Privatização da Copel (CPLE6): oferta de ações precificada a R$ 8,25 por papel
A companhia elétrica paranaense Copel (CPLE6) anunciou a precificação de sua oferta de ações para privatização, fixando o valor em R$ 8,25 por papel. Esse movimento financeiro, que atinge a marca de pelo menos R$ 4,53 bilhões, posiciona-se como uma das operações mais impactantes no mercado de capitais brasileiro deste ano até o momento. A […]
A companhia elétrica paranaense Copel (CPLE6) anunciou a precificação de sua oferta de ações para privatização, fixando o valor em R$ 8,25 por papel. Esse movimento financeiro, que atinge a marca de pelo menos R$ 4,53 bilhões, posiciona-se como uma das operações mais impactantes no mercado de capitais brasileiro deste ano até o momento. A divulgação ocorreu na noite da última terça-feira.
As ações disponibilizadas por R$ 8,25 representam um acréscimo de 5% em relação ao preço de referência estabelecido pela própria empresa durante o lançamento da oferta em 26 de julho, quando cada ação estava cotada a R$ 7,85.
Follow-on Copel
A operação “follow-on” marca um passo em direção à diluição da participação do Estado do Paraná no capital da Copel. O lote inicial consiste em 549.171.000 ações, distribuídas nas tranches primária e secundária. Essa movimentação não deve angariar fundos para o governo paranaense, mas também contribui para o caixa da própria Copel.
Além disso, foi contemplada a oferta de um lote suplementar, conhecido como “greenshoe,” representando até 15% das ações oferecidas. Esse lote tem a possibilidade de ser exercido pelos agentes até o dia 7 de setembro. Caso esse direito seja exercido, a operação poderá chegar ao montante total de R$ 5,2 bilhões.
Negociações na B3 a partir de 10 de Agosto
O início das negociações das ações da Copel na B3 está programado para ocorrer em 10 de agosto. A coordenação da oferta ficou a cargo dos bancos BTG Pactual (coordenador líder), Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB.
A Copel passará por uma transformação para o status de “corporation,” caracterizada pela ausência de um controlador definido. A conclusão desse processo representa uma mudança de direção para a companhia, ocorrendo cerca de 10 meses após a revelação das intenções do governo paranaense de privatizar a empresa.
A operação espelha alguns elementos da privatização da Eletrobras, incluindo a limitação do poder de voto de acionistas ou grupos de acionistas a 10%. Também foram implementadas medidas como uma “poison pill,” destinada a dificultar tentativas de aquisição de controle por parte de acionistas, e a introdução de uma “golden share”, conferindo ao Paraná o poder de veto em certos assuntos.
Assim como ocorreu na privatização da Eletrobras, a transação envolve a renovação de concessões de hidrelétricas. Nesse sentido, a União, como poder concedente, também receberá recursos substanciais como parte do processo de privatização.
A Copel se destaca como uma das principais empresas no setor elétrico nacional. Sua atuação é integral, abrangendo distribuição, geração e transmissão de energia em 10 estados. A empresa fornece energia a mais de 5 milhões de clientes no Paraná, possui uma extensa rede de 10 mil km de linhas de transmissão e opera um parque gerador composto por 7 gigawatts (GW), majoritariamente provenientes de fontes renováveis.
Interesse Internacional
A gestora norte-americana GQG se comprometeu a investir US$ 100 milhões na aquisição das ações da Copel. Outras empresas gestoras, como a americana Zimmer, também manifestaram interesse nas ações, trazendo um enfoque no setor de petróleo, energia e saneamento.
A privatização da Copel representa a primeira operação desse tipo desde a privatização da Eletrobras no ano anterior, que movimentou R$ 34 bilhões. A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) também passou por um processo de privatização, mas após uma mudança de planos, foi arrematada pela Aegea por R$ 4,1 bilhões.
A venda inicial das ações ordinárias (ON) da Copel incluiu a distribuição primária de 229,9 milhões de ações, destinando fundos à renovação da concessão de três hidrelétricas que vencem em dezembro. A parcela restante de 319 milhões de ações foi vendida pelo governo do Paraná, reduzindo sua participação na empresa.
A complexa operação foi coordenada por um consórcio de bancos de destaque, liderado pelo BTG Pactual, e também composto por Itaú BBA, UBS BB, Bradesco BBI e Morgan Stanley.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)