Na manhã desta quarta-feira (6), as taxas oferecidas pelos títulos do Tesouro Direto voltaram a registrar alta, refletindo o cenário de incerteza que tem dominado as negociações financeiras nas últimas semanas. Com os prefixados voltando a pagar mais de 13% ao ano e as taxas dos títulos de inflação subindo para uma rentabilidade real próxima de 7%, investidores buscam entender como fatores externos e internos podem impactar as decisões de investimento e a rentabilidade no curto e longo prazo.

Cenário econômico e expectativas para a política monetária brasileira e internacional

As altas nas taxas dos títulos públicos refletem uma combinação de fatores que afetam a economia brasileira e o mercado financeiro global. O cenário de incertezas fiscais, o pacote de cortes de gastos prometido pelo governo brasileiro e a política monetária americana, que deve ser afetada pela vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, estão entre os principais determinantes dessa alta.

Segundo Anderson Amorim, CFP®, gestor da filial de Santo André da InvestSmart “O cenário do mercado financeiro ainda exige muita cautela pelas incertezas fiscais, e como Donald Trump irá conduzir todas as promessas de campanha com medidas protecionistas intensificando tarifas de importação e estendendo para cortes de impostos, esses fatores podem influenciar a guerra do Federal Reserve contra a inflação americana e como consequência seguras as taxas de juros mais alta por mais tempo.”

Investidores aguardam com atenção o posicionamento do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne nesta quarta-feira (06) para decidir sobre um possível aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Esse movimento pode impactar diretamente os títulos do Tesouro Direto, principalmente os pós-fixados, como o Tesouro Selic, além dos títulos de inflação.

O Impacto do pacote fiscal brasileiro e as expectativas do mercado

Internamente, o governo brasileiro trabalha em um pacote de corte de gastos, que deve ser anunciado até o final desta semana. As medidas, que visam melhorar a percepção do mercado sobre as contas públicas, são vistas como um esforço para controlar a inflação e evitar a alta nos juros. Contudo, a reação dos investidores será fundamental para determinar se as taxas dos títulos públicos, que subiram com as expectativas fiscais e políticas externas, irão começar a se estabilizar ou continuarão a subir.

O que esperar dos títulos do Tesouro Direto?

De acordo com as taxas atualizadas nesta quarta-feira (6), os títulos prefixados com vencimento em 2027 e 2031 estavam pagando, respectivamente, 13,09% e 13,08% ao ano. Os títulos de inflação, como a NTN-B 2029, oferecem uma rentabilidade de 6,89% ao ano, além da variação do IPCA, o que indica um ambiente de expectativa de inflação mais alta no curto prazo.

O assessor de investimentos Anderson Amorim, destaca que o cenário atual exige atenção dos investidores, principalmente por conta da combinação de fatores fiscais e econômicos internos e externos.

“Apesar de ser um cenário ainda muito desafiador as taxas do tesouro estão se mostrando cada vez mais atrativas, como a NTN-B 2035 que hoje esta pagando IPCA+ 6,63% ao ano, caso esses riscos citados comecem a dimuir, existe uma possibilidade de fazer a marcação a mercado sair antes do vencimento com ganhos atrativos, mas sempre bom lembrar que essa estratégia deve ser com uma porcentagem que o investidor fique tranquilo de ver a oscilação nesse titulo.” Comenta Amorim

Diante do aumento das taxas de juros e da expectativa de novas decisões do Banco Central, a questão que fica é como o investidor deve se posicionar nesse cenário. O Tesouro Selic continua sendo considerado o título mais conservador, ideal para aqueles que buscam segurança em um cenário de alta da taxa Selic. Por outro lado, os investidores mais dispostos a assumir riscos podem optar pelos títulos prefixados ou de inflação, que têm mostrado maior rentabilidade, mas com maior volatilidade.

“O tesouro Selic continua sendo o titulo mais conservador pois ele é um titulo pós fixado e estamos com uma perspectiva de alta na Selic. Logo, caso hoje o Copom divulgue mais uma aumento na taxa esses títulos se beneficiariam e ainda com liquidez para resgatar a qualquer momento.”