Renner enfrenta desafios de rentabilidade e impactos no 4T24

O balanço do 4T24 da Renner mostrou um desempenho abaixo das expectativas, com margens impactadas pela decisão de não repassar aumentos de custo decorrentes da alta do câmbio.

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Última atualização:  24 de fev, 2025 às 11:02
Renner enfrenta desafios de rentabilidade e impactos no 4T24 Renner enfrenta desafios de rentabilidade e impactos no 4T24

A Renner (LREN3) apresentou um desempenho abaixo do esperado no quarto trimestre de 2024 (4T24), gerando um impacto negativo na rentabilidade da empresa. A decisão de não repassar os aumentos de custo, decorrentes da valorização do câmbio, resultou em margens menores e deixou os investidores apreensivos quanto às perspectivas de 2025. A XP Investimentos, por sua vez, revisou suas estimativas para a companhia e reduziu o preço-alvo da ação.

Desempenho abaixo das expectativas: o que aconteceu no 4T24

No balanço do 4T24, a Renner teve um resultado abaixo das expectativas, especialmente em termos de rentabilidade. A companhia optou por não repassar ao consumidor os aumentos de custo gerados pela alta do câmbio, o que impactou diretamente a rentabilidade de seus produtos. Esse movimento, segundo Danniela Eiger, head de varejo da XP, foi uma das principais causas da queda nas margens da empresa. A analista comentou que esse fator gerou um desconforto no mercado, resultando em uma queda significativa no preço das ações da Renner desde a divulgação do balanço.

Além disso, a XP revisou suas estimativas para a companhia, com ajustes para margens brutas menores. A mudança reflete não só o impacto do câmbio, mas também o aumento de custos operacionais e o pagamento de bônus acima das expectativas no 4T24, que pressionaram a margem Ebitda da Renner.

O impacto do câmbio e a decisão estratégica de não repassar custos

Um dos pontos mais críticos destacados pela XP e por analistas do mercado foi a decisão da Renner de não repassar o aumento de custos devido à variação do câmbio para seus consumidores. Em um cenário de renda mais comprimida, a empresa preferiu não repassar a alta do câmbio para o preço de produtos mais discricionários, como roupas e acessórios. Embora essa estratégia tenha sido adotada como forma de manter a competitividade, ela resultou em um impacto negativo nas margens de rentabilidade da companhia.

O câmbio, que teve uma valorização significativa no período, impactou o custo das importações e da produção de muitos produtos vendidos pela Renner. A decisão de não repassar esses aumentos ao consumidor, no entanto, deve continuar em 2025, com a empresa mantendo uma postura cautelosa diante de um cenário de consumo enfraquecido e perspectivas econômicas incertas.

Expectativas para 2025: desafios à vista

A visão cautelosa sobre a Renner é amplificada pelo cenário econômico desafiador para 2025. O contexto de juros elevados e inflação em alta traz um quadro mais apertado para o consumo, e empresas como a Renner, que vendem produtos de consumo discricionário, são mais sensíveis a essas flutuações econômicas. Segundo Danniela Eiger, a própria Renner reconheceu que enfrentará desafios importantes nos próximos meses devido ao baixo poder aquisitivo do consumidor brasileiro.

A XP, portanto, ajustou suas expectativas para 2025, projetando uma redução no lucro da companhia e considerando que a Renner estará 15% abaixo das estimativas de consenso de mercado. A companhia também deverá continuar a sentir os efeitos da alta do câmbio, o que pode continuar pressionando suas margens.

Investimentos em eficiência: o centro de distribuição automatizado

Um dos pontos que ainda gera otimismo sobre o futuro da Renner é o forte investimento da companhia na construção de um centro de distribuição automatizado, que deverá gerar ganhos de eficiência e melhorar a rentabilidade da empresa no longo prazo. Embora os efeitos desse centro de distribuição ainda não tenham se refletido nos resultados financeiros do 4T24, os investidores esperam que, com o tempo, a automação traga uma melhoria substancial nas margens e contribua para um aumento da competitividade da empresa.

Esse centro de distribuição, que está sendo desenvolvido com foco em otimizar a logística e a operação da Renner, poderá reduzir custos operacionais e aumentar a velocidade de entrega dos produtos. No entanto, os benefícios completos desse investimento só deverão ser vistos nos próximos trimestres.

Revisão de preço-alvo e recomendação neutra

Em função dos resultados do 4T24 e das perspectivas para 2025, a XP revisou o preço-alvo da ação da Renner de R$ 15 para R$ 14 para o final de 2025. A recomendação da XP para os papéis da Renner permanece neutra, dado o quadro econômico e os desafios internos enfrentados pela companhia. A analista ressaltou que a Renner deverá continuar a operar em um cenário de consumo mais fraco, o que implica em um crescimento mais modesto para a empresa nos próximos meses.