O Méliuz (CASH3), conhecido por suas soluções de cashback e serviços financeiros, anunciou recentemente uma grande mudança em sua estratégia de tesouraria. A empresa adquiriu 45,72 Bitcoins, totalizando aproximadamente US$ 4,1 milhões, com o objetivo de integrar a criptomoeda como um ativo estratégico de longo prazo. Este movimento coloca o Méliuz ao lado de gigantes como a MicroStrategy e Mercado Livre, que também utilizam o Bitcoin como reserva de valor. A aquisição foi realizada com o apoio da Liqi, uma plataforma especializada em infraestrutura de criptomoedas para o mercado financeiro.

A estratégia do Méliuz

O Méliuz revelou, em fato relevante, que considera o Bitcoin um ativo estratégico superior ao dinheiro fiduciário, dada a sua capacidade de valorização ao longo do tempo. A empresa destacou que desde sua criação, em 1994, o real perdeu 87% de seu poder de compra, enquanto o Bitcoin teve uma valorização média anual de 77% em dólares nos últimos dez anos. Esse contraste fez com que a empresa visse no Bitcoin uma alternativa mais segura em um contexto de volatilidade econômica.

Com o mercado brasileiro enfrentando altas taxas de juros, que diminuem a atratividade de investimentos tradicionais, a adoção do Bitcoin surge como uma tentativa de proteger o valor da tesouraria e proporcionar ganhos mais consistentes aos acionistas. Essa decisão se alinha a uma tendência observada globalmente, com outras empresas também utilizando o Bitcoin como pilar de suas tesourarias.

Riscos e desafios da adoção de Bitcoin

Como qualquer investimento em criptomoedas, a adoção do Bitcoin apresenta riscos consideráveis. O principal deles é a volatilidade do preço da criptomoeda, que pode sofrer variações significativas em curtos períodos. Além disso, o mercado de criptomoedas enfrenta desafios regulatórios, com alguns países adotando posturas mais rigorosas em relação às transações e à fiscalização.

Reconhecendo esses riscos, o Méliuz anunciou a criação de um Comitê Estratégico de Bitcoin, cujo papel será monitorar de perto os riscos e garantir a segurança das transações. O comitê também será responsável por revisar constantemente a estratégia de adoção de Bitcoin e sugerir ajustes, conforme necessário.

Ampliação da adoção de Bitcoin

O Conselho de Administração do Méliuz também solicitou um estudo detalhado sobre a viabilidade de expandir ainda mais a adoção do Bitcoin em sua tesouraria. O estudo incluirá a análise de alternativas para gerar mais Bitcoin a partir do fluxo de caixa operacional ou outras iniciativas, além de avaliar o impacto dessa estratégia na governança corporativa e na política de gestão de riscos da empresa.

O estudo é um passo crucial para definir se o Bitcoin pode se tornar o principal ativo estratégico da tesouraria do Méliuz. Caso a análise aponte para a viabilidade dessa estratégia, a empresa poderá aumentar sua exposição à criptomoeda nos próximos meses. O Conselho de Administração espera divulgar os resultados do estudo em até dois meses.

O impacto do Bitcoin nas empresas ao redor do mundo

A estratégia do Méliuz segue uma tendência crescente observada entre empresas ao redor do mundo, que começaram a adotar o Bitcoin como parte de sua estratégia financeira. Um dos exemplos mais notáveis é a MicroStrategy, uma empresa de inteligência empresarial que detém cerca de 499.096 Bitcoins, o que equivale a US$ 45,4 bilhões. Além disso, empresas como a Tesla, Riot, Mara e Coinbase também incorporaram o Bitcoin como ativo estratégico em suas tesourarias.

No Brasil, o Mercado Livre foi uma das pioneiras na adoção de Bitcoin como estratégia de tesouraria, detendo atualmente US$ 37,59 milhões em criptomoeda em caixa. A adoção do Bitcoin por empresas latino-americanas tem se expandido, e o Méliuz segue esse movimento, buscando explorar as vantagens da criptomoeda em um cenário de baixa atratividade dos investimentos tradicionais.