Três anos da febre da IA: como o ChatGPT transformou o mercado de ações nos EUA

A matéria explica como os três anos desde o lançamento do ChatGPT desencadearam a chamada “febre da IA”, revolucionando o mercado de ações nos Estados Unidos.

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26 de nov, 2025 às 07:30
Mãos digitando em um teclado de notebook com luzes roxas, e uma tela de interface virtual de "CHAT GPT" flutuando acima. Imagem: Bussarin Rinchumrus / iStock

Há três anos, a chegada do ChatGPT desencadeou a chamada febre da IA, redefinindo posições de liderança em Wall Street e alterando profundamente o comportamento do mercado de ações. Desde novembro de 2022, quando o chatbot foi lançado pela OpenAI, a tecnologia passou de promessa futurista para força dominante, moldando expectativas, influenciando investimentos e criando novas dinâmicas entre vencedores e perdedores do mundo corporativo.

A revolução não aconteceu em silêncio: ela se tornou visível no desempenho das maiores empresas listadas nos Estados Unidos e na transformação do índice S&P 500. Hoje, especialistas apontam que a inteligência artificial é o motor do atual ciclo de alta das ações — e que essa tendência está longe de perder força.

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O entusiasmo com a inteligência artificial colocou novamente a tecnologia no centro das atenções de Wall Street. Após um período de queda de lucros e taxas de juros mais altas, as gigantes digitais voltaram a dominar o mercado. A aposta dos investidores era clara: se a IA realmente se tornaria um pilar econômico, seriam as Big Tech as responsáveis por conduzir essa transformação.

Essa leitura se confirmou rapidamente. Desde a chegada do ChatGPT, o S&P 500 acumulou alta de 64%, impulsionado principalmente por sete gigantes: Nvidia, Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon, Meta e Broadcom. Juntas, essas companhias representam quase metade de todos os ganhos do índice no período.

Nvidia e o poder dos chips na febre da IA

Nenhum nome surfou a onda da IA tão intensamente quanto a Nvidia. A fabricante de chips se tornou o símbolo dessa corrida tecnológica, acumulando uma valorização impressionante desde 2022. Seus processadores gráficos se tornaram o “coração” da infraestrutura de IA utilizada por empresas de todos os setores, tornando a companhia a principal beneficiada do boom.

A explosão da demanda transformou as projeções financeiras da empresa: a receita anual, que era de US$ 27 bilhões antes da febre da IA, deve ultrapassar US$ 200 bilhões neste ano, segundo estimativas de analistas. Isso reflete um mercado sedento por capacidade computacional, com investimentos bilionários para sustentar modelos cada vez mais sofisticados.

Mesmo com esse domínio, a Nvidia já enfrenta competição crescente. Nos últimos meses, discussões envolvendo a Meta e o Google sobre novos chips de IA têm movimentado o setor e pressionado a fabricante a acelerar sua inovação.

Da tecnologia à energia: a IA amplia seu alcance no mercado

Um dos efeitos mais surpreendentes da febre da IA está no setor de energia. A necessidade massiva de eletricidade para abastecer data centers e supercomputadores transformou empresas que antes eram pouco comentadas em protagonistas do mercado.

Vistra, NRG Energy e Constellation Energy registraram altas expressivas, algumas superiores a 600%, impulsionadas pela demanda contínua e previsível por energia. Ao mesmo tempo, startups nucleares e projetos de reativação de usinas voltaram ao radar, mostrando que a IA mudou até mesmo a forma como os EUA pensam sua matriz energética.

Os perdedores da revolução tecnológica

Enquanto alguns setores prosperam, outros enfrentam desafios profundos. Empresas de software tradicional, recrutamento e publicidade viram suas ações despencarem diante do risco de substituição pela IA. Muitas não conseguiram acompanhar o ritmo acelerado de inovação, perdendo relevância e espaço no mercado.

Casos extremos, como os de LivePerson e Chegg — ambas caindo mais de 90% — exemplificam essa mudança brusca. Organizações cuja atuação pode ser facilmente automatizada estão sob forte pressão para se reinventar.

Concentração histórica e preocupações futuras

A febre da IA também trouxe um efeito colateral: a concentração sem precedentes do S&P 500. As sete maiores empresas agora representam cerca de 35% do índice, aumentando a sensibilidade do mercado a qualquer oscilação dessas gigantes. Especialistas alertam que, embora a IA continue sendo o motor do crescimento, essa dependência também cria risco adicional.

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