Risco de inadimplência com avanço das apostas esportivas pode se tornar um problema, alerta Campos Neto
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, alertou sobre o risco de aumento da inadimplência devido ao crescimento das apostas esportivas no Brasil. Em coletiva, ele destacou que a instituição está analisando como esse fenômeno pode impactar o crédito e a economia.
O crescimento acelerado das apostas esportivas no Brasil trouxe à tona uma preocupação significativa do Banco Central. Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, enfatizou que esse avanço pode resultar em um aumento da inadimplência no país, gerando potenciais desafios econômicos no futuro. Este fenômeno levanta questões sobre a interação entre o crédito e as apostas, que merecem atenção cuidadosa.
Durante uma coletiva de imprensa em São Paulo, no dia 26 de setembro de 2024, Campos Neto abordou a importância de entender como as apostas esportivas estão moldando o cenário do crédito no Brasil. O Banco Central está atualmente conduzindo estudos para avaliar as consequências desse crescimento nas apostas, com foco especial no impacto que uma eventual inadimplência elevada pode ter na economia nacional.
“Ainda estamos na análise para tentar entender o impacto disso no crédito. Se houver uma grande inadimplência, será necessário considerar o que isso significa para o Banco Central”, destacou Campos Neto. Essa afirmação reflete a cautela da instituição em relação ao fenômeno das apostas, especialmente considerando que a inadimplência pode afetar a confiança dos consumidores e a saúde financeira do sistema bancário.
As apostas esportivas no Brasil estão em franca ascensão, impulsionadas pela crescente popularidade de eventos esportivos e pela facilidade de acesso a plataformas digitais. O aumento no volume de transferências para apostas, em sua maioria realizadas via Pix, levantou preocupações sobre como esse fluxo financeiro pode impactar a saúde do crédito.
Em seu estudo recente, o Banco Central observou que a maioria das transações para apostas é realizada através do sistema de pagamento instantâneo, o Pix, enquanto as transações via cartão de crédito representam apenas de 10% a 15% do total. Essa predominância do Pix sugere que os apostadores estão utilizando métodos de pagamento rápidos e diretos, o que pode facilitar um comportamento de gastos impulsivos.
Com essa nova realidade, o Banco Central busca compreender se as apostas podem influenciar a função de reação da instituição e, consequentemente, afetar a inflação e o crescimento econômico do Brasil. Embora ainda não existam análises definitivas sobre esses efeitos, o cenário exige um monitoramento contínuo.
Outro ponto de preocupação levantado por Campos Neto é a possível conexão entre o crédito e as apostas, especialmente através de wallets digitais. Ele advertiu que a combinação de canais de crédito com plataformas de apostas pode resultar em um aumento da inadimplência. “Acreditamos que ter um canal de crédito e um canal de apostas muito próximos pode levar a uma inadimplência um pouco maior”, afirmou.
Essa inter-relação entre crédito e apostas representa um desafio significativo para o Banco Central, que deve considerar estratégias para mitigar os riscos associados. A possibilidade de que os consumidores se endividem em apostas esportivas e, consequentemente, não consigam honrar suas obrigações financeiras é uma preocupação central.