A JBS (JBSS3) enfrenta acusações de greenwashing nos Estados Unidos poucos dias antes da COP30, em um processo movido pelo grupo ativista Mighty Earth. A ação judicial contesta as alegações da empresa sobre suas metas climáticas e levanta questões sobre a transparência de suas operações ambientais, colocando o maior produtor de carnes do mundo sob intenso escrutínio internacional.

O processo foi apresentado ao Tribunal Superior do Distrito de Columbia, em Washington, e ocorre em um momento em que a pressão global sobre empresas para comprovar seus compromissos ambientais aumenta, especialmente com a proximidade da conferência climática da ONU.

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JBS é processada por alegações de metas climáticas enganosas

O núcleo da ação movida pela Mighty Earth é que a JBS teria feito declarações falsas ou enganosas ao afirmar que alcançaria emissões líquidas zero até 2040. Segundo o grupo ativista, a empresa teria omitido informações cruciais sobre os impactos ambientais de suas operações, violando leis de proteção ao consumidor.

“Estamos questionando as alegações climáticas da JBS USA de ser ‘net zero até 2040’ como falsas e enganosas”, afirmou Alex Wijeratna, diretor sênior de investigações da Mighty Earth. Ele destacou que a companhia não teria um plano confiável para reduzir as emissões em toda a sua cadeia de suprimentos, tornando as promessas climáticas inconsistentes.

Além disso, a ação nos Estados Unidos segue uma tendência global de processos legais que visam combater o greenwashing corporativo. Na semana passada, a gigante de energia TotalEnergies enfrentou uma decisão judicial na França por alegações similares, mostrando que as empresas estão cada vez mais sob vigilância sobre suas declarações ambientais.

Defesa da JBS e posicionamento oficial

Em resposta à ação, a JBS rejeitou categoricamente as acusações e afirmou que suas metas de sustentabilidade não são enganosas. A empresa reforçou que realiza progressos mensuráveis e auditados em direção a um sistema alimentar global mais sustentável.

“Nossas ações são guiadas pela ciência, transparência e responsabilidade, e continuamos focados em oferecer um progresso mensurável e significativo em direção a um sistema alimentar global mais sustentável”, disse a companhia em comunicado oficial.

O diretor de sustentabilidade da JBS, em entrevista à Reuters em janeiro, esclareceu que a meta “net zero” até 2040 é uma aspiração, não uma promessa formal, mas que a empresa permanece comprometida com suas iniciativas climáticas. Essa declaração busca reforçar que os objetivos ambientais são parte de um plano estratégico de longo prazo, com progresso monitorado e divulgado publicamente.

Controvérsia sobre títulos de sustentabilidade (SLBs)

A ação judicial também inclui questionamentos sobre os títulos vinculados à sustentabilidade (SLBs) emitidos pela JBS em 2021, no valor de US$ 3 bilhões, subscritos pelo banco Barclays. A Mighty Earth alegou que os títulos foram “enganosos” porque permitiram à empresa obter vantagens financeiras sem um plano sólido para atingir suas metas ambientais.

A JBS, no entanto, afirmou que os títulos estavam ligados a metas de desempenho verificadas e auditadas anualmente, com progresso divulgado de forma transparente. A Autoridade de Conduta Financeira (FCA) do Reino Unido, que monitora o mercado de produtos com selo de sustentabilidade, não se pronunciou sobre o caso, assim como o Barclays.

Casos semelhantes já atingiram outros bancos. O ING foi processado em março por financiar empresas de combustíveis fósseis, enquanto o BNP Paribas enfrentou ações judiciais em 2023 relacionadas a metas climáticas, evidenciando uma atenção crescente sobre a responsabilidade dos bancos em relação às práticas ambientais das empresas financiadas.

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