Caio Megale, economista chefe da XP, compartilhou suas análises durante o painel de macroeconomia no evento “Onde Investir 2024”, organizado pelo InfoMoney, que reuniu renomados especialistas do mercado financeiro brasileiro e internacional.

Megale enfatizou que alguns fatores são cruciais para afirmar que a inflação está sob controle. O primeiro deles é a certeza de que os custos de produção elevados ficaram para trás, uma condição que enfrenta incertezas devido ao atual cenário geopolítico.

Eleições, tensões geopolíticas, inflação e impactos nos custos de produção

Pontos críticos destacados por Megale incluem eventos eleitorais importantes, especialmente as eleições nos Estados Unidos no final do ano, e a continuidade das tensões, como os acontecimentos no Mar Vermelho, que já impactaram os preços dos fretes marítimos.

“Acredito que os Bancos Centrais, para iniciarem a redução das taxas de juros, ou, no caso do Brasil, ultrapassarem os 9%, 9,5% ou 10%, precisam ter a confiança de que a inflação realmente retornou a níveis normais”, afirmou Megale, prevendo que esse processo deve se estender ao longo do primeiro semestre do ano.

Megale alertou que o Banco Central deve ser cauteloso ao diagnosticar que o risco inflacionário foi superado. Ele destacou o aumento nos custos de produção devido aos problemas nos fretes marítimos e um possível El Niño mais severo, afetando a produção de itens essenciais para o brasileiro, como arroz e feijão, impactando diretamente a cesta do IPCA.

Caio Megale compartilha perspectivas para juros, câmbio e política fiscal

Quanto aos juros, Megale não prevê uma aceleração no ritmo de cortes, mantendo-se em 0,50 p.p. até que a Selic atinja 9%, permanecendo nesse patamar por um período considerável. Ele também alertou sobre a política fiscal expansionista, prevendo um aumento de cerca de 10% sobre a inflação devido a estímulos fiscais desde 2022, incentivando o crescimento econômico.

Projeções da XP: inflação, câmbio e renda variável em 2024

A XP projeta uma inflação de 3,7% em 2023 e 4,0% em 2024, ambas dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação. No cenário cambial, a previsão é de um fluxo positivo para o Brasil, com a manutenção de números sólidos na balança comercial e a atração de investimentos internacionais.

Megale aponta que a renda variável, especialmente ações de empresas maiores, continuará sendo uma opção atraente de investimento em 2024, com a projeção do Ibovespa atingindo os 145 mil pontos. Ele aconselha cautela com as commodities e a eleição americana, prevendo um segundo semestre volátil.

Para a renda fixa, Megale prevê que os títulos pós-fixados perderão atratividade com o tempo, dependendo dos sinais sobre o equilíbrio fiscal. Ele destaca a preferência por títulos atrelados à inflação como proteção ao longo do tempo e sugere análise criteriosa para investir em papéis de dívida privada, considerando setor, detalhes da emissão e emissor.

Com informações de InfoMoney