O show de Mariah Carey na Amazônia, realizado recentemente no Rio Guamá, em Belém (PA), foi muito além da grandiosidade musical. O espetáculo impressionou não só pela presença da diva americana e de artistas locais, mas também pelo cuidado com o destino do palco flutuante, que agora vai ganhar uma nova vida. A estrutura de 13,2 toneladas, criada em formato de vitória-régia, será reaproveitada por cooperativas e comunidades ribeirinhas, em um gesto que une cultura e sustentabilidade.

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Palco flutuante vira artesanato e apoio às comunidades

O chamado Palco Flor foi montado sobre uma balsa em um estaleiro local e pensado para existir apenas por uma noite. Mas o que poderia terminar em descarte, se transformará em oportunidade. As pétalas metálicas que formavam a cenografia serão reaproveitadas por cooperativas de artesãos no Pará e ganharão novos formatos em peças criativas. Já as estacas de madeira usadas na montagem terão como destino associações de moradores e ribeirinhos que vivem às margens do Rio Guamá.

De acordo com Roberta Medina, vice-presidente da Rock World — produtora do Rock in Rio e do The Town —, o projeto foi planejado desde o início para seguir uma lógica de economia circular, evitando desperdício. “Todo o material será reutilizado. Queríamos mostrar que grandes eventos também podem deixar legados reais”, explica.

Um show que abre caminhos para a COP30

Mais do que um espetáculo, o evento teve um caráter simbólico: foi a “largada não oficial” para a COP30, conferência da ONU sobre clima, que acontecerá em Belém entre 10 e 21 de novembro. O show trouxe a mensagem de preservação da floresta amazônica e de valorização da cultura local, ao reunir Mariah Carey no mesmo palco que nomes consagrados do Pará, como Dona Onete, Joelma, Gaby Amarantos e Zaynara.

Transmitido pelo Globoplay e Multishow, o evento também ganhou força popular com o show gratuito de Ivete Sangalo e Viviane Batidão no Estádio do Mangueirão. A ideia foi mostrar que a Amazônia está viva e que sua riqueza cultural merece tanto destaque quanto sua importância ambiental.

Sustentabilidade no centro de tudo

Toda a produção foi pensada para causar o menor impacto possível. Grande parte dos materiais usados foi alugada, e aquilo que não pôde ser reaproveitado na forma original será transformado em novos usos para as comunidades. O palco, que nasceu como símbolo de um espetáculo, agora se desdobra em fonte de renda e expressão cultural para artesãos e moradores locais.

Essa estratégia mostra como os grandes eventos vêm se adaptando à necessidade de produzir menos resíduos e gerar mais impacto positivo, criando um ciclo no qual nada se perde e tudo se transforma.

Financiamento privado e apoio do governo

Diferente do que circulou em boatos nas redes sociais, o evento não utilizou recursos públicos. O financiamento veio de iniciativas privadas, com patrocínio do Instituto Vale Cultural. O governo do Pará participou apenas com apoio logístico, oferecendo estrutura de transporte público para facilitar a mobilidade nos dias de espetáculo.

O governador Helder Barbalho destacou a importância de aproveitar a visibilidade internacional da COP30 para reforçar a imagem do estado como referência em sustentabilidade. “Queremos que esse momento seja um marco, não apenas um evento. Que ele deixe conexões e legados para o futuro”, afirmou.

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