A Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, anunciou na segunda-feira (14) a saída completa de sua participação acionária na BRF. O montante obtido, cerca de R$ 1,9 bilhão, será integralmente reinvestido em títulos do Tesouro Direto, especialmente em papéis de longo prazo como NTN-Bs, indexados à inflação. Essa movimentação, além de mexer com o preço das ações da BRF, traz um sinal importante para o mercado financeiro, indicando maior confiança na dívida pública federal.

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Realocação da Previ: por que o Tesouro Direto?

A decisão da Previ de deixar a BRF e investir no Tesouro Direto está alinhada à sua Política de Investimentos, que prioriza liquidez, prudência e aderência ao passivo do fundo, ou seja, o pagamento dos benefícios aos seus associados. Com o cenário atual de juros elevados, o fundo aproveita para fortalecer sua posição em renda fixa, garantindo uma taxa média de retorno real atrativa, em torno de 7,45% mais IPCA, com os títulos NTN-B.

Segundo a nota oficial da Previ, a venda das ações da BRF e o consequente investimento em títulos públicos contribuem para equilibrar a carteira entre renda variável e renda fixa, com foco na segurança e previsibilidade do retorno. Essa estratégia reforça o compromisso do fundo com a estabilidade financeira e o cumprimento das obrigações previdenciárias.

Impactos no mercado financeiro e nos juros

A saída da Previ da BRF movimenta o mercado não apenas pelo volume envolvido, próximo de R$ 2 bilhões, mas também pelo efeito que provoca nas taxas de juros e preços dos papéis públicos. De acordo com Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, essa realocação traz maior liquidez ao mercado secundário, o que tende a valorizar os títulos públicos e reduzir as taxas de juros.

Esse movimento é particularmente relevante em um momento de incertezas fiscais e expectativa por possíveis mudanças na política monetária. A compra de títulos federais por um grande fundo de pensão como a Previ demonstra confiança na capacidade do governo de honrar suas dívidas, além de sinalizar uma busca por segurança e estabilidade por parte dos investidores institucionais.

Sinal para investidores institucionais e o cenário econômico

Além do impacto direto, a realocação da Previ envia um importante recado ao mercado financeiro e aos investidores institucionais. Gustavo Assis, presidente da Asset Bank, destaca que o comportamento dos grandes fundos serve como termômetro para calibrar alocação e riscos. Quando ocorre migração de ativos de maior volatilidade, como ações, para papéis soberanos, fica claro o aumento da demanda por proteção, mesmo que isso implique menor retorno nominal.

Em um cenário em que a confiança institucional pode oscilar, a busca por ativos de menor risco e maior liquidez se torna prioritária. Essa tendência pode influenciar outras instituições a adotarem estratégias similares, potencialmente reforçando a estabilidade do mercado de renda fixa e trazendo previsibilidade para investidores e gestores de fundos.