Endividamento das famílias compromete quase 30% da renda

O Banco Central aponta aumento do endividamento e juros ainda elevados no crédito às famílias.

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Última atualização:  26 de dez, 2025 às 17:33
Foto da fachada do Banco Central do Brasil Imagem: Marcelo Casal/Agência Brasil/Reprodução

As famílias brasileiras estão comprometendo uma parcela cada vez maior da renda com dívidas em um cenário de crédito mais caro. Segundo relatório do Banco Central divulgado nesta semana, o endividamento das famílias atingiu 49,3% da renda anual em outubro, enquanto 29,4% do rendimento mensal já é destinado exclusivamente ao pagamento de prestações.

Além do alto nível de endividamento, os juros continuam em patamar elevado. A taxa média do crédito livre para pessoas físicas alcançou 59,4% ao ano, o que tem contribuído para a perda de ritmo na concessão de financiamentos no país. O indicador de endividamento atual está entre os mais altos desde novembro de 2022, período ainda afetado pelos reflexos econômicos da pandemia.

Expansão do consignado e juros em alta

Um levantamento do Banco Daycoval divulgado pelo portal Infomoney mostra que as concessões de crédito consignado para trabalhadores CLT, MEIs e profissionais de aplicativo — dentro do programa Crédito do Trabalhador — cresceram 257% no ano. O volume mensal passou de cerca de R$ 1,6 bilhão para mais de R$ 6 bilhões.

Por outro lado, os juros dessa modalidade aumentaram 18% em 12 meses, e o Banco Central estima que a taxa média tenha ficado em 57,1% ao ano em novembro — uma das mais altas do mercado.

Mesmo com o limite imposto aos juros do rotativo do cartão, em vigor desde o ano passado, as taxas seguem elevadas, já que a regra não altera contratos já firmados.

Rotativo do cartão segue pressionando orçamentos

O crédito rotativo é acionado quando o cliente paga apenas parte da fatura do cartão, passando a financiar o restante com juros. Após 30 dias, a dívida costuma ser parcelada automaticamente pelo banco. Ainda assim, o custo permanece elevado, embora tenha havido leve redução nas taxas médias em algumas linhas.

Já o crédito pessoal não consignado registrou alta de 7,3 pontos percentuais em 12 meses, reforçando o encarecimento geral do crédito no país.

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Concessões crescem menos e empresas buscam alternativas

O estoque total de crédito no Sistema Financeiro Nacional avançou 9,5% em 12 meses, abaixo do ritmo anterior, de 10,2%. A desaceleração indica maior cautela de consumidores e empresas.

Entre as companhias, o movimento é ainda mais contido. O crédito ampliado para o setor empresarial atingiu R$ 6,8 trilhões, equivalente a 53,8% do PIB, com crescimento modesto no ano — puxado principalmente pela emissão de títulos privados, fora do sistema bancário.

Em novembro, as concessões de crédito somaram R$ 637,5 bilhões, com queda de 6,6% em relação ao mês anterior. Ajustados sazonalmente, os financiamentos recuaram 2,2% para empresas e 0,6% para famílias.

Estoque total de crédito chega a R$ 6,97 trilhões

O volume de empréstimos em aberto no sistema financeiro atingiu R$ 6,971 trilhões, alta de 0,9% em relação a outubro. As carteiras de crédito para pessoas físicas cresceram 1,2%, somando R$ 4,364 trilhões, enquanto o saldo para empresas avançou 0,3%, chegando a R$ 2,606 trilhões.

Já o crédito ampliado ao setor não financeiro, que inclui operações bancárias, mercado de capitais e dívida externa, alcançou R$ 20,3 trilhões, com aumento de 1,4% no mês — influenciado principalmente pela alta nos títulos públicos.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com quase 5 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.