O superávit da balança comercial brasileira atingiu o valor recorde de US$ 89,5 bilhões até novembro, conforme destacado no relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mesmo aguardando os resultados de dezembro, esse montante já representa o maior registrado na série histórica anual. O mês de novembro contribuiu significativamente, registrando um saldo positivo de US$ 8,8 bilhões nas exportações em relação às importações.

A FGV apontou que esse desempenho excepcional é atribuído ao aumento no volume exportado pela agropecuária, com um incremento de 25% em comparação a 2022, e ao crescimento das exportações da indústria extrativa, que apresentou uma alta de 18,8%, mesmo diante da queda nos preços.

Contrariando expectativas desfavoráveis no comércio com os principais parceiros, o Brasil elevou o superávit com a China e a Argentina, enquanto reduziu o déficit comercial com os Estados Unidos, conforme indicado no relatório.

Entretanto, a FGV ressalta que a indústria de transformação enfrenta desafios, mantendo a tendência de queda na participação de suas exportações no total, diminuindo de 55,6% para 53,1% nos primeiros 11 meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022.

No contexto das atividades de comércio exterior em dezembro, destaca-se a realização da 63ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, marcada pela assinatura do acordo Mercosul-Singapura.

O relatório também destaca que o Brasil ocupa a oitava posição como destino das exportações, com uma participação de 2,3%, e o 41º lugar nas importações. Até novembro de 2023, 65% das exportações brasileiras consistiam em óleos combustíveis, enquanto 15% eram de óleo bruto.

A FGV observa que a diversificação da pauta de exportações parece improvável no curto a médio prazo, mencionando que o acordo assinado pode facilitar para as empresas brasileiras que aproveitam as vantagens tributárias oferecidas pelo país e sinaliza o interesse do Mercosul na Ásia.

No entanto, a FGV ressalta que acordos com grandes economias da região, como China, Coreia do Sul e Japão, têm provocado reações de proteção por parte do setor industrial no Mercosul, especialmente no Brasil e Argentina, ou têm se mostrado desafiadores na conciliação dos interesses defensivos, como no caso da Índia.