Vendas no varejo recuam em maio pelo segundo mês consecutivo, aponta IBGE
As vendas no varejo no Brasil recuaram 0,2% em maio, segundo o IBGE, marcando o segundo mês consecutivo de queda.
Vendas no varejo recuam em maio pelo segundo mês consecutivo, aponta IBGE
As vendas no varejo no Brasil registraram queda pelo segundo mês seguido em maio de 2025, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo surpreendeu o mercado, frustrando expectativas de crescimento e indicando uma desaceleração no ritmo de consumo, diretamente influenciada por fatores econômicos como juros elevados e restrição ao crédito.
Vendas no varejo: queda em maio surpreende analistas e evidencia desafios do setor
De acordo com o IBGE, as vendas no varejo caíram 0,2% em maio na comparação com abril, contrariando a projeção de alta de 0,2% feita em pesquisas prévias. Essa é a segunda queda mensal consecutiva, após um período inicial do ano em que o setor mostrou recuperação com crescimento nos três primeiros meses, atingindo em março o maior volume de vendas da série histórica iniciada em 2000.
Essa variação negativa, embora pequena, é significativa para o comércio, sobretudo por indicar um movimento contrário ao esperado para o segundo trimestre de 2025. Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, destacou que a taxa de queda “tem um viés negativo para o comércio”, e apontou os principais motivos para essa tendência: a alta da taxa básica de juros e a redução mais intensa do crédito disponível para pessoas físicas.
Contexto econômico: juros altos e crédito restrito pressionam o varejo
A atual conjuntura econômica no Brasil traz desafios importantes para as vendas no varejo. A taxa Selic está fixada em 15% ao ano, valor elevado que encarece o custo do crédito e impacta o consumo das famílias. Apesar de o Banco Central ter sinalizado uma possível pausa no ciclo de alta dos juros, a manutenção da taxa em patamar elevado por um “período bastante prolongado” tende a limitar o dinamismo do setor varejista.
Além disso, a inflação ainda está em níveis considerados altos, o que reduz o poder de compra dos consumidores e influencia negativamente a demanda por bens e serviços. Por outro lado, o mercado de trabalho segue firme, com renda relativamente estável, o que tem funcionado como um ponto de sustentação para o comércio, evitando quedas mais acentuadas.
Segmentos do varejo com desempenho positivo e negativo em maio
No levantamento do IBGE, o desempenho das vendas no varejo apresentou variações importantes entre os diferentes segmentos pesquisados. Entre os setores que registraram queda estão:
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,1%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -2,0%
- Combustíveis e lubrificantes: -1,7%
Já os setores que obtiveram resultados positivos foram:
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: +3,0%
- Móveis e eletrodomésticos: +2,0%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: +1,7%
- Tecidos, vestuário e calçados: +1,1%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: +0,4%
Esses números refletem diferentes comportamentos de consumo e prioridades dos brasileiros, que têm direcionado parte do orçamento para itens essenciais e tecnologia.
Comércio varejista ampliado cresce levemente em maio
Quando se considera o comércio varejista ampliado — que inclui atividades como venda de veículos, motos, partes e peças, material de construção e o atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo — o resultado em maio foi um aumento modesto de 0,3% em relação ao mês anterior.
Dentro dessa categoria, o segmento de veículos e motos teve um crescimento expressivo de 1,5%, enquanto as vendas de material de construção ficaram estáveis, sem variações significativas.