Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, enfrenta atualmente múltiplos inquéritos da Polícia Federal, entre eles o inquérito sobre joias, que investiga a venda irregular de presentes oficiais recebidos durante sua gestão. Além desse caso, a Polícia Federal investiga Bolsonaro por ações envolvendo a chamada “Abin paralela” e por uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Esta reportagem detalha a situação atual dos principais inquéritos contra o ex-presidente, trazendo as informações mais relevantes e recentes.

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Inquérito sobre joias: desvio de patrimônio público em foco

A Polícia Federal abriu o inquérito sobre joias após investigar e identificar que Jair Bolsonaro e aliados venderam no exterior joias recebidas em viagens oficiais, configurando desvio de patrimônio público. A Presidência considera essas joias como bens oficiais, que deveriam integrar o acervo e não poderiam ser comercializadas para uso pessoal.

A Polícia Federal indiciou formalmente Bolsonaro em julho de 2023 por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além disso, a Polícia Federal indiciou também 11 auxiliares próximos ao ex-presidente. Um dos pontos centrais do inquérito, por sua vez, envolve a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que admitiu ter vendido as joias e afirmou que pagou Bolsonaro em dinheiro vivo.

Apesar das acusações, Bolsonaro nega qualquer envolvimento direto na venda e afirmou não ter recebido valores relacionados às joias. A Polícia Federal convocou Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para depor em agosto de 2023, mas eles optaram por permanecer em silêncio. A defesa do ex-presidente tentou anular o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a ministra Cármen Lúcia rejeitou o pedido.

O inquérito está atualmente sob análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve decidir se apresenta denúncia formal contra Bolsonaro e seus auxiliares ao STF.

Caso “Abin paralela”: espionagem ilegal e política

Outro inquérito que tem chamado atenção é o da “Abin paralela”, que apura o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência para espionagem contra adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. No primeiro ano do governo Lula, a Polícia Federal iniciou a investigação ao identificar indícios de que a Abin aparelhou-se e usou a agência para monitorar ministros do STF, políticos, jornalistas e outras figuras públicas.

Segundo a PF, o grupo usava um software chamado “First Mile” para coletar informações clandestinamente. Entre os alvos estavam ministros como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux, além do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. O inquérito já resultou no indiciamento de mais de 30 pessoas, incluindo Bolsonaro, seus filhos e Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin.

Bolsonaro e Ramagem negam as acusações e classificam a investigação como um “alvoroço”. A Polícia Federal indiciou o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, por supostamente autorizar uma ação hacker contra autoridades do Paraguai.

Tentativa de golpe: Bolsonaro réu no Supremo Tribunal Federal

Um dos inquéritos mais graves contra Jair Bolsonaro é o que o acusa de tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após as eleições presidenciais de 2022. Após a Polícia Federal indiciar Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente, que se tornou réu no STF.

Durante o interrogatório, Bolsonaro negou envolvimento na trama. Ele chegou a pedir desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por acusações anteriores infundadas de corrupção contra ele. O processo está na fase de alegações finais, quando PGR e defesa apresentam seus argumentos, antes da marcação do julgamento.

Inquérito sobre fraude em cartões de vacinação é arquivado

Além dos casos acima, Bolsonaro foi indiciado em março de 2024 por uso indevido de documentos falsos em suposta fraude envolvendo cartões de vacinação. A Polícia Federal apontou o crime. Porém, a Procuradoria-Geral da República solicitou o arquivamento do inquérito em março de 2025, alegando falta de provas suficientes para responsabilizar o ex-presidente. A decisão do ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido, embora tenha determinado que a investigação continue para outras pessoas sem foro privilegiado.