustentáveis e eficientes, diferentes startups brasileiras têm se destacado com propostas alinhadas a essa transformação. Entre os exemplos notáveis estão MovE, Hitch Electric e GreenV
MovE
MovE é uma das startups pioneiras no setor de mobilidade elétrica no Brasil. A empresa oferece soluções de compartilhamento de veículos elétricos, permitindo que os usuários aluguem carros elétricos de maneira prática e sustentável.
Com um foco em reduzir a pegada de carbono e melhorar a mobilidade urbana, a empresa original de Florianópolis vem ganhando espaço em grandes cidades brasileiras. Em sua página no LinkedIn, a equipe da MovE destaca possuir um DNA focado em inovação e tecnologia aplicada ao setor de energia, “contribuindo efetivamente para o desenvolvimento global do mercado e da técnica de recarga de veículos elétricos”.
Hitech Electric
Fundada em 2017 por Rodrigo Contin, a Hitech Electric ou apenas Hitech-E. se destaca pelo desenvolvimento de veículos 100% elétricos, compactos e ideais para o transporte urbano. A startup produz carros elétricos que são econômicos, sustentáveis e adaptados para as necessidades das cidades brasileiras.
Além disso, a Hitech-E. investe em tecnologia de ponta para garantir que seus veículos ofereçam alta performance e conforto aos usuários. Com operações em Campo Largo, no Paraná, a empresa oferece soluções de eletromobilidade para todo o território brasileiro, e mantém uma parceria estratégica com o Grupo WEG, um de seus principais fornecedores de soluções integradas para veículos elétricos, incluindo powertrain e baterias.
GreenV
GreenV é uma startup focada na distribuição, instalação de carregadores para carros elétricos no Brasil. A empresa oferece uma gama de produtos, incluindo estações de recarga, softwares de gestão de energia que otimizam o consumo elétrico e cursos focados em eletromobilidade.
Segundo site da própria empresa, a GreenV foi projetada “para se tornar maior referência em Tecnologia para Mobilidade Elétrica” no país. A startup pretende facilitar a transição para veículos elétricos, oferecendo soluções integradas que atendem às necessidades de consumidores e empresas, promovendo um futuro mais sustentável.
Quer estar mais informado sobre o setor energético brasileiro? Nos últimos anos, o segmento se mostrou, em diferentes frentes, uma oportunidade de investimentos. Para quem busca boas opções no mercado acionário, reunimos as principais ações de energia para este ano.
Como funciona a infraestrutura de Apoio dos fabricantes de carros elétricos?
A transição para uma mobilidade sustentável depende crucialmente do desenvolvimento de uma infraestrutura robusta para veículos elétricos. Essa infraestrutura, entre outros fatores, engloba a instalação de uma rede ampla de estações de recarga, a criação de políticas públicas incentivadoras e a construção de parcerias entre o setor público e privado para fomentar a produção.
Estações de Recarga
No Brasil, o número de estações de recarga, embora ainda represente um desafio, está crescendo e hoje supera 10 mil pontos públicos, concentrados principalmente no Sul e sudeste, com destaque para São Paulo. A recarga pública, em especial, envolve estações instaladas em locais de fácil acesso, como shoppings e estacionamentos.
Incentivos governamentais
O avanço na adoção de veículos eletrificados no Brasil para uma efetiva transformação de costumes depende, entre outros pontos, de incentivos provenientes de políticas públicas. Um exemplo recente em território nacional compete ao programa Mover, cuja proposta, segundo o governo, é “promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluir limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrar menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde”.
Parcerias Público-Privadas
Outro fato de importância para construção de uma infraestrutura robusta se relaciona a uma sinergia entre o setor público e o privado. Em síntese, parcerias estratégicas entre governos e empresas permitem a otimização de recursos e a aceleração da expansão da rede de carregamento. Exemplos de tais parcerias incluem a colaboração entre fabricantes de carros elétricos e operadoras de redes de energia para a instalação de estações de recarga em locais estratégicos.
Por aqui, companhias como Enel X, Raízen, EDP e Weg têm intensificado investimentos na expansão da infraestrutura de recarga, com o objetivo de ampliar a rede de pontos de carregamento de veículos elétricos.
Principais desafios do mercado
O mercado de carros elétricos no Brasil ainda enfrenta vários desafios, apesar do crescimento significativo nas vendas. Um dos principais obstáculos que costumam ser elencados pela imprensa especializada é a barreira de entrada para a aquisição de veículos elétricos.
Embora haja um movimento em direção à acessibilidade, os carros elétricos ainda tendem a ser mais caros que os movidos a combustão. Um fator que pode retardar a queda de preços é o imposto de importação, atualmente de 18%, que passará para 25% no segundo semestre deste ano.
Outro desafio usualmente destacado para a popularização dos carros elétricos no Brasil está relacionado à percepção do consumidor. A falta de conhecimento sobre a tecnologia, dúvidas sobre autonomia e durabilidade, além do receio em relação à infraestrutura de recarga, são fatores que impedem muitos brasileiros de adotar esses veículos em seu dia a dia.
O receio é válido, afinal, a falta de uma infraestrutura de recarga robusta permanece como uma questão. Embora o número de estações de recarga esteja aumentando, especialmente em grandes centros urbanos, a disponibilidade ainda é limitada, ou inexistente, no caso de áreas rurais e interioranas.
Em suma, a falta de pontos acessíveis é uma barreira para os consumidores, considerando a preocupação com a autonomia dos veículos e os preços diretamente afetados por esse e outros diversos fatores.
Previsões de comercialização de carros elétricos para 2025
A expectativa para 2025 é de maior acessibilidade nos preços dos carros elétricos no Brasil, impulsionada pela chegada de novas marcas chinesas e pela crescente competitividade no mercado. As montadoras, em geral, têm utilizado estratégias como bonificações e incentivos para atrair novos consumidores, e essa tendência deve se manter em 2025.
No mercado nacional, o Renault Kwid E-Tech continua sendo o modelo mais barato, oferecido por R$ 99.990. Já o BYD Dolphin Mini, a opção elétrica mais vendida no país, custa R$ 115.800 em sua configuração básica de 4 assentos. Uma novidade para o próximo ano é a entrada da Leapmotor, com promessas de preços competitivos, destacando o modelo T03 como potencial atrativo.
As vendas globais de veículos elétricos devem atingir 15,1 milhões de unidades em 2025, um aumento significativo em relação às 11,6 milhões que haviam sido previstas para 2024, conforme dados da S&P Global Mobility. Esse crescimento, segundo o estudo, deve ser impulsionado por políticas governamentais, como subsídios fiscais e investimentos em infraestrutura de recarga, elevando a participação de mercado dos elétricos de 13,2% para 16,7%.
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