O segundo trimestre de 2025 trouxe uma virada importante para os bancos brasileiros. Depois de um 2024 marcado por resultados recordes e valorização expressiva em bolsa, a nova temporada de balanços mostrou que nem todas as instituições conseguiram sustentar o ritmo. Entre ITUB4, BBAS3, BBDC4, BPAC11, SANB11, ROXO31 e INTR31, alguns confirmaram sua força com lucros históricos, enquanto outros enfrentaram forte deterioração.

De acordo com levantamento da consultoria Elos Ayta, o lucro consolidado dos cinco maiores bancos listados na B3 somou R$ 27,98 bilhões, uma queda de 5,6% em relação ao mesmo período de 2024 e retração de 8,1% frente ao primeiro trimestre deste ano. A pressão maior veio do Banco do Brasil, cujo lucro desabou, contrastando com o desempenho positivo de bancos privados e de instituições digitais.

Panorama geral do setor bancário

A temporada de balanços do 2T25 escancarou a divergência entre vencedores e perdedores no setor financeiro brasileiro. Enquanto bancos como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11), Nubank (ROXO31) e Inter (INTR31) apresentaram resultados acima das expectativas, sustentados por margens financeiras robustas e receitas diversificadas, o Banco do Brasil (BBAS3) e o Santander Brasil (SANB11) amargaram quedas expressivas, prejudicados pela alta da inadimplência e provisões mais elevadas.

Essa divisão mostra como o ambiente econômico atual exige maior eficiência operacional, inovação digital e gestão de risco refinada para atravessar um cenário de crédito mais desafiador.

Itaú Unibanco (ITUB4) mantém liderança com lucro recorde

O Itaú Unibanco mais uma vez se destacou como líder absoluto do setor. O banco reportou lucro de R$ 11,28 bilhões, um avanço de 14% em 12 meses e o maior resultado da história entre as instituições listadas na B3. Esse desempenho representa mais de 40% de todo o lucro do setor bancário no período.

A força do Itaú veio da expansão da margem financeira com clientes (NII) e do controle da inadimplência. O banco ainda revisou seu guidance para cima, sinalizando confiança na sustentabilidade do crescimento. As ações ITUB4 acumulam alta de 31% em 2025, refletindo o otimismo do mercado.

Analistas mantêm o papel como top pick do setor: a Genial Investimentos projeta preço-alvo de R$ 43,80 (upside de 22%), enquanto o Safra prevê lucro anual próximo de R$ 46 bilhões.

Bradesco (BBDC4) mostra sinais claros de retomada

O Bradesco surpreendeu positivamente ao apresentar lucro de R$ 6,07 bilhões, crescimento de 28,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Foi o melhor segundo trimestre desde 2021 e reforça a narrativa de recuperação da instituição.

O resultado foi impulsionado por uma margem com clientes recorde, maior volume de crédito e avanço nas receitas de serviços, especialmente em cartões e gestão de ativos. Ações BBDC4 já acumulam valorização de quase 40% no ano.

Para o Safra, o preço-alvo do papel é de R$ 21, o que indica potencial de alta de 34%.

BTG Pactual (BPAC11) entrega recorde histórico

O BTG Pactual registrou o maior lucro de sua história: R$ 4,2 bilhões, salto de 42% em relação ao mesmo período de 2024. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 27%, superando inclusive o Itaú.

Todas as linhas de receita do banco cresceram entre 15% e 40%, com destaque para as áreas de Investment Banking e Sales & Trading. Apesar da volatilidade natural dessas frentes, analistas destacam que o BTG constrói uma base sólida para sustentar lucros elevados.

Nubank (ROXO31) surpreende e ganha força em NY

O Nubank, listado em Nova York, apresentou lucro líquido de US$ 637 milhões, com ROE de 28%. O resultado superou as expectativas do mercado e levou as ações ROXO31 a dispararem mais de 16% após a divulgação.

O avanço foi puxado pela expansão da margem financeira líquida e pela diversificação das receitas além do cartão de crédito. O BTG elevou a recomendação para compra pela primeira vez desde o IPO de 2021, destacando o valuation mais atrativo.

Inter (INTR31) confirma virada e consolida escalabilidade

O Inter registrou lucro recorde de R$ 315 milhões, alta de 50% em relação a 2024, com ROE de 13,9%. As ações INTR31 dispararam até 12% após a divulgação, refletindo a confiança do mercado.

O banco digital conseguiu melhorar sua eficiência operacional e ampliar receitas em várias frentes. O BTG prevê lucro líquido de R$ 1,4 bilhão em 2025, um crescimento de 50% sobre o ano anterior, confirmando a transição de promessa para instituição escalável e rentável.

Banco do Brasil (BBAS3) amarga deterioração

Na outra ponta, o Banco do Brasil foi o grande destaque negativo. O lucro despencou 60%, para R$ 3,8 bilhões, enquanto o ROE caiu para apenas 8%. A principal pressão veio da inadimplência no agronegócio, que avançou 140 pontos-base no trimestre.

Embora o guidance anual de lucro tenha sido mantido entre R$ 21 e R$ 25 bilhões, analistas do mercado questionam se será possível atingi-lo. O aumento da carteira renegociada e a queda na carteira ordinária acenderam alertas de mais provisões à frente.

Santander Brasil (SANB11) decepciona investidores

O Santander Brasil também não conseguiu entregar bons números. O lucro de R$ 3,6 bilhões ficou 5% abaixo do registrado no primeiro trimestre de 2025, acompanhado por provisões 7% maiores e queda de 6% na margem ajustada ao risco.

Analistas classificaram o trimestre como fraco: o Safra apontou qualidade abaixo do esperado e o BTG definiu o resultado como um “fracasso”. O mercado reagiu negativamente, refletindo a preocupação com a carteira de pequenas e médias empresas.

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