A privatização da Copasa voltou ao centro das discussões no governo de Minas Gerais. Em entrevista concedida ao programa CNN Money, o vice-governador do estado, Mateus Simões (Novo), confirmou que o tema está sendo debatido internamente. A fala reacende as especulações sobre o futuro da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa – CSMG3), uma das principais estatais mineiras.

Embora o vice-governador tenha evitado fornecer detalhes específicos sobre o processo, ele destacou que o governo está desenvolvendo uma nova proposta de concessão de serviços de saneamento, com foco inicial em regiões atingidas por desastres ambientais, como a área afetada pela tragédia da barragem de Mariana.

Governo prepara concessão para acelerar universalização do saneamento

A proposta apresentada por Simões prevê uma mudança no modelo tradicional de concessão. Em vez de o Estado arrecadar recursos por meio de outorgas, o governo mineiro pretende aportar R$ 7,5 bilhões diretamente na operação. O objetivo é acelerar a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente nas áreas mais vulneráveis.

“Essa é uma concessão diferente. Ao invés do Estado cobrar, vamos aportar R$ 7,5 bilhões para a universalização acontecer mais rápido”, explicou Simões durante a entrevista.

Essa nova abordagem, segundo o vice-governador, visa atender de forma mais eficaz regiões com déficit histórico de infraestrutura de saneamento. A medida também busca garantir melhorias mais rápidas no abastecimento de água e no tratamento de esgoto em Minas Gerais, contribuindo para metas de saúde pública e desenvolvimento sustentável.

Obras devem começar em 2027 e durar até 2030

O cronograma previsto pelo governo de Minas indica que as obras de saneamento devem ser iniciadas em 2027, com conclusão estimada até o ano de 2030. Apesar de o plano ainda estar em fase de elaboração, a expectativa é que ele sirva como modelo para futuros contratos de concessão no estado.

A proposta poderá ser aplicada inicialmente em municípios da bacia do Rio Doce, atingidos pela tragédia de Mariana, em 2015. A região ainda sofre com deficiências no acesso a serviços básicos de água e esgoto, o que reforça a urgência de investimentos estruturais. Para o governo, priorizar essas localidades também é uma forma de reparar, ainda que parcialmente, os danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco, controlada por Vale e BHP.

Privatização da Copasa: cenário segue incerto

Apesar de ter confirmado que a privatização da Copasa está sendo discutida, Mateus Simões não revelou quais seriam os modelos considerados — se uma venda direta da empresa, abertura de capital, PPPs ou outras formas de concessão. Também não houve divulgação de prazos para a formalização de um eventual processo.

Essa indefinição ocorre num momento em que outras estatais, como a Cemig e a Codemig, também são alvo de discussões sobre seu futuro. O governo de Minas, sob gestão de Romeu Zema (Novo), já manifestou interesse em reduzir a presença do Estado em setores considerados não essenciais, como energia e saneamento.

A Copasa, por sua vez, opera mais de 600 municípios em Minas Gerais e é responsável por cerca de 11 milhões de pessoas. A companhia tem ações listadas na B3 (CSMG3) e registrou crescimento no lucro líquido nos últimos trimestres, o que pode tornar sua privatização mais atrativa para investidores.

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