Tesouro Direto: queda nas taxas prefixadas sinaliza expectativa de alta da Selic para 14,25%
As taxas dos títulos prefixados do Tesouro Direto apresentaram queda pela terceira sessão consecutiva, com destaque para os vencimentos mais curtos e longos.

Os investidores que acompanham de perto o mercado de títulos do Tesouro Direto têm observado uma tendência de queda nas taxas dos papéis prefixados, com destaque para os vencimentos mais curtos e longos, em meio a expectativas sobre o possível aumento da taxa Selic. O movimento de redução nas remunerações ocorre em um cenário de incertezas e expectativas em relação à economia brasileira e ao Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Este recuo é importante tanto para quem está buscando investir em renda fixa quanto para quem deseja entender melhor os impactos do cenário econômico atual no mercado financeiro.
Queda nas taxas dos títulos prefixados
No início da tarde desta quarta-feira (19), os títulos do Tesouro Direto operam em um cenário misto, com destaque para a queda das taxas de juros dos papéis prefixados, que já registram três sessões seguidas de desvalorização. As taxas dos títulos prefixados vêm diminuindo ao longo de todo o mês de março, reflexo de uma série de fatores econômicos internos e externos.
Por exemplo, o título do Tesouro Direto com vencimento mais curto para 2028, que em 28 de fevereiro estava com a taxa em 15,01%, agora apresenta uma queda considerável para 14,12%. No vencimento de 2032, a redução também é expressiva, com as taxas caindo de 15,25% para 14,44%. Esses movimentos indicam uma sinalização do mercado de que a taxa Selic pode não permanecer elevada por muito tempo, em um cenário onde a inflação e os juros podem ceder à medida que a economia desacelera.
Expectativa de alta na Selic
A expectativa de alta na taxa básica de juros, a Selic, continua no radar dos investidores. O mercado aguarda uma decisão do Banco Central do Brasil, que deve anunciar, em breve, o aumento da Selic em 1 ponto percentual, levando a taxa para 14,25% ao ano. Esse aumento já foi sinalizado em comunicados anteriores do Banco Central e está sendo considerado como um movimento necessário para conter pressões inflacionárias e para controlar a economia brasileira em um momento de instabilidade.
O aumento na Selic, por sua vez, tem impactado diretamente o mercado de renda fixa, fazendo com que investidores migrem para papéis do Tesouro Direto, na busca por uma rentabilidade maior. Contudo, o movimento de queda nas taxas prefixadas indica que o mercado já prevê que a Selic pode começar a cair após esse aumento.
Reação do mercado com o Federal Reserve
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, também tem desempenhado um papel crucial no movimento das taxas de juros no Brasil. A decisão do Fed de manter as taxas de juros inalteradas na última reunião do FOMC (Federal Open Market Committee) fortaleceu as expectativas de um ambiente global de juros mais baixos no futuro. Além disso, o Fed projetou dois cortes nas taxas de juros em 2025, o que gerou um alívio no mercado global e refletiu diretamente no movimento de queda nas taxas dos títulos prefixados no Brasil.
A manutenção da taxa de juros nos EUA, aliada aos cortes projetados para 2025, trouxe otimismo para os investidores e ajudou a dar sustentação à queda nas taxas de juros de longo prazo do Tesouro Direto. Esse cenário pode incentivar os investidores brasileiros a diversificar seus investimentos e considerar alternativas em renda fixa, como os papéis do Tesouro Direto, que podem ser atraentes em um ambiente de juros mais baixos.
Perspectivas econômicas e análises de especialistas
A análise do cenário econômico pelo FOMC e as projeções de cortes nas taxas de juros refletem a incerteza sobre o crescimento global, mas também indicam uma perspectiva de desaceleração da inflação e de crescimento, o que pode influenciar diretamente a política monetária dos países. O mercado brasileiro tem reagido a essas perspectivas de forma cautelosa, com os títulos prefixados mostrando um movimento de queda, mas ainda com alguns sinais de volatilidade, especialmente por conta do quadro inflacionário no Brasil e das expectativas de aumento da Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil está atento a esses fatores externos e internos ao definir suas ações sobre a taxa Selic. A expectativa é que o BC adote uma postura mais rígida em curto prazo, com a alta para 14,25%, mas que a tendência seja de flexibilização nos próximos meses, conforme o ambiente global de juros mais baixos se consolide.
Taxas de títulos de inflação
Enquanto os títulos prefixados apresentam uma queda nas taxas, os papéis atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, apresentam um comportamento mais estável, com taxas mistas. O Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, manteve sua taxa estável, enquanto o Tesouro IPCA+ 2040 registrou uma leve alta na taxa de juro real, indo de 7,29% para 7,42%. Apesar do aumento, a taxa permanece abaixo dos 7,51% registrados no final de fevereiro.