O Brasil registrou a criação de 106.625 vagas formais de trabalho em novembro de 2024, um número abaixo da expectativa do mercado. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o número de novas oportunidades ficou aquém da previsão de criação líquida de 129.500 postos de trabalho, de acordo com pesquisa da Raeuters. Este resultado representa o menor saldo de vagas para o mês de novembro desde 2019, quando o país abriu 99.232 vagas.

O que deu errado em novembro?

O resultado de novembro de 2024 foi influenciado por uma diferença entre o número de admissões e desligamentos no mercado de trabalho. Foram registrados 1.978.371 admissões e 1.871.746 desligamentos, gerando um saldo líquido positivo, mas inferior ao esperado. Embora o Brasil tenha mostrado um saldo positivo, com mais pessoas sendo contratadas do que desligadas, o número não foi suficiente para atingir a previsão dos economistas.

Este cenário de incerteza na geração de empregos está vinculado, em parte, ao desempenho variado entre os setores da economia. Embora o número de vagas tenha sido positivo, os dados revelam que o mercado de trabalho está passando por desafios, especialmente em setores chave como a construção civil, agropecuária e indústria.

Setores em alta e em baixa

Os setores econômicos desempenharam papel crucial na criação de novas vagas. O comércio foi o grande responsável pelo resultado positivo, com 94.572 postos de trabalho criados. Este crescimento pode ser atribuído ao aumento nas vendas no varejo, especialmente durante o período de vendas de final de ano, como a Black Friday, que impulsionou a demanda por mão de obra.

Por outro lado, o setor de serviços, que também teve um desempenho positivo, gerou 67.717 novas vagas, refletindo o aumento da atividade nos setores de saúde, educação, e serviços financeiros, entre outros. O aumento na procura por serviços de saúde e tecnologia também foi um fator relevante para esse crescimento.

No entanto, nem todos os setores conseguiram gerar vagas. A construção civil registrou um saldo negativo de -30.091 vagas, refletindo uma desaceleração nas obras e lançamentos de novos empreendimentos. A agropecuária, com 18.887 vagas a menos, e a indústria, com uma redução de 6.678 postos de trabalho, também enfrentaram dificuldades, impactados por fatores como a escassez de crédito e as altas taxas de juros, que prejudicam a expansão de novos negócios e investimentos.

A situação regional

A criação de vagas no Brasil não foi homogênea. No total, 21 dos 27 estados brasileiros registraram saldo positivo de vagas, mas foi em São Paulo que o maior número de novos postos foi gerado: 38.562 vagas, seguido pelo Rio de Janeiro com 13.810 novas vagas e Rio Grande do Sul com 11.865 postos de trabalho abertos.

Estes números refletem o forte desempenho econômico dos estados mais industrializados e com maior concentração de empresas do setor de serviços. A Região Sudeste foi a que mais contribuiu para a criação de empregos, impulsionada principalmente pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

O acumulado de 2024

Embora o resultado de novembro tenha sido abaixo do esperado, o acumulado de 2024 mostra um cenário mais positivo. No total, o país criou 2.224.102 vagas formais de trabalho até novembro, o que representa o maior nível de criação de postos de trabalho desde o mesmo período de 2022. Embora este número ainda não tenha atingido o recorde de 2022, com 2.469.650 vagas, ele é significativo dado o contexto econômico desafiador do ano.

A alta no número de vagas criadas ao longo de 2024 sugere que, apesar dos desafios enfrentados em alguns setores, o Brasil ainda está conseguindo gerar empregos, principalmente nas atividades de comércio e serviços. Entretanto, a desaceleração em setores como construção e agropecuária indica que o Brasil precisa de políticas públicas mais eficazes para estimular o crescimento nestas áreas.