O desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, atingindo o menor patamar para o período desde o início da série histórica, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A retração surpreendeu os analistas, que projetavam um índice de 6,4%. O desempenho reforça a resiliência do mercado de trabalho, que continua sendo um pilar de sustentação para a economia brasileira.

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Queda do desemprego no Brasil é puxada pelo avanço do emprego formal

O recuo do desemprego no Brasil foi impulsionado principalmente pela criação de vagas com carteira assinada. O número de trabalhadores formais no setor privado atingiu 39,762 milhões de pessoas, o maior valor já registrado na série histórica do IBGE. Em comparação ao trimestre anterior, houve uma alta de 0,5%, e frente ao mesmo período de 2024, o avanço foi de 3,7%.

Já o contingente de trabalhadores sem carteira assinada somou 13,7 milhões, com leve aumento de 1,2% no trimestre e 0,2% em um ano. Esses dados refletem uma retomada robusta do emprego com garantias legais, o que tende a melhorar a qualidade das ocupações no país.

Além disso, o total de ocupados subiu 1,2% em relação ao trimestre anterior, atingindo 103,869 milhões de pessoas. Com isso, o número de desempregados recuou para 6,828 milhões, queda de 8,6% na comparação trimestral e de 12,3% na base anual.

Mercado de trabalho aquecido impulsiona renda e consumo

Outro destaque positivo foi o aumento da renda média real habitual, que chegou a R$ 3.457 no trimestre encerrado em maio. O valor representa um crescimento de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Já a massa de rendimento real totalizou R$ 354,6 bilhões, alta de 1,8% sobre igual período do ano anterior, também estabelecendo um novo recorde.

Esse ganho de renda eleva o poder de compra das famílias e sustenta o consumo, que foi um dos motores do PIB no primeiro trimestre de 2025, com alta de 1,0%. Esse movimento demonstra como o mercado de trabalho tem sido um elemento essencial para manter o dinamismo da economia brasileira, mesmo diante de incertezas externas e políticas monetárias mais restritivas.

Desemprego em queda pressiona inflação e desafia política monetária

Com o desemprego no Brasil em patamar historicamente baixo e a renda em ascensão, há impactos diretos sobre os preços, especialmente nos serviços. Esse cenário gera preocupação com a inflação, levando o Banco Central a agir: na semana passada, a taxa Selic foi elevada para 15%, com indicação de manutenção em nível elevado por um período prolongado.

Segundo o economista Igor Cadilhac, do PicPay, “a força do mercado de trabalho é resultado de fatores cíclicos, e ainda esperamos uma desaceleração gradual nos próximos trimestres, mas os níveis devem continuar baixos”. A pressão inflacionária, por sua vez, poderá limitar o ritmo de expansão da atividade nos próximos meses.

Subutilização e contratação de mão de obra qualificada

O levantamento do IBGE também apontou uma redução na taxa composta de subutilização da força de trabalho, que caiu de 15,7% para 14,9%. Esse indicador considera pessoas desempregadas, subocupadas por insuficiência de horas e aquelas em situação de desalento. A queda nesse índice reforça a melhoria nas condições do mercado de trabalho como um todo.

Além disso, o analista William Kratochwill destacou que “o aquecimento do mercado tem reduzido a disponibilidade de mão de obra qualificada, o que, por sua vez, estimula a criação de vagas formais com maior valor agregado”.

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.