As fintechs brasileiras Stone e PagSeguro, que já foram avaliadas em impressionantes US$ 50 bilhões e atraíram investidores renomados como Warren Buffett e Jack Ma, estão enfrentando uma dura realidade, perdendo participação para empresas tradicionais de pagamento e para o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o Pix. Atualmente, o valor de mercado dessas duas empresas é apenas cerca de um décimo do que já foi.

Analistas de mercado preveem que essa tendência de queda nas fintechs continue, já que o Pix e o projeto de moeda digital Drex indicam um futuro no qual a necessidade de cartões de crédito e débito será drasticamente reduzida.

Cassio Schmitt, presidente da Getnet Brasil, uma empresa de pagamentos pertencente ao Santander desde 2014, comentou: “O mercado mudou muito nos últimos anos, e todas as empresas de adquirência sofreram. A concorrência aumentou e as margens diminuíram, enquanto o Pix está reduzindo o uso de cartões de débito.”

As empresas de adquirência, que intermediam pagamentos feitos com cartões de crédito e débito, agora enfrentam um cenário mais competitivo e desafiador.

Os reguladores buscaram reduzir os custos para os clientes ao abrir o mercado de adquirência no Brasil em 2012, permitindo a entrada de novos participantes além dos dois principais. Stone e PagSeguro ingressaram no setor e abriram capital nos Estados Unidos em 2018, conquistando rapidamente clientes ao oferecer taxas mais baixas nos cartões e aluguéis de máquinas.

No entanto, as fintechs agora enfrentam um ambiente altamente competitivo, onde, segundo um relatório do Goldman Sachs, “permanecem em grande parte desfavorecidas”.

Atualmente, existem cerca de 300 empresas de adquirência e subadquirência no Brasil, sem mencionar concorrentes como o Mercado Pago, a fintech de propriedade do varejista online Mercado Livre, com sede no Uruguai.

O Pix, lançado pelo Banco Central no final de 2020, tem conquistado território no mercado de pagamentos devido à ausência de tarifas para pessoas físicas e à capacidade de processar pagamentos instantâneos 24 horas por dia, incluindo finais de semana. O sistema já movimentou mais de oito bilhões de transações apenas no primeiro trimestre de 2023.

Inicialmente, o Pix ganhou popularidade entre as pessoas físicas, que o utilizaram para transferir dinheiro para outras pessoas. Posteriormente, o sistema passou a diminuir a participação de mercado dos cartões de débito, à medida que empreendedores autônomos começaram a aceitar exclusivamente o Pix como forma de pagamento, evitando assim taxas das empresas de adquirência e aluguel de máquinas de cartão. Atualmente, o Pix é aceito como forma de pagamento em praticamente todos os lugares e para quase todos os produtos.

Novas opções, como o Pix para pagamentos recorrentes, como contas de luz e água, e o Pix em parcelas, que concorrerá diretamente com os cartões de crédito, estão surgindo, o que faz parte do plano do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para aumentar ainda mais a concorrência. A expectativa é que a moeda digital Drex se conecte ao Pix, apontando para um futuro no qual os cartões físicos podem se tornar obsoletos.

Com informações de O Globo