Frio Impulsiona Vendas no Varejo no Inverno e Indústria Têxtil se Prepara para Retomada
O inverno mais rigoroso deste ano impulsiona as vendas no varejo no inverno, com aumento no fluxo de consumidores e maior demanda por roupas e aquecedores.

Com a chegada de um inverno mais rigoroso neste ano, as vendas no varejo no inverno ganham novo impulso, movimentando especialmente o setor de moda e a indústria têxtil. Depois de anos enfrentando estoques encalhados e prejuízos devido a invernos curtos e amenos, o mercado prevê crescimento expressivo nas vendas e na produção. A expectativa é de que essa tendência aqueça o comércio e impulsione a economia regional.
Indústria Têxtil Projeta Crescimento de 4% nas Vendas no Varejo no Inverno
A indústria têxtil brasileira prevê vender cerca de 2,2 bilhões de peças durante a temporada de inverno, o que representa um crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa alta acompanha um aumento projetado de 7% no faturamento do setor, que pode superar R$ 109 bilhões.
Segundo Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o cenário atual é favorável devido à chegada de um frio mais intenso, diferente dos últimos anos em que as temperaturas amenas prejudicaram o comércio de vestuário.
“Estamos acompanhando uma retomada gradual nas vendas no varejo no inverno, impulsionada pelo frio real que incentiva os consumidores a comprarem peças de frio e acessórios adequados para a estação”, explica Pimentel.
Além disso, a indústria vem adaptando suas coleções para refletir as mudanças climáticas, investindo em peças versáteis e tecidos mais leves, que podem ser usadas em meia-estação. Essa flexibilidade tem sido fundamental para atender à demanda atual.
Aumento do Fluxo de Consumidores e Crescimento nas Lojas Físicas e Online
Durante o inverno, o fluxo de consumidores nas lojas costuma aumentar, e neste ano o crescimento estimado é de cerca de 10% na comparação com o verão. Grandes redes varejistas, como a C&A, já percebem um aumento significativo na procura por itens típicos da estação, especialmente jaquetas leves e peças de tricô.
João Souza, diretor comercial e de produtos da C&A, comenta que a empresa tem se antecipado às tendências usando inteligência de dados e análise de comportamento do consumidor para ajustar o mix de produtos e garantir a oferta adequada. Isso evita excesso de estoque e contribui para um atendimento mais eficiente.
Pequenos e médios estabelecimentos também refletem essa movimentação. Em Copacabana, por exemplo, a South & Co registrou um aumento de 60% nas vendas em relação ao verão, com destaque para casacos corta-vento e moletons. No Brechó Peça Rara, o crescimento foi de 30%, impulsionado pela necessidade de múltiplas peças para vestir no frio.
Segmento de Aquecedores e Calçados Também Sentem Impacto Positivo
Além do vestuário, outros segmentos ligados ao inverno também sentem o efeito do frio intenso. A Mondial, fabricante de aquecedores, prevê esgotar todo seu estoque em até 15 dias devido à alta demanda. Como a reposição depende de componentes adquiridos com antecedência, não há previsão para nova produção até a primavera.
No setor calçadista, a previsão é manter a venda de aproximadamente 280 milhões de pares durante o inverno, representando cerca de 30% do volume anual. Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, ressalta que a presença de frio e chuva na estação é essencial para o sucesso das coleções apresentadas na última feira BF Show, em novembro.
Renato Mendonça, gerente da loja Magia dos Pés em Copacabana, destaca que os calçados de inverno têm valor agregado maior, o que eleva o faturamento mesmo que o volume de vendas se mantenha estável.
Desafios e Perspectivas para o Setor no Contexto Econômico Atual
Apesar do cenário positivo para as vendas no varejo no inverno, o setor enfrenta desafios importantes. O consumidor, embora mais confiante com a melhora nos índices de emprego e renda, ainda lida com alto endividamento e a inflação, que comprometem o poder de compra.
Além disso, parte do orçamento é direcionada para jogos e apostas online, segmento em expansão que compete com o consumo tradicional. A indústria, por sua vez, convive com o aumento das importações, impulsionado por disputas comerciais internacionais, principalmente entre Estados Unidos e China, que buscam novos mercados, incluindo o Brasil.