O Safra avaliou que ainda é cedo para afirmar que o Banco do Brasil (BBAS3) atingiu o fundo do poço, mesmo após o lucro líquido do banco cair 60% no segundo trimestre de 2025 (2T25), totalizando R$ 3,8 bilhões. O resultado reforçou a percepção de um ambiente operacional deteriorado, com indicadores de qualidade de ativos mostrando sinais de pressão em diversos setores da instituição financeira.

Resultados do 2T25 e ambiente operacional do BBAS3

Segundo os analistas do Safra, Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre, o desempenho do BBAS3 no trimestre confirmou expectativas de desafios contínuos. “Ainda não é possível afirmar que a situação chegou ao fundo do poço, já que as tendências de qualidade dos ativos permanecem ruins em todos os setores”, afirmam em relatório.

Apesar da queda expressiva do lucro líquido, o banco apresentou alguns destaques positivos, como a margem financeira (NII) de R$ 25,1 bilhões, 4% acima da estimativa do Safra. O banco também informou que houve efeito contábil negativo líquido de R$ 700 milhões na NII, mas reforçou sua capacidade de geração de receita, especialmente na reprecificação de parte da carteira de Pessoas Físicas.

Carteira rural e aumento da inadimplência

Um dos principais pontos de atenção do Safra é a carteira rural do BBAS3. A inadimplência cresceu 140 pontos-base na comparação trimestre a trimestre, pressionando os resultados do banco. Os analistas destacam que a tendência é de que a inadimplência continue a subir devido aos empréstimos com vencimento entre junho e julho.

Além disso, a composição da carteira rural mostra sinais de deterioração: a carteira ordinária caiu R$ 7 bilhões, enquanto a renegociada cresceu na mesma proporção. “Essa movimentação reforça a necessidade de mais provisões no futuro”, apontam os analistas, alertando para o impacto potencial nas finanças do banco.

Projeções financeiras para 2025

O Safra também analisou as metas do Banco do Brasil para 2025. A projeção de lucro líquido entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões é considerada ambiciosa. Segundo o relatório, caso o banco consiga atingir esse resultado, grande parte será atribuída à margem financeira, que surpreendeu positivamente no 2T25 devido aos esforços para aumentar rendimentos e reprecificar algumas carteiras.

Além do lucro, o Safra revisou a expectativa de NII para R$ 103 bilhões a R$ 105 bilhões e ajustou as provisões líquidas para a faixa de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões. No ponto médio das projeções, isso implica uma queda de 28% na NII ajustada ao risco em relação ao ano anterior.

Avaliação de ações e dividendos

Para os analistas do Safra, BBAS3 está sendo negociada a um múltiplo de cinco vezes o lucro projetado para 2025, “não tão barato quanto em anos anteriores”. O novo payout de 30% totaliza R$ 6,2 bilhões em juros sobre o capital próprio, resultando em rendimento bruto de 5,4% (4,6% líquido), valor considerado pouco atrativo para quem busca dividendos consistentes.

A recomendação do Safra para BBAS3 é neutra, com preço-alvo de R$ 25 para os próximos 12 meses. Esse valor representa um potencial de valorização de cerca de 26% em relação ao preço de fechamento do dia 14 de agosto, antes da divulgação do balanço.

Reação do mercado

Na sexta-feira (15), as ações do BBAS3 operaram instáveis no Ibovespa (IBOV). Inicialmente, houve queda de mais de 4%, mas posteriormente os papéis inverteram a tendência, subindo mais de 2% após leilões por oscilação máxima permitida.

O Safra observou que muitos investidores esperavam um resultado mais pessimista, com lucro próximo de R$ 20 bilhões, e poderiam interpretar o desempenho do 2T25 como positivo, considerando que o resultado superou expectativas conservadoras.

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