A Vale (VALE3) enfrenta um ano desafiador em 2024, com suas ações caindo cerca de 16%, mas a divulgação de dados de produção no segundo trimestre trouxe alívio temporário. A mineradora registrou um aumento de 2% na produção de minério de ferro em comparação ao ano anterior, totalizando 80,6 milhões de toneladas no 2T24. Este desempenho sólido levanta questões sobre se será suficiente para reverter a cautela do mercado em relação à companhia.

Desempenho da ação e produção sólida da Vale

O desempenho da ação da Vale é motivo de preocupação, refletindo uma queda significativa até agora em 2024. Apesar disso, a produção no segundo trimestre demonstra um potencial de recuperação. A companhia conseguiu um aumento de 14% em relação ao trimestre anterior, beneficiada por uma melhor sazonalidade. Este resultado pode ser crucial para atrair investidores de volta ao ativo.

Análise de resultados

Segundo o Bradesco BBI, a Vale apresentou números operacionais sólidos, especialmente destacando o desempenho recorde do projeto S11D e o aumento nos volumes de Vargem Grande. Com isso, a empresa ajusta suas expectativas e agora busca atingir o limite superior de sua orientação de produção, que varia entre 310 a 320 milhões de toneladas. Em contrapartida, a XP apontou que, embora os embarques de minério de ferro tenham crescido 8% ano a ano, os preços realizados apresentaram uma queda de 2% no trimestre, o que pode impactar a receita.

Implicações financeiras

As implicações financeiras desses resultados são significativas. O Bradesco BBI observa que os preços realizados de minério de ferro ficaram 4% abaixo do esperado, alcançando US$ 98,20 por tonelada. Essa realidade representa um risco para a estimativa de EBITDA da instituição, que se posiciona atualmente em US$ 4,1 bilhões para o 2T24. Essa redução nos preços pode ser um sinal de alerta para os investidores.

Produção de metais básicos

Além do minério de ferro, a produção de metais básicos também trouxe resultados mistos. A produção de níquel caiu 24%, totalizando 27,9 mil toneladas, um desempenho bem abaixo das expectativas. Por outro lado, a produção de cobre se manteve estável em 78,6 mil toneladas, com o aumento nas operações de Salobo sendo compensado pela menor produção em Sudbury. A situação do níquel é particularmente preocupante e requer acompanhamento contínuo.

Expectativas e catalisadores

As expectativas para o futuro da Vale variam entre os analistas. O Goldman Sachs destacou que, apesar das vendas sólidas de minério de ferro, o aumento do teor de sílica impactou negativamente os preços realizados. A produção de níquel continua sendo um ponto crítico. Já o JPMorgan reconheceu que os volumes de vendas superaram as projeções, embora os preços realizados tenham ficado aquém do esperado.

Perspectivas dos analistas

As perspectivas de analistas sobre a Vale são divergentes. O Goldman Sachs acredita que a baixa exposição dos investidores pode mudar, especialmente com a possibilidade de um acordo em torno da Samarco, que poderia desbloquear dividendos e recompras de ações. Por outro lado, o Bradesco BBI recomenda a compra das ações, mas expressa preocupação com a visibilidade em relação a potenciais catalisadores de valorização.

Recomendações de investimento

Diante desse cenário, o Goldman Sachs mantém uma recomendação de compra, apontando que a baixa exposição dos investidores representa uma oportunidade de entrada. Em contrapartida, o BTG Pactual adota uma postura neutra, prevendo lucros abaixo da média e uma continuidade do clima cauteloso no mercado.

Manutenção do guidance

Por fim, a Vale reafirmou seu guidance de produção para 2024, confirmando a expectativa de alcançar entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas. Essa estabilidade nas metas de produção pode ser um indicativo positivo, mas os investidores continuam a monitorar de perto os desenvolvimentos futuros e as condições de mercado.