Galípolo afirma que Selic a 15% não é popular, mas garante foco do BC na meta de inflação
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu que manter a Selic a 15% não é popular, mas ressaltou que a medida é essencial para cumprir a meta de inflação de 2025.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil - 26.06.2025
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou na última terça-feira (8), em Brasília, que a manutenção da taxa Selic a 15% dificilmente será recebida com simpatia pela população ou pelo mercado, mas que a decisão reflete o compromisso do BC em cumprir a meta de inflação. Apesar da alta taxa de juros, o chefe da autarquia afirmou estar tranquilo ao perseguir o objetivo de controlar a inflação e manter a estabilidade econômica do país.
Selic a 15% e o compromisso do Banco Central com a meta de inflação
A Selic, principal ferramenta da política monetária, foi elevada para 15% para tentar conter a inflação que tem persistido acima do esperado. Segundo Galípolo, o Comitê de Política Monetária (Copom) sabe que essa medida não é popular, mas é necessária para cumprir o papel constitucional do Banco Central. “Eu durmo muito tranquilo sabendo que o que eu estou fazendo é cumprir a meta e perseguir a meta, e tenho absoluta convicção que este é o papel do Banco Central”, afirmou durante evento da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo e do Instituto Unidos Brasil.
Essa elevação da Selic é uma resposta direta aos desafios enfrentados pela economia brasileira, marcada por pressões inflacionárias que exigem ações firmes para evitar que os preços continuem subindo e afetem o poder de compra dos brasileiros.
Sistema de meta de inflação contínua: um novo desafio para o Banco Central
Com a entrada em vigor do sistema de meta de inflação contínua em janeiro deste ano, o Banco Central passou a ter uma nova obrigação: enviar cartas abertas ao ministro da Fazenda sempre que a inflação acumulada em 12 meses ultrapassar a meta por seis meses consecutivos. Gabriel Galípolo será o primeiro presidente do BC a enviar duas dessas cartas em um único ano.
A segunda carta está prevista para ser divulgada esta semana, logo após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. Em janeiro, o BC já havia explicado os motivos para o descumprimento da meta de inflação de 2024.
Essa exigência busca aumentar a transparência da política monetária e a responsabilidade da instituição diante do mercado e da população.
Desafios na transmissão da política monetária no Brasil
Apesar dos esforços do Banco Central, Galípolo reconheceu que a transmissão da política monetária no Brasil enfrenta dificuldades maiores do que em outros países. Segundo ele, os canais de transmissão da Selic não funcionam tão bem, o que dificulta o controle efetivo da inflação.
“O que não há é uma bala de prata para lidar com as diferentes distorções que estão por trás do problema”, explicou. Entre essas distorções, destacam-se subsídios cruzados na economia brasileira, que criam cenários onde algumas empresas conseguem emitir dívida a custos menores que o próprio Tesouro Nacional, e a baixa sensibilidade dos juros do rotativo do cartão de crédito às variações da Selic.
Galípolo e a visão para o futuro da política monetária
O presidente do BC afirmou que ficará satisfeito quando o mercado começar a valorizar menos os nomes dos diretores da autarquia e mais a solidez do arcabouço institucional da política monetária do Brasil. Ele ressaltou que a postura “intransigente e obstinada” do Banco Central na busca da meta de inflação de 3% é um sinal claro da seriedade do trabalho da instituição.
Essa visão reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade econômica e a previsibilidade, fatores essenciais para atrair investimentos e garantir crescimento sustentável.