Vendas no varejo devem cair no segundo trimestre de 2025, alerta Ibevar-FIA
As vendas no varejo devem apresentar queda de 3,21% no segundo trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo estudo do Ibevar-FIA.

As vendas no varejo brasileiro devem apresentar queda expressiva no segundo trimestre de 2025, segundo estudo divulgado pelo Ibevar-FIA Business School. A projeção estima uma retração de 3,21% na comparação com o mesmo período do ano anterior, indicando uma desaceleração relevante no ritmo de consumo das famílias. Os dados acendem o sinal de alerta sobre a sustentabilidade do crescimento baseado em estímulos ao consumo.
Leia também: Mercado Livre na bolsa: tudo sobre a empresa e as ações MELI34
Consumo perde força e vendas no varejo recuam em diversos setores
De acordo com o levantamento realizado com base nos segmentos monitorados mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nove dos doze setores analisados devem registrar queda no volume de vendas no segundo trimestre — o que representa 75% do total pesquisado. O movimento reflete uma mudança no comportamento do consumidor e sinaliza o esgotamento do modelo de expansão econômica centrado no consumo elevado.
Segundo o professor e presidente do Ibevar, Claudio Felisoni, o cenário atual revela que “o crescimento baseado no consumo anabolizado está chegando ao fim”. A expressão faz referência ao uso de estímulos artificiais para impulsionar a economia, como crédito facilitado, incentivos fiscais e programas de transferência de renda.
Setores mais afetados pela queda nas vendas no varejo
Entre os setores mais impactados negativamente no segundo trimestre de 2025 estão:
- Livros, jornais, revistas e papelaria: retração estimada de impressionantes 45,17%;
- Equipamentos e materiais para escritório e comunicação: queda de 5,40%;
- Artigos de uso pessoal e doméstico: recuo de 1,95%;
- Móveis e eletrodomésticos: baixa de 0,93%.
Esses números mostram que a perda de fôlego atinge não apenas bens de consumo não essenciais, mas também categorias que envolvem investimentos duráveis por parte dos consumidores, como móveis e eletrodomésticos.
Acumulado do ano também registra retração
A tendência negativa das vendas no varejo não se limita ao segundo trimestre. No acumulado de janeiro a junho de 2025, o estudo projeta um recuo de 1,94% em relação ao mesmo período de 2024. Entre os segmentos com desempenho mais fraco no semestre, destacam-se:
- Automóveis, motos, partes e peças: queda de 5,39%;
- Produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: recuo de 4,59%;
- Tecidos, vestuário e calçados: baixa de 2,71%;
- Materiais de construção: retração de 1,86%.
Esses dados evidenciam uma desaceleração que atinge tanto bens duráveis quanto produtos de consumo recorrente, o que reforça a percepção de enfraquecimento da demanda interna.
O que está por trás da desaceleração do varejo?
O estudo da Ibevar-FIA sugere que o comportamento de retração nas vendas no varejo está diretamente ligado ao esgotamento do fôlego dos consumidores. Entre os fatores que contribuem para o cenário estão o fim de auxílios emergenciais mais robustos, a manutenção de juros elevados e o aumento do endividamento das famílias.
Além disso, a inflação ainda pressiona o poder de compra em alguns setores, especialmente os ligados a bens essenciais e saúde. A combinação de renda estagnada com aumento de custos fixos compromete a capacidade de consumo, impactando diretamente o desempenho do varejo.