No domingo (10), o GPA (PCAR3), controlador da rede Pão de Açúcar, revelou sua intenção de realizar uma oferta pública primária de ações (“follow-on”) no valor aproximado de R$ 1 bilhão. Os fundos resultantes serão direcionados à liquidação de dívidas, contribuindo para a redução da alavancagem financeira da empresa.

Este anúncio representa mais um passo significativo na trajetória do grupo em direção à configuração como uma corporation, caracterizada pela ausência de um controlador definido. Os termos da operação sugerem que o Casino, atual detentor majoritário com 40,9% das ações, possivelmente será diluído. Com um valor de mercado próximo a R$ 1,2 bilhão, a transação indica uma diluição de quase 50% para os acionistas que optarem por não participar.

O GPA esclarece que essa potencial oferta faz parte de seus planos estratégicos para otimizar a estrutura de capital. Recentemente, a empresa negociou ativos considerados não essenciais, incluindo a venda de uma participação de 34% na Cnova por R$ 50 milhões e de 13,3% na rede colombiana Éxito por R$ 800 milhões, além de imóveis no valor de R$ 300 milhões. Essas transações resultaram em uma alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, de 2,5 vezes no terceiro trimestre.

Para viabilizar a oferta, a empresa convocará uma Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas (AGE) em 11 de janeiro do próximo ano. A AGE buscará autorização para a emissão de até 800 milhões de novas ações ordinárias e a antecipação da eleição de um novo conselho de administração, que ocorrerá apenas se a oferta for concretizada. O objetivo é que a escolha do conselho, cujo mandato vigente vai até agosto do próximo ano, aconteça 30 dias após a conclusão da possível oferta.

A chapa proposta, elaborada em conjunto com o Casino, consiste em nove membros, dos quais seis são considerados independentes. Caso a eleição prossiga, o novo conselho de administração será formado por membros atuais, como Eleazar de Carvalho Filho, Luiz Augusto Neves e Renan Bergmann, este último potencialmente assumindo a presidência. Os representantes independentes seriam José Luis Gutierrez, Márcia Nogueira de Mello e Rachel Maia, enquanto os indicados pelo GPA-Casino incluem Christophe José Hidalgo, Phillippe Alacron e o atual CEO do GPA, Marcelo Ribeiro Pimentel.

Destaca-se a saída de Jean-Charles Henri Naouri, antigo líder do Casino e atual presidente do conselho do GPA, o que foi justificado pela adequação à possível diluição do acionista controlador atual.

Para conduzir os estudos do follow-on, o GPA contratou o Itaú BBA, BTG Pactual e BR Partners.