Expectativas econômicas e políticas no Brasil: Boletim Focus, Selic e Reforma Tributária em foco
A matéria destaca os principais acontecimentos econômicos e políticos da semana, com foco nas projeções do Boletim Focus, a expectativa sobre a taxa Selic e os avanços da reforma tributária.

A economia brasileira e o cenário político devem dominar a pauta desta segunda-feira (16). Com a divulgação do Boletim Focus e a pressão sobre o Congresso para avançar na reforma tributária, os investidores e analistas aguardam novidades que podem influenciar o comportamento do mercado. Neste contexto, a taxa Selic e as expectativas em torno da política fiscal do governo estão no centro das discussões, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma suas atividades e tenta acelerar a aprovação de medidas essenciais.
Projeções de Inflação e PIB Brasileiro Sobem no Relatório Focus do Banco Central
As projeções de inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2024 e além apresentaram uma leve alta, conforme dados divulgados nesta segunda-feira, 16, pelo Banco Central. O Relatório Focus, uma pesquisa semanal com economistas, revelou que as expectativas para a economia do Brasil se ajustaram, refletindo uma série de dados econômicos recentes e a revisão das políticas monetárias.
Inflação
A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu de 4,84% para 4,89%, superando o teto da meta do governo de 4,50%. Há um mês, a expectativa era de 4,64%. Essa revisão reflete uma pressão inflacionária mais persistente do que a inicialmente projetada. Além disso, para 2025, a mediana da inflação também foi ajustada para cima, passando de 4,59% para 4,60%, ficando acima da meta estipulada de 4,50%. Esse é o nono aumento consecutivo para o IPCA de 2025, que há um mês estava em 4,12%.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, acompanha de perto esses índices, com uma meta de 3% de inflação para o futuro, mas com uma tolerância de variação de 1,5 pontos porcentuais para mais ou para menos. Em caso de descumprimento por seis meses consecutivos, o Banco Central será considerado em descumprimento da meta.
Para 2026, a mediana para a inflação foi mantida em 4%, após seis semanas consecutivas de alta, enquanto a projeção para 2027 subiu de 3,58% para 3,66%, refletindo um cenário inflacionário mais desafiador no médio prazo.
PIB brasileiro
A previsão para o crescimento do PIB brasileiro em 2024 subiu pela quarta vez consecutiva, passando de 3,39% para 3,42%. Essa alta nas projeções segue uma tendência otimista de crescimento econômico. Em um período de um mês, a estimativa para o PIB foi ajustada de 3,10%, mostrando que os economistas continuam acreditando em um cenário de recuperação, mesmo que de forma gradual. Considerando apenas as projeções atualizadas recentemente, a expectativa para o PIB de 2024 subiu ainda mais, passando de 3,44% para 3,49%.
O índice de atividade econômica (IBC-Br) do Banco Central, indicador que antecede o PIB, mostrou crescimento de 0,14% em outubro, superando as expectativas do mercado. Esse desempenho reflete uma aceleração econômica no quarto trimestre, após o crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre, superando as previsões.
Para 2025, a previsão de crescimento do PIB foi ajustada de 2,0% para 2,01%, e para 2026 e 2027, as estimativas mantiveram-se em 2%, com pouca alteração no horizonte de longo prazo.
Taxa de Juros e Dólar
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no final de 2025 foi revisada para 14,0%, em decorrência de uma elevação de 1 ponto porcentual nos juros pelo Copom na reunião de dezembro. A expectativa é que o Banco Central siga elevando os juros até alcançar 14,25% em março de 2025, o maior nível desde 2016. O objetivo dessa política é conter a inflação e garantir maior estabilidade econômica.
Além disso, a projeção para o dólar foi ajustada para cima. O valor médio da moeda americana para o final de 2024 passou de R$ 5,95 para R$ 5,99, um aumento em relação às estimativas anteriores. O aumento contínuo nas previsões para o câmbio reflete a volatilidade e os desafios econômicos globais, que impactam diretamente a moeda brasileira.
A Reforma Tributária e o cenário político
A reforma tributária é outro ponto de destaque para esta segunda-feira. Com a proximidade do recesso parlamentar, o governo está pressionado a aprovar o pacote fiscal, que inclui a reforma tributária e o Orçamento de 2025, ainda este ano. A reforma visa simplificar o sistema tributário do Brasil, criando um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 28,55%, que será o maior do mundo. A proposta, já aprovada pelo Senado, agora está sendo revisada na Câmara dos Deputados, onde os parlamentares ajustam os detalhes antes de uma votação final.
A mudança nas alíquotas de impostos pode impactar diretamente as empresas e os consumidores, com repercussões no crescimento da economia e na arrecadação fiscal. Embora a proposta tenha gerado controvérsias, a implementação de uma alíquota única deve simplificar a arrecadação, mas também poderá aumentar o custo de vida para as famílias brasileiras, especialmente para as de menor renda.
Política: Lula retoma o comando e avanços no Congresso
Na política, o retorno de Lula ao cenário político após sua alta hospitalar no domingo (15) marca um momento de transição importante para o governo. O presidente retoma suas atividades e deve intensificar as articulações para garantir a aprovação de suas agendas legislativas. Isso inclui não apenas a reforma tributária, mas também o pacote fiscal e outras medidas relacionadas ao Orçamento de 2025.
Com o recesso parlamentar se aproximando, o tempo é curto para que o governo consiga aprovar essas pautas. O Congresso ainda precisa discutir vários temas, incluindo o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), e a regulamentação do turismo. A agenda está cheia, e as negociações nos próximos dias serão decisivas.
Expectativas para o mercado nos Estados Unidos
Enquanto a política brasileira é monitorada de perto, os investidores brasileiros também estarão atentos aos dados econômicos dos Estados Unidos. Na segunda-feira, às 11h45, serão divulgados os índices PMI Composto S&P Global e o PMI do Setor de Serviços. Esses indicadores são fundamentais para avaliar a saúde da economia americana, e suas repercussões podem impactar os mercados globais, incluindo o Brasil.
Além disso, há uma expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, inicie uma redução de juros nas próximas reuniões, o que pode afetar as decisões do governo brasileiro sobre política monetária e influenciar o comportamento do mercado financeiro.
A agenda internacional e o impacto na economia brasileira
Enquanto o governo brasileiro busca implementar suas reformas, o cenário internacional também influencia diretamente os rumos da economia nacional. A expectativa de redução dos juros nos EUA gera um ambiente mais favorável para o mercado financeiro global, com reflexos nas taxas de câmbio e na estabilidade do mercado de ações.