O Museu do Amanhã, localizado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, inaugurou uma exposição de grande relevância ambiental e cultural que tem como destaque principal a obra da fotógrafa Claudia Andujar. Radicada no Brasil desde 1955, a suíça é uma das mais importantes fotógrafas brasileiras e ativista dedicada à causa dos povos indígenas, especialmente do povo Yanomami. A mostra “Claudia Andujar e seu universo: Ciência, sustentabilidade e espiritualidade” abre as portas do museu menos de quatro meses antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que começa em 10 de novembro, em Belém (PA).

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Exposição Claudia Andujar no Museu do Amanhã: um olhar sobre os Yanomami e a Amazônia

A exposição apresenta 130 fotografias captadas por Claudia Andujar desde os anos 1970, em aldeias de Roraima, registrando o cotidiano e a cultura dos Yanomami. A relação profunda da artista com esse povo foi fundamental para a campanha pela demarcação da Terra Yanomami, oficialmente homologada em 1992. Aos 94 anos, Claudia reforça que a circulação dessas imagens é essencial para a preservação dos direitos e da identidade dos Yanomami, que enfrentam ameaças constantes de garimpeiros ilegais.

Segundo a fotógrafa, “os governos no Brasil nunca entenderam o que é o povo Yanomami”, e sua luta é garantir que o mundo conheça quem são esses indígenas para que a união e resistência continuem firmes. A curadoria da mostra, assinada por Paulo Herkenhoff, buscou criar uma experiência que lembra o curso do rio Amazonas, com sua fluidez e diversidade, traduzida na disposição das obras e nas cores vibrantes da expografia assinada por Leila Scaf Rodrigues.

Abertura tripla no Museu do Amanhã antecipa debates da COP30

Além da exposição de Claudia Andujar, o Museu do Amanhã inaugurou outras duas mostras simultâneas que dialogam com temas urgentes da COP30: “Água Pantanal fogo” e “Tromba d’água”. Essas mostras fazem parte da Ocupação Esquenta COP, iniciativa que ocupa um espaço de 1.200 m² para mostras temporárias no museu, que em dezembro completará 10 anos de existência.

“Água Pantanal fogo”, curada por Eder Chiodetto, reúne fotos de Lalo de Almeida, vencedor do World Press Photo, e de Luciano Candisani. As imagens mostram a riqueza natural do Pantanal, assim como os incêndios criminosos que devastaram o bioma em 2020. A exposição enfatiza a urgência de preservar o meio ambiente e alerta para os riscos das recentes flexibilizações nas leis ambientais, como o chamado “PL da Devastação”, aprovado na Câmara dos Deputados.

Já “Tromba d’água” traz 27 obras de 14 artistas mulheres da América Latina, selecionadas pelo Instituto Artistas Latinas. A mostra utiliza a metáfora da tromba d’água — um fenômeno natural que conecta o mar às nuvens e os rios às suas margens — para falar sobre a força, diversidade e conexão da arte feminina na região, com linguagens variadas que incluem pintura, escultura, foto e videoarte.

Complementos artísticos e contexto do Museu do Amanhã

Na exposição dedicada a Claudia Andujar, além das fotografias da artista, o público poderá conferir obras de nomes reconhecidos como Cildo Meireles, Walter Firmo, Sebastião Salgado, Maureen Bisilliat, Denilson Baniwa, Xadalu e a chilena Seba Calfuqueo — três destes últimos indígenas, o que fortalece o diálogo entre arte, ancestralidade e sustentabilidade.

O Museu do Amanhã, referência em inovação e educação científica, celebra neste ano uma década de atividades, com foco crescente em temáticas relacionadas à ciência, meio ambiente e cultura. A criação do novo espaço de mostras temporárias visa ampliar o alcance dessas discussões por meio da arte e da fotografia, alinhando-se aos desafios globais que serão debatidos na COP30 em Belém.