A Hurb, antiga Hotel Urbano, está no centro de uma polêmica envolvendo o aumento de ações trabalhistas após a demissão em massa de centenas de colaboradores. Ex-funcionários da agência de viagens alegam não ter recebido direitos trabalhistas como décimo terceiro, férias e FGTS, e o caso tem gerado uma onda de processos judiciais. Além disso, a empresa enfrenta sérios problemas com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que cancelou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da companhia.

Aumento de processos trabalhistas após demissões coletivas

Em fevereiro deste ano, a Hurb realizou uma demissão em massa que afetou centenas de funcionários em todos os setores da empresa. Desde então, a agência tem sido alvo de diversas ações trabalhistas. Somente em 2024, ao menos 50 processos foram movidos contra a empresa no Rio de Janeiro e em São Paulo, um número que chama atenção quando comparado aos 222 processos registrados nos dois anos anteriores.

Os ex-colaboradores da empresa relatam que não receberam verbas rescisórias, como o pagamento do décimo terceiro salário, aviso prévio, férias, FGTS e multas, o que gerou uma série de disputas judiciais. Esses processos representam a insatisfação de muitos que se sentiram prejudicados pela falta de cumprimento das obrigações trabalhistas, gerando uma situação que agora está sendo acompanhada de perto por advogados e órgãos reguladores.

Prejuízos financeiros significativos para ex-funcionários

Os ex-funcionários da Hurb compartilham histórias de prejuízos financeiros significativos devido à falta de pagamento de suas rescisões. Uma funcionária do setor de reembolsos, que trabalhou na empresa desde 2021, calcula que deixou de receber cerca de R$ 42 mil em verbas trabalhistas. Esse valor inclui décimo terceiro salário, férias, FGTS e outras verbas devidas.

Além disso, a ex-funcionária relatou que a empresa ofereceu a ela e a outros colaboradores os equipamentos que usavam no trabalho, como notebooks, como uma forma de compensação parcial. No entanto, os ex-colaboradores apontam que essa proposta foi uma solução insuficiente, considerando o montante que realmente tinham a receber.

Outro ex-funcionário revelou que, após ser demitido, ficou com aproximadamente R$ 15 mil em direitos não pagos, além de R$ 3 mil relativos a uma viagem que ele adquiriu através da própria empresa, mas nunca conseguiu realizar. Esse tipo de situação tem sido cada vez mais comum entre os ex-colaboradores, que buscam justiça através do sistema judiciário.

Demissão coletiva e fechamento da sede

Além das ações trabalhistas, a Hurb também está enfrentando questões relacionadas ao seu fechamento parcial. Após a demissão em massa, a empresa encerrou as atividades de sua sede localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A medida gerou incertezas tanto para os funcionários remanescentes quanto para os ex-colaboradores, que agora enfrentam um futuro incerto no mercado de trabalho.

Esse cenário está atrelado ao impacto que a demissão coletiva teve nas operações da empresa, que já estava enfrentando dificuldades financeiras e operacionais. A decisão de fechar a sede e realizar cortes drásticos reflete as dificuldades que a companhia tem enfrentado para manter suas operações.

Cancelamento do termo de ajustamento de conduta (TAC) pela Senacon

A crise da Hurb não se resume apenas às questões trabalhistas. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) decidiu cancelar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que havia sido firmado com a empresa. O TAC tinha como objetivo regularizar a atuação da Hurb após uma série de reclamações de consumidores, mas a empresa não conseguiu cumprir as exigências do acordo.

A Senacon apontou que a Hurb não apresentou a documentação necessária para comprovar a viabilidade de cumprir o TAC, além de ter trocado constantemente seus representantes legais. Essas falhas foram suficientes para que o órgão cancelasse o acordo, que agora coloca a Hurb em uma posição ainda mais delicada.

Em decorrência do cancelamento do TAC, a Hurb foi proibida de comercializar pacotes com datas flexíveis, uma das suas principais ofertas, até que comprove que tem capacidade para cumprir os contratos existentes com os consumidores. Além disso, a Senacon informou que quase 90 mil consumidores já registraram reclamações contra a empresa, o que reforça o cenário de insatisfação e desconfiança em relação à Hurb.