A indústria brasileira registrou um novo recuo na produção industrial em fevereiro, frustrando as projeções do mercado e consolidando um cenário de estagnação no setor. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial caiu 0,1% na comparação com janeiro, marcando o quinto mês consecutivo sem crescimento. Apesar disso, na base anual, houve um avanço de 1,5%.

A queda acontece em meio a um ambiente econômico desafiador, caracterizado por juros elevados, inflação pressionada e desvalorização cambial, fatores que afetam diretamente a confiança dos empresários e o poder de compra das famílias.

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Desempenho abaixo do esperado e impacto no setor

O desempenho industrial ficou bem aquém das expectativas do mercado. Levantamento da Reuters apontava uma projeção de crescimento de 0,4% na base mensal e de 2,1% na comparação anual, números que não se concretizaram.

Segundo André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE, a indústria tem enfrentado dificuldades para retomar o crescimento diante de um cenário de menor dinamismo. “O setor acumula uma perda de 1,3% nos últimos cinco meses, o que anula o crescimento observado em agosto e setembro de 2024”, destacou.

Os números mostram que a indústria brasileira ainda opera 15,7% abaixo do seu pico histórico, registrado em maio de 2011, evidenciando um longo período de dificuldades estruturais.

Cenário econômico restringe recuperação da indústria

A atividade industrial enfrenta obstáculos causados por fatores macroeconômicos adversos. O Banco Central, em sua última reunião, manteve a política monetária restritiva e elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano. Essa taxa elevada encarece o crédito, dificultando investimentos produtivos e reduzindo o consumo das famílias.

Além disso, a inflação elevada, especialmente dos alimentos, tem comprimido a renda disponível dos consumidores. Paralelamente, a depreciação do real frente ao dólar pressiona os custos de produção, tornando insumos e matérias-primas importadas mais caras.

Esses fatores combinados têm levado a uma redução nos níveis de confiança tanto dos empresários quanto dos consumidores, dificultando uma retomada mais consistente do setor.

Setores mais afetados pela produção industrial

A queda na produção industrial em fevereiro teve efeito em diversas atividades. Os segmentos mais impactados foram:

  • Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -12,3%
  • Produtos de madeira: -8,6%
  • Produtos diversos: -5,9%
  • Máquinas e equipamentos: -2,7%
  • Móveis: -2,1%
  • Veículos automotores, reboques e carrocerias: -0,7%

Na análise por categorias econômicas, a produção de Bens de Consumo registrou queda de 1,3%, com destaque negativo para os Bens de Consumo Duráveis, que recuaram 3,2%. Já os Bens de Consumo Semi e Não Duráveis apresentaram retração de 0,8%.

Por outro lado, Bens de Capital e Bens Intermediários foram os únicos segmentos a registrar crescimento, ambos com avanço de 0,8% na produção.

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.