Brasil registra fluxo cambial negativo de US$ 7,1 bilhões em novembro, aponta Banco Central

O Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial negativo de US$ 7,115 bilhões em novembro, impulsionado principalmente por fortes saídas pelo canal financeiro, relacionadas a investimentos, remessas e pagamentos de juros.

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Última atualização:  03 de dez, 2025 às 18:23
Um close-up de duas mãos humanas contando ou folheando várias notas de 100 dólares americanos. Imagem: Kerem Uzel/Bloomberg

O fluxo cambial negativo registrado pelo Brasil em novembro atingiu US$ 7,115 bilhões, segundo dados preliminares divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (3). O resultado, concentrado principalmente em saídas pelo canal financeiro, reflete o comportamento dos investidores internacionais diante das condições econômicas e do cenário global de juros mais altos. Os números fazem parte das estatísticas do câmbio contratado e ajudam a mostrar como o mercado de capitais e o comércio exterior influenciam a entrada e a saída de moeda estrangeira do país.

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O principal destaque do mês é o saldo total negativo de US$ 7,115 bilhões, que caracteriza um dos movimentos mais expressivos de saída de recursos em 2025. O dado, embora preliminar, já indica uma tendência de maior volatilidade, especialmente entre investidores estrangeiros que operam no mercado financeiro brasileiro.

Saídas pelo canal financeiro explicam o desempenho do mês

O Banco Central apontou que o canal financeiro foi responsável pela maior parte do fluxo cambial negativo registrado em novembro. Ao todo, houve saídas líquidas de US$ 7,156 bilhões.

Nesse grupo estão operações como:

  • investimentos estrangeiros em carteira, que tendem a oscilar diante de incertezas políticas ou econômicas;
  • remessas de lucros de multinacionais para suas matrizes;
  • pagamento de juros de dívidas externas de empresas e do setor público;
  • captações e amortizações de empréstimos internacionais.

Esse conjunto de operações costuma reagir com rapidez ao ambiente global. Em anos de juros elevados nos Estados Unidos ou incertezas sobre crescimento econômico, muitos investidores preferem reduzir posições em emergentes, o que ajuda a explicar parte da saída financeira em novembro.

Canal comercial tem saldo positivo, mas insuficiente

Em contraste com o resultado financeiro, o canal comercial apresentou saldo positivo de US$ 41 milhões no mês. Isso significa que exportadores trouxeram mais dólares ao país do que importadores enviaram ao exterior. Entretanto, o valor foi muito pequeno diante da magnitude das saídas financeiras.

O desempenho do canal comercial está relacionado ao comportamento das exportações, especialmente de commodities como soja, minério de ferro e petróleo. Mesmo com preços relativamente firmes, a balança comercial não conseguiu neutralizar as pressões do mercado financeiro.

Última semana do mês reforça tendência de saída de dólares

Segundo o Banco Central, entre os dias 24 e 28 de novembro, o fluxo cambial total foi negativo em US$ 4,129 bilhões, representando grande parte do saldo geral do mês. Essa concentração de saídas no fim de novembro pode estar associada à reorganização de carteiras de grandes fundos internacionais ou a remessas corporativas típicas do encerramento do ano fiscal.

Acumulado do ano segue no vermelho e preocupa analistas

No acumulado de 2025 até 28 de novembro, o país registra fluxo cambial negativo de US$ 19,799 bilhões. Esse desempenho resulta da combinação de maior volatilidade financeira global, incertezas fiscais internas e remessas sazonais de fim de ano.

Economistas consultados avaliam que o movimento ainda não compromete o equilíbrio externo do país, dado o nível robusto de reservas internacionais. Porém, alertam que a continuidade de saldos negativos pode pressionar o dólar e influenciar expectativas de inflação.

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